Um levantamento divulgado pela Serasa, com dados até julho de 2025, mostra um cenário financeiro desafiador na Capital do Chimarrão e nos municípios da microrregião. Venâncio Aires, conforme o órgão de proteção ao crédito, concentra 17.464 moradores com restrições no nome, representando 24,65% da população. São 66.842 dívidas que somam, no total, o valor de R$ 113.485.424,00. No município, os inadimplentes devem, em média, R$ 6.498,25, enquanto o valor médio por dívida é de R$ 1.697,82.
Em Mato Leitão, os dados apontam 668 inadimplentes, 13% da população, com um total de 2.071 dívidas. O montante atinge R$ 4.290.224,00. O ticket médio por devedor é de R$ 6.422,49, e o valor por dívida é de R$ 2.071,57.
No levantamento, Passo do Sobrado aparece com 1.317 pessoas inadimplentes, ou 21% da população. São 5.241 dívidas, que, somadas, representam R$ 11.058.600,00. No município, chama a atenção os elevados tickets: a média por devedor é de R$ 8.396,81, e por dívida, de R$ 2.110,02.
Já em Vale Verde, apesar do menor número de negativados, 386 pessoas, o que significa 12% da população, possui os maiores valores médios. Com 1.315 dívidas, cada inadimplente deve, em média, R$ 9.234,68, e cada dívida tem um valor aproximado de R$ 2.710,71. O total devido é de R$ 3.564.585,00.
R$ 132,3 milhões
é o valor da soma das dívidas dos quase 20 mil inadimplentes de Venâncio Aires, Mato Leitão, Passo do Sobrado e Vale Verde.
Inadimplência cresce 46% em um ano
A reportagem ainda analisou o comportamento da inadimplência em Venâncio Aires entre os meses de julho de 2024 e 2025. O comparativo demonstra um aumento expressivo dos valores do endividamento.
Em julho do ano passado, o município registrava 17.162 inadimplentes, com um montante de R$ 77.640.174,00 em dívidas. Um ano depois, em julho de 2025, o número de devedores apresentou aumento de somente 1,75%. Na análise da especialista em Educação Financeira da Serasa, Karla Pontes, é possível observar que os devedores estão acumulando mais contas. O número de dívidas passou de 61.092 em julho de 2024 para 66.842 em julho de 2025, ou seja 9,41%. Já o valor total devido disparou em 46,17%, alcançando os R$ 113.485.424,00, neste ano.
O acréscimo foi de mais de R$ 35,8 milhões no período de um ano. Entre as questões que precisam ser analisadas, além da criação de novas dívidas, está o aumento do valor original com a geração de juros sobre o montante devido e a inflação.
Ticket médio
O aumento dos valores médios devidos também teve ascensão no período. Em julho de 2024, cada inadimplente devia, em média, R$ 4.523,96. Já em julho de 2025, esse valor saltou para R$ 6.498,25. No mesmo período, o ticket médio por dívida individual subiu de R$ 1.270,87 para R$ 1.697,82.
Entenda
O ticket médio por dívida representa o valor médio de cada débito individual. Já o ticket médio por inadimplente é a soma média de todas as dívidas de uma única pessoa.
Principais causas para o endividamento
A especialista em Educação Financeira da Serasa, Karla Pontes, destaca os fatores do endividamento. O cenário em Venâncio Aires e microrregião é quase o mesmo em relação ao Rio Grande do Sul, onde são 3,6 milhões de pessoas endividadas, chegando a 41% da população.
Os eventos climáticos extremos impactaram diretamente nos valores da dívida. Além disso, as maiores pendências estão com bancos e cartões de crédito (29,11%), seguidos por financeiras (19,96%) e cooperativas (5,79%). Outros segmentos, como varejo, setor de utilidades e telecom estão na lista.
No país, o cartão de crédito e os bancos lideram, mas em 2º lugar como principal causa do endividamento está a cesta básica. “Muitos acabam devendo contas de água, luz e gás, trazendo um impacto importante”, explica Karla. As financeiras também são grandes vilãs no cenário.
Alternativas
- Para constatar uma dívida financeira junto à Serasa é necessário abrir o aplicativo da empresa e consultar o CPF. Dentro da plataforma, aparecem as pendências e possibilidades de renegociação. Algumas das dívidas podem ser quitadas com 95% de desconto e até 72 parcelas.
- Como orientação, Karla Pontes alerta para a população deve buscar maior organização para conseguir pagar as contas do mês. Ela cita a questão comportamental como fator crucial para o endividamento.
- “O principal ponto é conhecer a si próprio e como o orçamento mensal funciona. Com a tecnologia, é possível acessar aplicativos para fazer o acompanhamento. Escrever aquilo que é gasto em um caderninho ou bloco de notas também é essencial. É importante criar metas e evitar dívidas muito extensas”, recomenda a especialista.