Matheus com dois porcos criados na propriedade (Fotos: Júnior Posselt/Folha do Mate)
Matheus com dois porcos criados na propriedade (Fotos: Júnior Posselt/Folha do Mate)

É entre o verde das lavouras e o barulho dos animais que gosta de estar o menino Matheus Henrique Göettems, 12 anos, que ama a rotina do interior. Ele mora em Linha Isabel, interior de Venâncio Aires, junto com os pais, Romeu Göettems, 52 anos, e Cenice Beatriz Göettems, 42. A propriedade, de cerca de 30 hectares, fica rodeada pelos morros e é acessada por uma estrada bastante íngreme e uma ponte de madeira, construída pela própria família.

Desde pequeno, Matheus prefere acompanhar os pais com afazeres leves da propriedade, do que estar dentro de casa. “Quando era pequeno e precisava ficar em casa, chorava muito, até poder ir junto”, lembra Cenice.

Romeu, Matheus e Cenice, em frente a casa onde moram, em Linha Isabel

A mãe conta, inclusive, que o menino ganhou uma enxada pequena, para suas brincadeiras de agricultor. Ele não gosta de ficar parado. Corta cana-de-açúcar, planta moranguinhos e, mais recentemente, feijão. A mãe salienta que ele também ajuda nos afazeres domésticos, quando necessário.

Mesmo tendo celular, Matheus busca passar a maior parte do tempo com os animais ou nas demais atividades. Gosta de andar de cavalo e até inventou uma forma de brincar com dois cachorros da família, o Piti e o Lulu. Ao pegar a carreta de madeira, os dois cachorros pulam dentro para serem puxados por ele. “E quando demora para acordar, os Lulu e o Piti dão um jeito para acordar ele. Começam a latir ou tentam entrar no quarto”, comenta a mãe.

Piti e Lulu brincam com o menino

Conforme Cenice, nas festas de comunidade, Matheus também não perde a vez. Ele gosta de dançar polonese e valsa, músicas que aprendeu com a família.

O terneiro chamado Paraguai

Em dezembro do ano passado, um dos desejos de Matheus se tornou realidade, quando comprou o primeiro terneiro. O dinheiro veio, em parte, do valor recebido como presente na primeira comunhão, mas não foi suficiente para cobrir os R$ 1,1 mil pedidos pelo vizinho que vendeu o animal. Com a ajuda dos pais, ele negociou a compra por R$ 850. “Depois ainda consegui o buçal de presente”, comemora.

Terneiro Paraguai foi comprado pelo menino, com ajuda dos pais, no ano passado

O animal recebeu o nome de Paraguai. Conforme os pais, no início, o terneiro estranhou o pasto, pois ainda não havia sido desmamado. Com paciência e cuidado, Matheus e Romeu ajudaram o ‘novo morador’ da propriedade e se adaptar.

Agricultura

A principal fonte de renda da família é o tabaco, sendo que neste ano serão 40 mil pés plantados. Além disso, Romeu e Cenice cultivam aipim, batata-doce, criam porcos, galinhas e gado.

Para o pai, ver o filho interessado pela vida no interior e seguindo esses passos é motivo de orgulho: “É isso que eu quero, que ele siga esse caminho”, comenta. A mãe também reconhece a importância dessa participação. “No tabaco a gente sabe que ele não pode atuar. Mas quem não ajuda nos demais serviços básicos quando jovem, depois dos 18 anos, a gente sabe, não ajuda mais. Por isso, precisa ser incentivado desde cedo.”

Rotina marcada pelo campo e a escola

O dia de Matheus começa cedo. Ele gosta de acordar todos os dias pouco antes das 7h. Pela manhã, ajuda a tratar os animais, brinca e cuida dos afazeres do pátio. Conforme a mãe, ele gosta muito de flores e a maioria das mudas no pátio foram plantadas pelo adolescente. Às 12h30min caminha até a estrada principal da Linha Isabel para esperar o transporte escolar, que o leva até a Escola Estadual de Ensino Fundamental (EEEF) Cristiano Bencke, de Centro Linha Brasil.

Aluno do 6º ano, Matheus destaca que gosta de Matemática. Ao voltar para casa, já pelas 18h, vai para o galpão para recolher os ovos das galinhas. “Vou até o ninho e coloco meu boné na cabeça delas para não me bicarem”, brinca.

Apesar das notas boas, a mãe reforça o incentivo: se ele ‘passar de ano’, terá a oportunidade de escolher todo o material escolar do próximo ano. Orgulhosa dos passos seguidos pelo filho, Cenice relata que, ainda antes do filho ingressar na escola de Centro Linha Brasil, Matheus frequentou, até o 5º ano do Ensino Fundamental, a Escola Municipal Deolindo Pereira da Costa, na cessão de uso Santa Isabel.

A mãe recorda que ele participava de algumas atividades, como na horta da escola, para a qual levou de casa algumas mudas de hortaliças. No educandário, ajudou a plantar alface, tomate, alho e couve-flor. “Quando não sabia, chegava em casa e perguntava como plantar”, complementa.

Outro passatempo favorito de Matheus é andar a cavalo
Júnior Posselt

Acompanha de perto o dia a dia da comunidade, com olhar atento ao interior e à educação.

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