Um mês para falar sobre a violência contra os idosos

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O mês de junho, agora conhecido também como Junho Violeta, traz como foco a Conscientização Pelo Fim da Violência Contra a Pessoa Idosa, assunto evidenciado e discutido em Venâncio Aires, por meio de uma programação especial feita pela Prefeitura, através do Conselho Municipal da Pessoa Idosa, Gabinete da Primeira-dama, Gabinete da Vice-prefeita e Secretaria de Desenvolvimento Social e Habitação.

Apesar do envelhecimento da população brasileira e do número crescente de idosos em atividade, o preconceito e a violência contra a pessoa idosa ainda são um problema grave. Dados do Governo Federal mostram um aumento no número de denúncias de violência contra os idosos. Se em 2019 elas representavam 30% do total de denúncias de violações de direitos humanos recebidas pelo canal telefônico Disque 100, no fim do ano passado, com o isolamento social, o número aumentou para 53%.

Em Venâncio Aires, o panorama não é diferente. Denúncias de violência contra idosos crescem cada vez mais. Segundo a secretária da Habitação e Desenvolvimento Social, Claidir Kerkhoff Trindade, em todo 2021 foram 49 registros de pessoas idosas vítimas de violência intrafamiliar e 54 casos de negligência ou abandono. E só nos primeiros quatro meses deste ano, já são 16 vítimas de violência e 12 de negligência, sendo 28 registros no total.

De acordo com a presidente do Conselho da Pessoa Idosa, Camila Capelão, mais da metade das denúncias de violência contra os idosos apontam que os episódios acontecem no ambiente doméstico; grande parte por filhos ou netos. “Por isso a importância de valorizar o processo de envelhecimento e informar todos sobre as formas de violência e como interromper esses ciclos”, destaca.

Claidir explica que as denúncias do Disque 100, são repassadas diretamente para o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) ou o Centro de Referência de Assistência Social (Cras), que intervêm na situação. “A equipe vai ‘in loco’ e analisa a situação que pode ter a ajuda de psicólogos e assistentes sociais ou até envolvimento do Ministério Público, nos casos mais graves.” A secretária de Desenvolvimento Social chama atenção de que muitos casos de abandono acontecem nos hospitais, quando familiares deixam o idoso e alegam que não vão mais cuidar dele.

  • As denúncias de violências contra idosos devem ser feitas pelo telefone 100, do Governo Federal, que é o Disque Direitos Humanos. As pessoas não precisam se identificar, ou seja, o sigilo é garantido. Em Venâncio Aires, também é possível ligar para a Brigada Militar pelo 190 e Centro Especializado de Referência da Assistência Social (Creas) pelo telefone (51) 2183-0665.
  • De 15 a 20 – é o número de idosos acolhidos pelo município em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), pela lei municipal nº 6.838, pois foram abandonados ou negligenciados pelas famílias.

Atenção redobrada para evitar os golpes

Segundo o delegado de Venâncio Aires Vinícius Lourenço Assunção, a violência contra o idoso pode acontecer de diversas formas, como física, psicológica e sexual (veja box). Mas, além delas, existem ainda outras situações que são consideradas de perigo para a integridade da pessoa idosa, como os golpes. O assunto fez parte da roda de conversa que ocorreu na quarta-feira, 15, na Câmara de Vereadores, no Dia Mundial de Combate à Violência Contra a Pessoa Idosa.

Assunção relatou os principais crimes que os idosos devem ficar alertas, como o golpe do bilhete, que pelo menos uma vez ao mês faz vítimas em Venâncio e se trata de um golpe que promete uma quantia de dinheiro em troca de um depósito. Outro exemplo é o golpe que faz uso de imagens de pessoas da família e chama para conversar no aplicativo WhatsApp pedindo dinheiro. O delegado aconselha que, nesses casos, o idoso converse sempre pessoalmente com o parente para ter certeza da veracidade do pedido.

Além disso, golpes envolvendo relações amorosas também são frequentes. Homens idosos estão sujeitos ao golpe do nudes, quando mulheres mandam imagens em uma conversa de rede social e, após construção de uma situação envolvendo menor de idade ou mulher de traficantes, os homens são coagidos a pagar valores para que não sejam presos. No público feminino, idosas já foram vítimas de golpe de um suposto namoro a distância com militar, que diz enviar valores em dinheiro para compra de imóvel. No entanto, o golpista diz que, antes, é preciso que multas sejam pagas na Receita Federal, e então a vítima cai no golpe. “É preciso cuidado, eles usam imagens e documentos falsos para convencer as vítimas. O melhor dos conselhos ainda é não falar com estranhos, principalmente quando pedem ajuda em dinheiro”, aconselha.

Tipos de violência contra idosos

  1. A assistente social do Cras Battisti, Daiane Führ, explica que a violência contra o idoso pode acontecer de diversas formas.
  2. Física: aquela violência que deixa marcas, provoca dor. Pode ser um empurrão, uma ação agressiva ou beliscão.
  3. Psicológica: não tem agressão física, mas gritos, xingamentos, discriminação, falas que menosprezam, ações com preconceito ou humilhação que levam a pessoa idosa à tristeza e consequentemente à depressão.
  4. Negligência: quando o idoso, com autonomia reduzida, não recebe os cuidados básicos necessários. Está mal alimentado e sem higiene, principalmente.
  5. Institucional: quando o idoso não é atendido adequadamente em função da idade. Isso pode acontecer nos setores públicos, bancos, no transporte ou em uma ILPI.
  6. Financeiro: quando outra pessoa, geralmente os parentes mais próximos, se apropriam indevidamente dos bens, valores do idosos. Além disso, não repassam quaisquer valores para ele comprometendo a qualidade de vida.
  7. Patrimonial: quando alguém da família se apropria dos bens adquiridos pelo idosos no decorrer da vida, antes de sua morte, sem o conhecimento dele.
  8. Sexual: usar o idoso para fins sexuais, fazer piadas e brincadeiras com conotação sexual e que dizem respeito à sexualidade do idoso.
  9. Discriminação: comportamentos ofensivos e desrespeitosos com relação à idade da pessoa.


Luana Schweikart

Luana Schweikart

Jornalista formada pela Unisc - Universidade de Santa Cruz do Sul. Repórter do Jornal Folha do Mate e da Rádio Terra FM

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