Nos últimos meses, com as grandes enchentes registradas no Rio Grande do Sul, as matas ciliares, importantes para a preservação de encostas de rios e arroios, estão cada vez mais em pauta. As árvores têm papel importante na conservação do solo e na preservação da água, por isso, se faz necessária a recuperação das matas ciliares que foram destruídas com as cheias. O tema também ganha evidência neste 21 de setembro, Dia da Árvore. Para explicar mais sobre o assunto, a Folha do Mate entrevistou a bióloga Patrícia Roberta Renz.
A profissional explica que a mata ciliar, também conhecida como mata ripária e floresta ribeirinha (associada às margens de água, como rios, arroios, nascentes, açudes ou lagos), contribui para aumentar a capacidade do solo de absorção da água, além de diminuir o escoamento superficial.
As árvores também contribuem para a regulação do clima, fornecem sombra para os recursos hídricos, reduzindo o aquecimento da água e a evaporação. “Agora, que estamos nos aproximando de um período mais seco, se deixarmos os recursos hídricos sem proteção, sem vegetação ao seu entorno, esses locais secarão rapidamente. Por isso, as matas ciliares, auxiliam na quantidade e na qualidade da água, além de ser uma espécie de barreira, diminuindo a quantia de defensivos agrícolas que chegam até os recursos hídricos”, observa a bióloga.
Entre os benefícios das árvores também estão a produção de oxigênio, o fato de serem base da cadeia alimentar, fornecer proteção ao solo, formar corredores ecológicos, abrigo e alimento para a fauna e a prestação de serviços ecossistêmicos.
Patrícia reforça que é preciso entender cada vez mais a necessidade da conservação e que os recursos naturais não são infinitos. Ela sugere que sejam elaboradas ações e estratégias que, ao passar dos anos, alcancem um equilíbrio. “Somos parte desse ecossistema, conservando o que ainda temos. A água é um grande exemplo, precisamos dela para tudo, não temos nenhuma chance de sobrevivência sem ela, por isso, para continuarmos com um mínimo de qualidade e uma quantidade considerável, a preservação e a conservação da natureza é de extrema urgência.”
“Ações ambientais devem ser práticas contínuas, mostrando para a população, através do conhecimento técnico, a importância de um ambiente equilibrado inclusive para manter a conservação das nascentes.”
PATRÍCIA ROBERTA RENZ
Bióloga
Movimento Pró-Matas Ciliares do Vale do Taquari
A bióloga Patrícia Renz integra o Movimento Pró-Matas Ciliares do Vale do Taquari, formado por mais de 150 voluntários, além de apoiadores. Entre os objetivos está a recuperação da vegetação ciliar de rios e arroios, destruída após as enchentes.
Patrícia já participou de dois seminários organizados pela Universidade do Vale do Taquari (Univates) que dialogaram sobre o tema matas ciliares. O primeiro foi no fim de 2023, em Lajeado, e o segundo, em abril deste ano, em Encantado. “A partir disso, já se tinha um grupo formado para debater ações voltadas para a recuperação das matas ciliares, mas esse grupo se fortaleceu ainda mais após a ocorrência do desastre natural de maio, e assim surgiu o Movimento Pró-Matas Ciliares do Vale do Taquari.”
Seminário
No dia 11 de outubro, Venâncio Aires vai sediar o seminário ‘Recuperação de matas ciliares e áreas degradadas pós-enchentes’. O evento ocorre às 13h30min, no auditório da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços (Caciva). A programação é organizada pela Prefeitura, o Movimento Pró-Matas Ciliares do Vale do Taquari e o Conselho Municipal de Meio Ambiente.