O plástico é um dos materiais mais utilizados no dia a dia. Ele está presente nos eletrodomésticos, veículos, nas embalagens e roupas. O descarte incorreto do material tem impactos significativos na poluição da água, em oceanos, rios e lagos, e do solo. A poluição dos microplásticos – fragmentos com menos de 5 milímetros – é uma dessas consequências, com impacto na saúde humana e animal.
Doutora em Química, a professora Lucélia Hoehne, que atua na Universidade do Vale do Taquari (Univates), explica que microplásticos são pequenas partículas sólidas de materiais poliméricos (plásticos) que levam muitos anos para se decompor e que estão presentes em muitos locais, como rios e lagos, entre outros corpos hídricos.
“São derivados de plásticos lançados em águas ou resíduos de produtos químicos, como cosméticos, microfibras de tecidos, resíduos de canudos, de sacolas plásticas e de garrafas de água”, exemplifica. De acordo com Lucélia, estudos recentes já evidenciam que os animais ingerem esses compostos que são difíceis de serem digeridos e que os microplásticos também entram na corrente sanguínea, desencadeando desequilíbrio.

Por conta disso, ela reforça que cada um deve ter a consciência de separar e destinar os resíduos de forma adequada, verificar os dias de coleta seletiva e jamais depositar o lixo na natureza. “Resíduos secos não geram odores nem atraem vetores, então é tranquilo armazenar e esperar o dia correto de colocar nas lixeiras e atentar-se às campanhas de coletas seletivas”, orienta a professora. Ela também reforça a importância de reduzir o uso de plástico, evitando o uso de descartáveis e sacolas plásticas, por exemplo.
Estudos
Pesquisas já detectaram microplásticos no leite materno, no sangue humano, em fezes de crianças e adultos, em caules de planta e até mesmo na neve próximo ao topo do Monte Everest.
Com menos poluição, menor necessidade de tratamento da água
A professora explica que o sistema de tratamento de águas no Brasil é eficaz e atende todos os parâmetros que a legislação exige. Entretanto, quanto mais poluída a água, maior a necessidade de adição de produtos químicos na Estação de Tratamento de Água (ETA).
“Se todos colaborarem e fizerem a sua parte de não descartar os resíduos de forma errada, em efluentes, é mais fácil para as ETAs darem conta do recado. Quando há alterações na água, há a necessidade de mais adições de produtos, mais tratamentos físicos, mais energia”, observa a doutora em Química Lucélia Hoehne.

Saiba mais
48,5% dos materiais que vazam para o mar são resíduos plásticos, conforme diagnóstico do programa Lixo Fora D’Água, da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Segundo o estudo, depois do plástico, estão bitucas de cigarro e o isopor, em segundo e terceiro lugares entre os itens mais encontrados. Os outros 19,7% abrangem artigos como roupas e apetrechos de pesca, entre outros. (Fonte: Agência Brasil)
Como reduzir o uso do plástico
- Evite o uso de itens plásticos de uso único, como copos, pratinhos e talheres descartáveis.
- Utilize uma sacola ecológica (ecobag) em vez de sacolas plásticas. Deixe uma sacola dentro da bolsa ou no carro, para facilitar, quando for ao supermercado.
- Recuse canudos de plástico.
- Jamais descarte o lixo diretamente na natureza, na água ou no solo.
- Separe os resíduos recicláveis, como o plástico, do lixo orgânico. Se estiver misturado com restos de comida, por exemplo, isso dificulta a reciclagem. Destine no dia da coleta seletiva.
