O roteiro não é novo: começa o Campeonato Brasileiro e, rodada após rodada, as reclamações sobre a arbitragem só aumentam. Erros cometidos pelos juízes continuam influenciando nos resultados dos jogos, prejudicando os times e também os sites de apostas e comprometendo a imagem do futebol brasileiro.
Mesmo nos tempos de árbitro de vídeo (VAR), a história segue a mesma. Inclusive, o uso do VAR é um dos principais pontos de reclamação de diversos times da Série A do futebol nacional. A polêmica mais recente se deu com o Grêmio, que foi amplamente prejudicado no jogo contra o São Paulo, na última rodada do Brasileirão.
Tudo começou após uma reclamação formal do próprio São Paulo, que foi à CBF se queixar de três situações em que o clube do Morumbi se sentiu prejudicado. No clássico contra o Corinthians, o atacante do alvinegro, Jô, agrediu sem bola o zagueiro Diego Costa, em claro lance para expulsão, mas que não foi revisado pelo VAR. Depois, no jogo contra o Atlético Mineiro o tricolor paulista reclamou da anulação de um gol por um impedimento milimétrico, quando a partida ainda estava 0 a 0. O confronto terminou 3 a 0 para o Galo. Por fim, os são-paulinos reclamaram de diversas marcações de um jogo contra o Fortaleza na Copa do Brasil.
Toda essa reclamação levou a CBF a trocar o comando do VAR no jogo seguinte do São Paulo, justamente contra o Grêmio. Na partida, que terminou 0 a 0, o Grêmio reclamou de uma série de lances que poderiam ter alterado o resultado em favor do tricolor gaúcho.
No início da semana foi a vez do Grêmio fazer uma reclamação formal, só que dessa vez, mais contundente: o tricolor do Rio Grande do Sul pediu a anulação da partida contra o São Paulo. A diretoria gremista chegou a falar em “assalto”, atitude que deve ter consequências na justiça desportiva.
O São Paulo, por sua vez, respondeu à atitude gremista pedindo a anulação do seu jogo contra o Atlético Mineiro, se utilizando dos mesmos critérios. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) já indeferiu os pedidos, mas a imagem da arbitragem do campeonato já está manchada.
Atlético Mineiro pede mudança no comando da arbitragem do Brasileirão
O terceiro envolvido em polêmicas com o São Paulo e com a arbitragem também resolveu engrossar o coro dos descontentes. O Atlético-MG perdeu na segunda-feira para o Bahia em Pituaçu por 3 a 1 pelo o Brasileirão e atualmente é o terceiro colocado, com 31 pontos, três a menos que Internacional e Flamengo, mas com um jogo a menos que os rivais.
Após o jogo na Bahia, o vice-presidente do Atlético, Lásaro Cândido da Cunha, recorreu às redes sociais para reclamar da arbitragem e atacar diretamente o ex-árbitro Leonardo Gaciba, Presidente do Comitê de Arbitragem da CBF. Na publicação, Cunha admitiu a “incompetência” do Atlético no segundo tempo, mas reclamou do “pênalti óbvio” em Keno. O árbitro da partida Anderson Daronco não marcou e o VAR não sugeriu a revisão do lance, o que gerou a revolta dos mineiros. Ainda de acordo com Cunha, Leonardo Gaciba não tem mais condição moral de dirigir a arbitragem nacional.
O vice-presidente também sugeriu que seria inconveniente a escalação de árbitros provenientes de estados de times que disputam o mesmo objetivo. No caso da partida contra o Bahia, o árbitro não deveria ser gaúcho, como Daronco, na opinião do diretor do Galo mineiro. O presidente do Atlético compartilhou da mesma opinião e reclamou de uma possível “falta de bom senso” da CBF.
Confusão na arbitragem pode gerar insegurança jurídica ao campeonato
Enquanto a CBF busca valorizar o Campeonato Brasileiro como produto de exportação, a arbitragem segue dando confusão internamente. As reivindicações de Grêmio e São Paulo, embora legítimas, surgem como inconvenientes para a entidade máxima do futebol brasileiro, que pode ver outros clubes seguindo o mesmo exemplo dos tricolores quando se sentirem prejudicados.
A preocupação na CBF é a escalada de pedidos de anulação e a geração de uma insegurança jurídica ao campeonato, o que enfraqueceria o já combalido Brasileirão para a venda a outros países. A tendência é que todos os pedidos de anulação de partidas sejam negados, para desencorajar os clubes a procurarem a via legal para queixas contra a arbitragem.