As lembranças de uma conquista

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As lembranças de uma conquista

A edição 2.893, da Folha do Mate, no dia 14 de maio de 2002, trazia como manchete na capa ‘Campeão GaúchoÂ’, resumindo o que os venâncio-airenses estavam comemorando.

Era um domingo normal como tantos outros, mas não para a maioria das pessoas de Venâncio. O dia que amanheceu nublado se transformaria em um brilho que jamais se apagará da memória de quem torceu, vibrou, se emocionou e viveu aquele 12 de maio, dia da decisão do Campeonato Gaúcho.

Os finalistas eram o recém fundado São Gabriel, mas que havia feito uma brilhante campanha durante a competição; e o tímido Guarani de Venâncio Aires, que no primeiro turno terminou como lanterna e que ressurgiu de uma forma extraordinária no segundo turno do campeonato. No final da partida, o então presidente do Guarani, José Ademar Melchior, resumiu este capítulo da história rubro-negra. “No primeiro turno jogamos aqui (em São Gabriel) como lanterna do campeonato e fomos humilhados. Hoje voltamos no mesmo lugar e conquistamos o título do mesmo campeonato. Tudo foi possível graças a muito trabalho”.

A DECISãO

Integrante da conquista, o volante do Guarani, éder Lazzari, 34 anos, relembra e conta como estava o clima para a partida final. “Naquele campeonato nós éramos a zebra, até pela situação inicial. éramos o virtual rebaixado. Quem chamava a atenção era o São Gabriel, os olhos estavam voltados para aquele time, que tinha a melhor campanha. Fomos pra lá um dia antes e ficamos em Rosário do Sul.Sabíamos da nossa capacidade interna, mesmo que as pessoas de fora não acreditavam em nós. Eles (do São Gabriel) já contavam que seriam os campeões, que ganhariam fácil por ser em casa e contariam com o apoio da torcida, mas acabamos com a festa deles”, resume.

Na época, o então técnico do clube, Mano Menezes, previa que as duas partidas decisivas seriam muito equilibradas. O que se confirmou. O primeiro jogo, no Edmundo Feix, terminou no 0 a 0. Mas o favoritismo já tinha dono, como conta o então presidente do Guarani, José Ademar Melchior.“No dia seguinte ao primeiro jogo da final, que terminou empatado em 0 a 0, tivemos uma reunião na Federação Gaúcha de Futebol, onde o presidente da entidade já entregou a taça ao presidente do São Gabriel, que como tinha empatado em Venâncio já era considerado favorito e campeão. E no dia que ganhamos lá em São Gabriel não quiseram nos entregar a taça. Tive que alguns dias depois ir lá na Federação e pegar o troféu. Foram fatos que realmente marcaram quem viveu aquela história”.

Em São Gabriel, o gol decisivo saiu apenas na metade da segunda etapa. O primeiro tempo foi de poucas situações de gol, em ambos os lados. De volta do intervalo, o time da casa foi para cima, arrematava, insistia; mas o rubro-negro conteve o locatário.

Aos 20 minutos veio o gol do título. Falta pela direita. Luis Américo cobrou na marca penal. O capitão da equipe e zagueiro Luis Fernando estava dentro da área adversária, onde subiu mais alto e guardou no canto oposto do goleiro, fazendo 1 a 0 para o Guarani. A partir de então, a pressão adversária tomou conta, tanto dentro de campo, como fora dele.

Aos 32 minutos, iniciou um capítulo de terror para os torcedores rubro-negros presentes no estádio, que foram alvos de uma chuva de pedras e paus. Diversos torcedores foram atingidos e tiveram que se refugiar dentro do próprio campo, como lembra o zagueiro rubro-negro da época, Bolívar. “Hoje completam 10 anos e eu me recordo muito da torcida do Guarani em São Gabriel, num cantinho, em pequeno número, mas eufóricos. Lembro das pessoas que ficaram feridas na briga e nós em campo. Então essas pessoas viveram aquilo e por isso mereceram o título”.

Depois de 15 minutos sem jogo, o Guarani, sem a maioria de seus torcedores que haviam sido encaminhados pelo policiamento para os 20 ônibus em que vieram, segurou as investidas do time da casa e levou o jogo até o apito final, quando silenciou o estádio; e iniciou a festa rubro-negra no centro do gramado e nas ruas de Venâncio, como recorda Lazzari. “Lembro muito da euforia de quando chegamos em Venâncio, carro de bombeiros nos esperando, tinha carros desde o pórtico de entrada da cidade. Chegamos no estádio Edmundo Feix onde tinha muita gente comemorando. E lembro bem que gravaram as imagens das centenas de pessoas que assistiram o jogo no ginásio do Colégio Aparecida e que vibraram muito com o gol do Luis Fernando. Essas imagens nunca vou esquecer”.

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