“Ele não queria matar o árbitro”, diz advogado de agressor

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Willian Cavalheiro Ribeiro, de 30 anos, jogador do São Paulo, de Rio Grande, que agrediu com um soco e um pontapé na cabeça o árbitro Rodrigo Crivellaro, em partida válida pela Divisão de Acesso, contra o Guarani, no Estádio Edmundo Feix, na segunda-feira, 4, está muito abatido e não encontra o ânimo necessário para, neste momento, vir a público se manifestar sobre o episódio que chocou o Brasil.

A afirmação é do advogado do atleta, José Felipe Lucca, que na quinta-feira, 7, concedeu entrevista à reportagem da Folha do Mate. “Infelizmente aconteceu isto tudo e ele não está bem. Já demonstrou arrependimento, tanto pelo fato de ter causado lesões ao árbitro como por ter colocado a sua carreira em xeque”, observa. Lucca diz que o mais importante para o jogador, agora, que era a garantia da sua liberdade, é meta conquistada e, com o passar dos dias, a defesa vai elaborar uma estratégia para mostrar que “o Willian foi para o campo para garantir os três pontos e levar a vitória para casa, não queria, de forma alguma, matar o árbitro da partida em Venâncio”.

O profissional ressalta que ainda não conversou com o cliente sobre eventual sequência na carreira, nem a respeito de um possível encontro com o árbitro, para um pedido de desculpas. “Não falamos sobre estes assuntos, não entramos em detalhes. Nos conhecemos há poucos dias e vamos evoluindo aos poucos”, argumenta. Conforme o advogado, o jogador tem conhecimento de seu contrato com o São Paulo foi rescindido e, em relação a isso, não deve fazer nenhum movimento. “Quanto a isso, o William está ciente”, reforça.

EXAGERO
Na opinião de Lucca, a decisão do delegado Vinícius Lourenço de Assunção, titular da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Venâncio Aires, de antecipar que indiciaria o jogador por tentativa de homicídio, foi exagerada. “Isso é uma coisa que, enquanto defesa, não precisamos nem esconder: vamos trabalhar para desqualificar a tentativa de homicídio. É um caso de lesão corporal. O que me parece que houve foi uma tentativa de prisão de qualquer forma, para contentar a massa. Só que a lei não pode se deixar abalar pela comoção social, senão estaremos à mercê da imprensa. O Ministério Público também se manifestou no sentido de prisão preventiva. Não podemos deixar que haja o pré-julgamento”, sustenta.

Perguntado sobre a possibilidade de o histórico de agressividade de Willian atrapalhar no processo – ele já havia agredido outro árbitro, chegou a investir contra o pai de um jogador adversário e ainda tem três passagens pela Polícia, duas por lesões corporais e uma por vias de fato -, o advogado diz que “tecnicamente, é primário, pois não tem nenhuma condenação, e não acho que procedimentos policiais possam prejudicar a defesa dele”. Ele conclui dizendo que a prisão preventiva do cliente não era necessária, “pois não há ameaças às testemunhas, interesse em represálias ou intenção de fuga, que são os requisitos para tal”.

LESÃO NA VÉRTEBRA
O árbitro Rodrigo Crivellaro terá que ser submetido a uma cirurgia na próxima semana. Um exame de ressonância magnética apontou que ele tem uma lesão ligamentar na vértebra C6. Conforme o próprio Crivellaro divulgou, na quinta-feira, 7, o procedimento é simples e será realizado para evitar o risco de agravamento da lesão. Por conta disso, ele terá que ficar afastado por três meses do futebol, além de utilizar um colar cervical. Se houver deslizamento de vértebra, o árbitro terá que fazer uma cirurgia mais delicada.

“Lógico que o que ele fez foi errado, mas ele não foi para o campo para matar o árbitro. O Willian já está pagando um preço muito alto por toda a repercussão que o caso teve e estamos mantendo ele em um recanto, lugar que a gente prefere manter em sigilo.”
JOSÉ FELIPE LUCCA – Advogado de Willian

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Carlos Dickow

Carlos Dickow

Jornalista, atua na redação integrada da Folha do Mate e Terra FM.

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