Família achou na corrida uma atividade para fazer em conjunto
(Foto: Leonardo Pereira)
Família achou na corrida uma atividade para fazer em conjunto (Foto: Leonardo Pereira)

Você pode até não conhecer o filme vencedor de Oscar ‘Carruagens de Fogo’, de 1981, mas a trilha sonora marcante dele serve, até hoje, para demonstrar superação e o rompimento da linha de chegada após uma corrida. Seja embalado com essa música épica (pesquise-a e fique cantarolando o dia inteiro) ou com qualquer outro gênero musical no fone de ouvido, o ato de correr integra a rotina de um número cada vez maior de venâncio-airenses.

Alguns nem pensam em disputar competições e buscam apenas a saúde física e mental, outros já miram o cronômetro para baixar o próprio tempo. Seja no sol e calor, no frio e na chuva, o que importa é ir pra rua e colocar o corpo em movimento.

Quando a corrida se torna parte da rotina familiar

Tudo começou com uma atividade escolar de Lívia Muller da Silva, de 10 anos. A cobrança de Lívia para o pai, o vendedor externo Jonatan Diego da Silva, de 37 anos, após o não comparecimento nesta corrida, se transformou na válvula propulsora para o novo passatempo de família – composta ainda por Ana Paula, 37 anos, e a gêmea de Lívia, a Natália, também de 10 anos.

Família achou na corrida uma atividade para fazer em conjunto (Foto: Leonardo Pereira)

A família é moradora do Centro de Venâncio Aires. Neste ano, Lívia e Jonatan começaram a correr, quase todos os dias, no Acesso Grão-Pará. Depois, a mãe Ana e a irmã Natália também começaram no esporte.

Consultoria

O interesse pelo assunto aumentou e o pai buscou uma consultoria, a RCR Run. Com a ajuda, surgiu o convite do professor de Educação Física e treinador, Roberto Wessling, para que a dupla disputasse uma etapa do Circuito dos Vales (que percorre diversas cidades da região).

“O Roberto nos convidou para corrermos em família e perguntou se, de repente, a Natália e a Ana não gostariam de participar. Conversamos em casa, elas gostaram da ideia e, assim, também pegaram gosto pelo esporte”, relembra o vendedor. Para os quatro, a RCR é como se fosse uma família, que auxilia nos treinos e incentiva a dar os próximos passos no esporte. “É um ambiente muito bom”, conclui.

Rotina para correr

A corrida se tornou uma das principais atividades para fazer em família. Jonatan da Silva relata que manter uma rotina de treinos e preparação com todos é o que o torna ainda mais especial. “Tomamos café e saímos para o treino, mesmo que cada um tenha um objetivo próprio no esporte. São treinos diferentes, sim, mas no mesmo ambiente e que traz muita união para nós”, comemora.

Ana Paula Muller, que é safrista, relata que a cada treino a corrida traz um significado diferente de superação, bem-estar, diversão, garra e liberdade. “A corrida é um esporte coletivo, mas, ao mesmo tempo, tão individual”, completa.

Após a adaptação, a família pretende comprar novos equipamentos, como tênis de melhor qualidade e específicos para a corrida, e o objetivo é correr corridas mais longas, como meia-maratonas no ano que vem e os trajetos de 10 quilômetros.

Prova no fim de semana

A família disputou a etapa de Westfália do Circuito dos Vales, no domingo, 20, e as gêmeas Natália e Lívia ficaram com a quinta e sexta colocação, respectivamente, na categoria 10/15 anos. “Corremos o trajeto de três quilômetros, foi a estreia da Ana e das meninas em competição.”

“Estamos conhecendo um mundo diferente e, principalmente, um mundo que a gente possa fazer em família e trabalhando todos juntos.”

JONATAN DIEGO DA SILVA

Vendedor e corredor

Esporte mais praticado

Conforme o Relatório Anual sobre Tendências de Esportes do Strava, a corrida foi o esporte mais praticado no mundo em 2024.

Os dados da plataforma apontam que o Brasil é o segundo país com o maior número de atletas, somando mais de 19 milhões. O crescimento nos clubes de corrida é de 109% e houve também um aumento de 9% no número de maratonas, ultramaratonas e percursos de longa distância no ano.

A dor nas costas que virou incentivo para correr

Em 2003, o morador de Venâncio Aires e engenheiro civil Jairo José Simon, hoje com 62 anos, sentiu um desconforto nas costas e percebeu que o sedentarismo afetava a rotina. Ele tinha interesse pela corrida quando jovem, mas ficou anos sem praticar o esporte. “Com muita dor nas costas, optei por começar a correr, para testar, e estou até hoje. A dor nas costas sumiu”, brinca.

Nestes mais de 20 anos, ele alternou corrida e caminhada em diversos momentos. Simon considera que o esporte é um dos pilares da qualidade de vida e compara com uma poupança, essencial para bons frutos com a idade mais avançada. “Quando tiver com 70, 80 anos, quero ter qualidade de vida e não apenas longevidade. Às vezes, dá preguiça, claro, mas sei que os benefícios serão maiores.”

Jairo Simon pratica a corrida há mais de 20 anos (Foto: Divulgação)

Com mais de 100 competições nos últimos 15 anos, ele destaca a Maratona Internacional de Porto Alegre em maio deste ano, quando correu o trajeto de 21 quilômetros. “Minha primeira meia-maratona e espero que seja a primeira de muitas”, acrescenta.

Integrante da equipe RCR Run, ele treina três vezes por semana e faz academia outras duas vezes. Os treinos são feitos a partir de uma planilha disponibilizada pelo grupo com orientações.

Benefícios e dicas para correr

O professor de Educação Física, treinador e corredor, Roberto Wessling, explica que, para quem está iniciando, o ideal são de dois a três treinos por semana, respeitando os limites do corpo.

Segundo ele, são inúmeros benefícios, como o fortalecimento da musculatura (não apenas das pernas), melhora do humor, aumento da densidade óssea (reduz chances de osteoporose), gera endorfina para o corpo, aumento da capacidade pulmonar e cardiorrespiratória, controle do peso, melhora do sono, alívio do estresse e das chances de depressão e ansiedade.

Roberto Wessling dá dicas para iniciar no esporte (Foto: Divulgação)

“Muitos procuram a corrida para se libertar de doenças, pois serve como antidepressivo natural. É uma forma de se conectar consigo e com o coletivo, para gerar uma sensação de acolhimento.”

Como dica, ele cita a paciência do praticante para não ocasionar lesões. “Correr contra o relógio e maior volume necessita de um reforço, na alimentação e muscular”, acrescenta.

Durante a programação da 17ª Festa Nacional do Chimarrão (Fenachim), Venâncio Aires voltou a receber uma etapa do Circuito dos Vales. Foram, ao todo, mais de 2 mil participantes, mesmo na manhã de domingo, 4 de maio, marcada pelo frio e neblina.