Sul-Americano de Patinação Artística movimenta economia de Venâncio

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Delegação uruguaia terá, ao longo das duas semanas de competição, mais de 30 atletas (Foto: Juan Grings)

Até o dia 17 de agosto, a Capital do Chimarrão não será a casa somente dos venâncio-airenses, mas também de mais de mil atletas que desembarcam na cidade para participar dos Jogos Sul-Americanos de Esportes sobre Rodas. As competições de patinação artística ocorrem no Ginásio Poliesportivo, no Parque Municipal do Chimarrão, e reúnem atletas de 10 países. Além do Brasil, estão no município as delegações de Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai.

Este é o caso de Josefina López, 16 anos, que viajou quase 800 quilômetros desde a cidade de Maldonado, no sul do Uruguai. Ela conta que está na quinta edição do campeonato, que, em 2024, ocorreu em Balneário Camboríu, em Santa Catarina. “É uma experiência nova, tenho achado tudo muito bom. O ginásio é bonito”, relata.

Josefina López está na seu quinto sul-americano do esporte (Foto: Juan Grings)

O treinador e responsável pela delegação uruguaia na Capital do Chimarrão, Rodolfo Speyer, 58 anos, afirma que o país vizinho trouxe mais de 30 atletas para as disputas, com idades que variam entre 9 e 25 anos, nas mais diferentes categorias. “É a minha primeira vez em Venâncio Aires. Não conhecia a cidade, mas o povo tem se mostrado muito acolhedor e disposto a ajudar quem vem de fora”, elogia.

Sul-Americano de Patinação Artística é “divisor de águas”

Para o prefeito Jarbas da Rosa, a cidade receber um torneio de porte continental representa uma nova etapa na consolidação de Venâncio no turismo esportivo. “Entendo que Venâncio Aires, que já teve evento de nível nacional este ano, passa agora por um divisor de águas, trazendo grandes eventos internacionais e esportivos.”

Na opinião do Presidente da Confederação Sul-Americana de Patinação, Moacyr Júnior, o município tem, de fato, se consolidado como uma cidade parceira da modalidade já há alguns anos. Em março, por exemplo, recebeu o Campeonato Brasileiro de Patinação Artística, com mais de 600 atletas de seis estados diferentes. A etapa, inclusive, serviu como qualificatório para o torneio que acontece neste mês.

“Isso é muito importante para nós, porque é uma modalidade que precisa de apoio, de ajuda e não é comum. Não é fácil. A gente está no lugar certo, no momento certo e eu estou muito feliz de ter trazido esse campeonato para cá este ano. Quando a gente imagina um campeonato desse porte, imagina em uma capital, que tem aeroporto próximo. Mas há várias outras opções que acabam influenciando isso. Nós sabemos da parte de limitação hoteleira, pelo tamanho da cidade, mas a estrutura dos ginásios é excelente”, exalta.

Desenvolvimento econômico

Ter a presença de diversos estrangeiros e, até mesmo, brasileiros de outros lugares do país é uma grande oportunidade para fomentar o desenvolvimento econômico em Venâncio Aires, na opinião de Jarbas: “São famílias, dirigentes, atletas que estão aqui, se hospedando, se alimentando, fazendo compras, conhecendo a nossa região.”

No caso de Josefina, Speyer e os outros uruguaios que disputam o Sul-Americano, a hospedagem ocorre no Hotel Guest. Como explica a recepcionista do empreendimento, Luana de Campos Soares, o hotel, que tem 50 quartos ao todo, está com a sua capacidade total ocupada – e boa parte devido ao evento continental. Ela conta que, como as federações nacionais são muito organizadas, as reservas começaram já há três meses. “Todos os campeonatos de patinação são sempre uma loucura, sempre lota o hotel. A gente está acostumado. Assim que eles ficam sabendo das datas, eles já ligam e reservam os quartos”, conta. Os outros dois hotéis da cidade, Terra do Chimarrão (50 quartos) e Rosa Terres (14), também estão com os espaços em bom percentual ocupados.

Moacyr argumenta que, embora o contingente de atletas seja expressivo, grande parte não fica as duas semanas na cidade: “O fluxo de um campeonato como esse varia muito. As pessoas ficam dois ou três dias e vão embora, então sempre tem uma rotatividade.”

Comércio no Poliesportivo

Se os Jogos Sul-Americanos de Esportes sobre Rodas são uma oportunidade de desenvolvimento econômico da cidade, para quem levou o seu negócio para dentro do evento a chance é ainda maior. Esse é o caso de Carlos Neves, 43, proprietário do Recanto Alimentos, empresa que foi contratada para vender lanches dentro do Ginásio Poliesportivo.

“Nós fomos indicados e fechamos esta parceria com a organização do evento. Estamos muito satisfeitos com os primeiros resultados e para os próximos dias a expectativa de vendas é maior ainda”, ressalta. No espaço, são comercializados alimentos da linha saudável, além de pastel, torrada, café, chá, doces, entre outros. Eles também são responsáveis por servir almoço e janta para a arbitragem, que, por vezes, passam o dia no ginásio.

Carlos Neves é proprietário do Recanto Alimentos, que vende lanches dentro do Poliesportivo (Foto: Juan Grings)

“A gente se vira com o tradutor no celular para conversar com o pessoal”, conta, bem-humorado. Além de Neves, outros dois profissionais se dividem nos turnos para atender durante todo o dia de competições.

Quem também marca presença no ginásio é a própria Prefeitura de Venâncio Aires, que instalou um estande para oferecer água quente, erva e informações gerais sobre a cidade, como hospedagem, restaurantes, entre outros.

Amizade para além da competição

Embora o ambiente do Sul-Americano de Patinação Artística seja competitivo, os atletas que participam dos torneios passam tanto tempo juntos que os laços se tornam inevitáveis, como conta a pequena Mariana Severo, de 11 anos, moradora do bairro Santa Tecla, em Venâncio Aires – e que, por isso, funciona quase como uma das anfitriãs do evento. “Eu acho muito legal. A gente vai se adaptando à língua e acaba fazendo muitas amizades”, explica ao citar uma amiga paraguaia que fez durante o circuito.

Filha de Daniel Severo, 42 anos, Mariana já participou do Sul-Americano de 2024, além de etapas estaduais e nacionais, como o Campeonato Brasileiro da modalidade, em março deste ano, também na Capital do Chimarrão. O pai, que acompanha a filha nas competições, comenta que o ambiente é de muita amizade. “Elas mesmas torcem umas pelas outras, mesmo competindo entre si”, afirma.

O responsável pela delegação uruguaia, Rodolfo Speyer, divide eventos deste porte em duas partes: a competitiva, que visa à obtenção das medalhas, e a social. “Essa segunda é tão importante para as atletas quanto a outra. Há muitas atletas que são amigas de adversárias de outros países”, reconhece.