“A diversificação inclui o tabaco”, defende presidente da Câmara Setorial

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Na noite desta quarta-feira, 8, o Governo Federal anunciou a retomada do Programa de Diversificação de Cultivos em Áreas Produtoras de Tabaco. A informação chega em meio à realização da 10ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, na Cidade do Panamá. Em nota oficial, o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) disse que “este é um passo significativo em nossa jornada para promover práticas agrícolas mais sustentáveis e saudáveis”.

Para o presidente da Câmara Setorial do Tabaco e vice-presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Romeu Schneider, que está na Cidade do Panamá para acompanhar as mobilizações em torno da conferência, a notícia é importante para os produtores brasileiros, mas defende que a “diversificação inclui o tabaco e não exclui”, frisa. A mesma posição foi destacada por ele durante reunião paralela com representantes da delegação brasileira na COP 10, na noite de ontem. “Tem milhares de propriedades que não sobrevivem plantando outras culturas e sim, só sobrevivem por causa da receita do tabaco”, analisa.

Em entrevista à Folha do Mate e Rádio Terra FM, Schneider também manifesta cautela com o que está sendo anunciado, ao lembrar de uma experiência que o país teve anos atrás. “No passado foram tomadas algumas iniciativas em algumas regiões e a gente sabe que esses trabalhos não deram resultado positivo. Primeiro porque foram talvez mal estruturados e quando acabou o dinheiro que foi destinado gratuitamente para essa finalidade, também terminou o trabalho da diversificação”, recorda.

Segundo o presidente da Câmara Setorial, que já se prontificou ao MDA para trocar experiências, parte fundamental deste programa é a garantia de mercado para o que será produzido. “O mercado tem condições de absorver essas quantidades? O mercado tem condições de pagar os preços normais que irão proporcionar rentabilidade? O produtor pode apostar nisso e tem para quem vender, para não seguir os exemplos que no passado já aconteceram de que o produtor optou pela diversificação, ou seja, foi para uma nova atividade, deixou o tabaco de lado, recebeu até empréstimos para fazer essa nova atividade, só que depois para pagar esse empréstimo, teve que voltar a plantar tabaco para poder pagar a sua dívida”, salientou.



Letícia Wacholz

Letícia Wacholz

Atua há 15 anos na Folha do Mate e desde 2015 é editora da Folha do Mate. Coordena a produção jornalística multiplataforma do grupo de comunicação. Assina a coluna Mateando, a página 2 do jornal impresso.

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