A reconstrução da Paresp depois da enchente

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Foi em maio de 2024 que a Organização Não Governamental (ONG) Parceiros da Esperança (Paresp) passou por uma das maiores provas de resistência e superação dentro da sua história de 18 anos. Com prejuízos que foram calculados em R$ 500 mil, a entidade teve que recomeçar após a grande enchente registrada na parte baixa de Venâncio Aires. Hoje, quase cinco meses após o acontecido, a reportagem da Folha do Mate volta à Paresp para conferir a situação e o atendimento das 105 crianças e adolescentes.

O supervisor administrativo da Paresp, Leonardo Duarte da Rosa, afirma que apesar dos estragos, a Paresp conseguiu uma rápida reconstrução, movida a muitas mãos da comunidade. Entre os mobiliários afetados pelas águas, ele afirma que alguns ainda puderam ser reaproveitados, outros foram reformados e a tarefa contou com a parceria do Rotary Club Venâncio Aires Chimarrão. Entre as maiores demandas atuais anda um reflexo da grande cheia, é a necessidade da troca das portas e seus batentes, que são de MDF e não suportaram a inundação. A intenção é substituir por novos que sejam de materiais como alumínio e vidro. O custo para esta necessidade gira em torno de R$ 87 mil.

Uma das portas que precisa ser substituída. (Foto: Luana Schweikart)

Rosa destaca que a limpeza frequente é necessária na Paresp, já que os mofos, bolores e umidades ainda surgem nas paredes, mobiliários e forros do local. Além disso, a entidade conseguirá, até o fim do ano, refazer toda a pintura, com recursos recebidos através de emenda impositiva do Legislativo, no valor de R$ 55 mil. Deste total, R$ 45 mil serão usados na pintura e na substituição das portas e batentes em pior estado, dos cômodos que as crianças mais frequentam; e R$ 10 mil serão usados para compra de notebooks para uso da equipe técnica, como a psicóloga e assistente social.

A reconstrução da sala de informática contou com apoio do Sicoob e das cooperativas escolares. Já são sete novos notebooks na sala e mais 11 devem chegar através da doação de uma empresa, além de outras unidades que serão adquiridas pela Associação dos Procuradores de Santa Cruz do Sul. A maioria das mesas, cadeiras e armários, foram substituídos por outros de materiais adequados, com o recurso vindo através da campanha feita pelo Badin, O Colono. A Paresp recebeu R$ 50 mil pelo Pix do humorista. O Banrisul e Sicredi também contribuíram para a reconstrução da Paresp, com a compra de gabinetes, monitore se classes para os estudantes. Refrimate e metalúrgica Venâncio prestaram apoio em assistência e na doação de novos equipamentos, como fornos e freezers.

Esperança de volta

O supervisor administrativo da Paresp conta que no primeiro sábado após a água baixar eram mais de 100 pessoas envolvidas na limpeza e na organização da ONG. “Muita gente passou por aqui, não sei nem todos os nomes, e com o tamanho do prejuízo, achamos que não iríamos vencer. Foi emocionante ver os Parceiros da Esperança trazerem a esperança de volta.” Outro trabalho difícil foi a recuperação e captação dos documentos que foram perdidos na enchente.

A Paresp permaneceu fechada por cerca de uma semana e retomou com a equipe de forma gradual. As crianças voltaram a receber os atendimentos no fim de maio, quase um mês após a enchente. Foram 2,2 metros de água dentro da instituição, 1,7 metro no ginásio e cerca de 1 metro na cozinha e padaria, que estão localizadas em uma parte mais alta do prédio.

Leonardo mostra a altura que chegou a água da enchente dentro da instituição. (Foto: Luana Schweikart)
Com uma vaquinha interna, a equipe remobiliou a sala da professora Sara, que é uma das cofundadoras e diretora da Paresp. Sua saúde ficou fragilizada neste período conturbado e a ação foi uma surpresa para ela. (Foto: Luana Schweikart)

Participação em edital da Caixa vislumbra mais melhorias

A Paresp participa neste momento de um processo de edital da Caixa Econômica Federal para que seja beneficiada com recursos. A intenção é resolver o problema da pracinha, que após chuvas, fica inacessível, devido aos aterros irregulares feitos em terrenos próximos. Com a confirmação do projeto, a pracinha será elevada e receberá um novo playground, além de muro de contenção e colocação de drenos no terreno.

Outro objetivo da Paresp com o edital da Caixa é conseguir valores para a construção de um mezanino fechado no ginásio, que será o local de segurança para armazenamento de alimentos, móveis, equipamentos e materiais em um próximo episódio de cheia. O acesso será através de escada, rampa ou elevador, pois os orçamentos ainda estão sendo calculados. Além do mezanino, duas salas (no primeiro e segundo pavimento) serão feitas. O material usado será metal, no formato industrial. Estima-se que o valor para estas obras (pracinha e mezanino) gire em torno de R$ 120 mil.

“A Paresp sempre esteve no papel de ajudar outras pessoas, mas desta vez, não conseguíamos e quem precisava de muita ajuda eramos nós.”
LEONARDO DUARTE DA ROSA
Supervisor administrativo da Paresp

Após chuvas, a pracinha fica alagada. (Foto: Luana Schweikart)

Aumento no atendimento

Uma das metas da equipe é de que no próximo ano consigam chegar a atender 120 crianças. “Se tudo der certo e contarmos com a parceria da Prefeitura, vamos ampliar”, afirma Rosa. Para que este objetivo seja atingido, ele afirma a necessidade do aumento proporcional de recursos. Por ano, a Paresp recebe R$ 444 mil da Prefeitura, e para que atendam mais crianças, o ideal, segundo Rosa, é de que o aumento seja de pelo menos 20%.

No local, além da alimentação, as crianças participam de oficinas como reforço escolar, esporte, artesanato e música. Por mês, cada uma também leva kits de alimentos e de higiene para suas famílias. Mensalmente, é distribuída uma tonelada de alimentos às famílias. A equipe da Paresp é formada por 13 pessoas – sendo duas estagiárias –, mais uma profissional que fica somente na cozinha e duas para limpeza do prédio.

Outra demanda importante da ONG é a necessidade de um novo veículo. Atualmente são dois carros que atendem às demandas da Paresp, mas que necessitam de constantes idas à oficina. Rosa observa que os custos nos reparos são elevados e neste período pós-enchente já foram gastos R$ 20 mil com esta demanda. Os carros são usados para visitas domiciliares, conduções da equipe e busca de doações. A promessa, segundo ele, é de que virão recursos através de emendas parlamentares ou impositivas para a compra de um veículo zero quilômetro.

Plano de urgência

Após o susto, a equipe da Paresp está estruturando um plano de ação para os eventuais próximos episódios de enchentes. A ideia, segundo Rosa, é que levem três horas para levantar todos os móveis, equipamentos e materiais que não puderem ter contato com a água, e evacuar o prédio. No WhatsApp, um grupo já foi criado, apenas para avisos de extrema necessidade.

Brechó

No dia 5 de outubro ocorre mais uma edição do Brechó da Paresp, das 7h30min às 11h30min, com a venda de roupas usadas no valor de R$ 2 e peças novas entre R$ 5 e R$ 15.



Luana Schweikart

Luana Schweikart

Jornalista formada pela Unisc - Universidade de Santa Cruz do Sul. Repórter do Jornal Folha do Mate e da Rádio Terra FM

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