Os animais de estimação são companheiros de vida para seus tutores e, em algumas vezes, têm um motivo ainda mais especial para estarem junto da família. Ajudam a superar perdas de entes queridos, são o melhor remédio contra a ansiedade e acalmam crianças com autismo. A reação de amor e amizade entre um cão e o seu dono é única, e quem vivencia diariamente estes relatos é a médica veterinária Ana Maria de Campos, 39 anos.
Proprietária da Clínica Veterinária Campos, Ana tem convívio com animais desde a infância, e o amor pelos bichinhos segue até hoje. Não é à toa que é médica veterinária há 13 anos e tem em casa oito cães e dois gatos. Mas para além do lado pessoal, no profissional, ela ouve muitos depoimentos de clientes que têm nos amigos de quatro patas um refúgio e um grande apego. “Em muitos casos de abandono, quem pega o animal para cuidar acaba ficando com ele, e o animal nunca trará coisas negativas. São muitos os relatos que escuto”, destaca.
A veterinária enfatiza que, em alguns diagnósticos de autismo e ansiedade, por exemplo, os psicólogos recomendam essa relação de amizade, que tem inúmeros benefícios. “Idosos aposentados que moram sozinhos costumam se apegar aos bichinhos e eles só geram amor e carinho, fazem muito bem em qualquer idade. Eles não falam, mas a valorização e a troca é de sentimento e convivência”, afirma Ana, que é especialista em atendimento clínico, cirurgia e traumatologia de pequenos animais.
A médica explica que o pet faz a pessoa ter uma rotina e se dedicar a ele, diminuindo o tempo que pensa nas preocupações e nos problemas. No entanto, Ana também ressalta que, acima de tudo, a responsabilidade e o compromisso com a vida do animal devem prevalecer. “Antes de comprar ou adotar é preciso ter a consciência que será necessária dedicação de tempo e gastos com veterinário e alimentação adequada”, afirma. Do contrário, o animal acaba sendo negligenciado e até abandonado, o que explica a grande demanda das Organizações Não Governamentais (ONGs) e de programas públicos de Venâncio Aires que atendem cães e gatos. “Faço uma associação de que o casal quando quer ter um filho, geralmente pensa bastante sobre o assunto antes de ter a criança, e o mesmo deve acontecer com os animais”, aconselha.
Adotar ou comprar
A veterinária Ana Campos afirma que, independentemente se o animal foi comprado ou adotado, ou da raça que tem, a responsabilidade com o bem-estar é exatamente igual. “Não sou contra quem vende e quem compra, mas é preciso ter em mente que, por exemplo, um filhote é igual uma criança, precisa ser educado para ter um bom desenvolvimento. Sobre a compra ou adoção, vai da opinião da cada um.”
O trio de quatro patas da família Silva
Luna, Spike e Fred são os motivos de felicidade e companheirismo que rodeiam a família Silva, moradora do bairro Aviação. A relação de amor e carinho com os pets são mencionados pelo tutor Gilnei Adão da Silva, 53 anos. Ele, a esposa Elizete e o filho Leonardo não medem esforços para o bem-estar dos cachorros. “Muitas vezes deixamos de fazer coisas para nós, para dar o melhor a eles. No dia a dia estamos sempre juntos, são como nossos filhos”, afirma Gilnei, que atua como padeiro.
A história do trio começou com a adoção de Luna, que foi adotada em uma agropecuária, depois que o cachorro da família, Jack, morreu. “Minha esposa queria uma fêmea de porte pequeno, então adotamos a Luna, só que já no primeiro mês ela cresceu muito e vimos que na verdade o porte dela é grande”, destaca.
O próximo que chegou, como diz Silva, ‘do nada’, foi o Spike. “Ele fez cria com a cadela da vizinha e estava muito maltratado. Ficamos com pena, castramos e ele foi ficando, até que pegamos para nós de vez.” Já o Fred, chegou na casa da família ano passado e é filhote de uma cadela da vizinhança. “Chegamos a trazer todos os filhotes aqui em casa para ver quando eram bem pequenos, mas não ficamos com nenhum. Com um ano, o Fred veio e parou no nosso portão, como se soubesse que já tinha estado aqui uma vez. Entrou e também ficou”, relembra Silva.
Hoje, Spike e Fred são os seguranças da casa, recebem as visitas e são os avisos sonoros quando alguém se aproxima. Já Luna é a dengosa e o xodó, adora ficar na cama do casal. Além de manter os três, Silva ressalta que todo mês a família ajuda a ONG Amigo Bicho doando ração para a integrante Luciana Alencar, que atua com lar temporário.