Maria Rodrigues ajuda na distribuição dos alimentos durante a ação (Fotos: Júnior Posselt/Folha do Mate)
Maria Rodrigues ajuda na distribuição dos alimentos durante a ação (Fotos: Júnior Posselt/Folha do Mate)

Todas as terças-feiras, Maria Rodrigues costuma acordar mais cedo do que o habitual. Prepara o chimarrão e se arruma para enfrentar o dia. Por volta das 7h40min, ela precisa abrir as portas da Comunidade Santo Antônio, no bairro Santa Tecla, para receber famílias em um café da manhã preparado pelo Centro Promocional João XXIII. Ministra, Maria é uma das lideranças da comunidade católica e faz o trabalho com amor.

Há cerca de três anos, um acidente vascular cerebral (AVC) acometeu a mulher, de 65 anos. Apesar das dificuldades, principalmente para caminhar, ela não deixa o dever de lado, para ajudar outras famílias que mais precisam. Antes da ação ocorrer na sede da comunidade, era realizada na casa dela, que fica no mesmo bairro.

A expectativa fica por conta da chegada da Fiorino branca, por volta das 8h, conduzida por Hilberto Müller. Aos 70 anos, o aposentado realiza trabalho voluntário no Centro Promocional João XXIII e é responsável por efetuar as entregas na comunidade. Ele atua na entidade há cerca de 17 anos. Müller resume o serviço como muito importante. “Faz muito bem para mim e para os outros”, salienta.

Além de Maria, outras sete famílias são atendidas no local. Aos 4ºC da manhã gelada de terça-feira, 12, junto com sacolas com pães, cucas e bolo, doados por empreendimentos da cidade, todas receberam um litro de leite. Também ganharam uma garrafa de café com leite quente. Especialmente mulheres de mais idade levam para casa para darem aos filhos menores ou netos.

“Assim como eu, todas as famílias gostam e agradecem pelos alimentos que recebemos. Muitas dessas famílias têm dificuldades. Quando o leite estava mais caro, muitos nem tinham condições de comprar uma caixa para servir para os filhos ou netos. Somos muito gratos”, afirma Maria. “Todas as famílias são mais humildes, mas de bom coração, agradecendo e sendo felizes por receberem esses alimentos”, complementa.

Antes da entrega, o momento é de agradecer. Por isso, as famílias ficam juntas e rezam. “É uma forma de agradecimento à boa vontade das pessoas e empresas que fazem esses alimentos chegarem até aqui, para quem precisa”, diz.

No grupo, também estão outras conhecidas dela. Maria Solange de Azevedo, 67, Derci Marli da Rosa, 64, e Maria Lucia Kessler, 53. Todas participam das atividades há mais de 10 anos. As três afirmam que os alimentos garantem e diversificam as refeições da semana. Entre elas há um consenso: agradecer a Deus a cada doação.

“Buscamos trabalhar por um mundo melhor”

Conforme a presidente do Centro Promocional João XXIII, Ivone Dullius Schaefer, além da ação na comunidade do bairro Santa Tecla, nas terças-feiras de cada semana, outros dois locais são abrangidos pelas atividades. Nas quartas-feiras, o trabalho é na Comunidade Santa Bárbara, em Linha Coronel Brito, com 14 famílias, e nas sextas-feiras, na Comunidade Boa Esperança, do bairro Coronel Brito, com outras nove famílias.

“Somos uma entidade assistencial e buscamos trabalhar por um mundo melhor. Mais justo, igualitário e fraterno. Todos que nos procuram têm o direito a uma vida digna e não cabe a nós o julgamento do porquê da situação que muitos irmãos nossos se encontram”, explica a presidente da entidade.

Alimentos

A cada mês, são 72 grupos familiares em situação de vulnerabilidade que recebem cestas básicas entregues pelos voluntários. Outra ação de destaque é a distribuição diária de lanches na sede da entidade, totalizando uma média de 630 pessoas que vão até o local mensalmente.

“Muitos são moradores de rua ou pessoas mais vulneráveis que vêm até a gente e retiram um lanche, junto com uma bebida quente. Tem gente que vem até mesmo do interior para alguma consulta médica ou exame e depois passa na sede do João XXIII para pegar”, explica Ivone.

A grande maioria dos alimentos destinados para as doações vem de empreendimentos locais e entidades. Nas ações realizadas nos bairros, as cucas, bolos e pães são das padarias Schuh, Bom Gosto, Cia do Pão e dos Supermercados Lenz. Eles são armazenados em câmaras frias e destinados para quem mais precisa. Já as cestas básicas contam com o apoio de outras empresas de Venâncio Aires, além de repasses do Banco de Alimentos e programa Mesa Brasil.

“Com muito carinho é que nós, voluntários, conseguimos alegrar o dia daqueles que mais precisam.”
IVONE DULLIUS SCHAEFER
Presidente do Centro Promocional João XXIIII

Feira de roupas

1 – O João XXIII, além de alimentos, recebe um grande número de roupas. A maioria das peças é destinada para doações, enquanto outras são selecionadas e direcionadas para uma feira.

2 – Nas feiras, as roupas são comercializadas a preços simbólicos em todas as terças-feiras, o dia todo, e nas quintas-feiras, à tarde. Com o valor arrecadado, é possível cobrir contas de internet, telefone, água, itens de limpeza e viabilizar o pagamento de uma funcionária.

3 – “Esse recurso que conseguimos juntar nas feiras também ajuda para comprarmos alimentos, que destinamos nas ações realizadas”, explica a presidente Ivone Dullius Schaefer.

Como ajudar

A comunidade pode ajudar o João XXIII com doações de alimentos e agasalhos. Basta levar os itens até a sede da entidade, na rua Visconde do Rio Branco, número 737, na região central de Venâncio Aires. Arrecadações também são realizadas durante o Dia de Ação de Graças, em novembro, em parceria com o jornal Folha do Mate e rádio Terra FM.

22
é o número de voluntários ligados ao Centro Promocional João XXIII.

Ortopedia

Outra atuação do Centro Promocional João XXIII é com materiais ortopédicos, como cadeiras de roda, cadeira higiênica, andadores e muletas. Quem precisa paga uma pequena taxa mensal de manutenção. As doações realizadas pela comunidade, entidades locais e grupo dos Festeirinhos.

Júnior Posselt

Acompanha de perto o dia a dia da comunidade, com olhar atento ao interior e à educação.

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