Apesar da chuva, reflexos da estiagem ainda resistem em Venâncio

-

No mesmo dia em que o decreto de racionamento de água em Venâncio Aires foi encerrado – no último sábado, 25 -, a chuva chegou novamente em grande quantidade na Capital do Chimarrão. E, em meio à estiagem, o volume de água inicialmente até pareceu trazer alívio aos produtores rurais, no entanto, a situação da falta de água não teve mudanças significativas aos moradores de algumas localidades do interior. Já o nível do Arroio Castelhano aparentemente normalizou, segundo checagem da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) e Patrulha Agrícola, na manhã de ontem.

O coordenador da Patrulha Agrícola, Rodrigo Garin, o Rodrigo VT, diz que a entrega de água com os caminhões-pipa pelo interior não teve demanda reduzida significativamente. “Mesmo com bastante água no arroio Castelhano, a dificuldade ainda é com os produtores rurais”, comenta. Segundo ele, apenas duas pessoas fizeram contato para informar que não precisam mais da ajuda do caminhão-pipa, pois já conseguem captar água da chuva, sendo uma moradora de Linha Marmeleiro e outra da Linha Cachoeira. “Nossos outros serviços continuam parados, pois toda equipe está concentrada na entrega de água. Pretendíamos retornar aos afazeres normais nesta semana, mas não será possível”, lamenta.

Até a manhã de ontem, foram 10 novos pedidos de água e a equipe ainda trabalha para entregar os pedidos que não foram vencidos’ na semana passada: 11 no total. Dessa forma, são mais de 20 pedidos de água acumulados. A equipe conta atualmente com três caminhões-pipa, já que um deles está estragado.

Segundo constatação do gerente local da Corsan, Ilmor Dörr, a captação da água do arroio já está normalizada. E, conforme o coordenador da Defesa Civil de Venâncio Aires, Luciano Teixeira, na Estação de Tratamento de Água (ETA), onde é captada a água, o nível já é considerado alto, com cerca de um metro e meio em uma extensão de 600 metros e em outras partes o nível está mais baixo ao longo da bacia.

“Precisa chover mais”

A afirmação é do secretário de Desenvolvimento Rural, Gilberto dos Santos. Ele ressalta que a chuva registrada ainda não é o suficiente para uma tranquilidade total. “No campo, para quem tinha a lavoura cheia, foi boa, a chuva veio em boa hora. Mas, no geral, o pessoal do interior continua aflito com a situação”, analisa.

Santos destaca que os últimos volumes de chuva foram mais significativos na região da serra, chegando perto de 100 milímetros nas duas últimas pancadas que aconteceram na semana retrasada e passada. Já na região da Estância Nova e Vila Palanque choveu menos, em torno de 35 milímetros.

Temporal

• As fortes chuvas da tarde de sábado, 25, atingiram com maior gravidade o município de Santa Cruz do Sul. Em Venâncio Aires, segundo a Defesa Civil, não houve nenhum pedido de ajuda referente à chuva do período. “Foram chuvas com volume elevado, mas sem transtornos”, afirma o coordenador Luciano Teixeira.

• O Corpo de Bombeiros Militar de Venâncio Aires também não teve chamados para atender. “Montamos uma força-tarefa para atuar e ajudar em Santa Cruz do Sul, mas acabou não sendo necessário”, diz o tenente Luciano Moraes.

Previsão do tempo

• Segundo o Núcleo de Informações Hidrometeorológicas da Univates, para amanhã, 1º de março, está previsto um volume de três milímetros de chuva, em uma probabilidade de 70%.

• Naa quinta-feira, 2, há a possibilidade de pancadas de chuva, enquanto que na sexta-feira, 3, no sábado, 4, e no domingo, 5, o tempo deve ser nublado com pancadas de chuva. Para domingo, há possibilidade de temporais.

Perdas irreversíveis

Na agricultura, segundo o chefe da Emater/RS-Ascar local e engenheiro agrônomo, Vicente Fin, com exceção das regiões mais afetadas pela estiagem, como Estância Nova, as demais tiveram pequena melhora com as últimas chuvas. No entanto, ele afirma que todo tipo de perda na produção até o momento é irreversível. Conforme ele, o milho soma 32% de redução na produção, e a soja 27%.

“Por mais que tenha água para reposição, não dá para esquecer que as áreas que não tiveram água por longos períodos de tempo foram altamente afetadas na produção. Já quem ainda está com a plantação de milho antes da floração, pode ter uma boa produção”, reforça Fin. Em culturas como a do aipim, ele explica que pode ter atraso no ciclo, mas ainda é possível compensar as áreas com água.

“Normalmente, onde se colhia 800 caixas de aipim, hoje estão colhendo de 300 a 400 caixas, fora o custo para o consumidor, que fica bem maior”, analisa. De acordo com o chefe da Emater, a produção de erva-mate ainda consegue se restabelecer, assim como o reflorestamento. Nas frutíferas, a maioria teve perda significava de água e haverá frutos rachados, os quais não é possível recuperar e caem antes do tempo.

  • Vicente Fin comenta que as últimas chuvas tiveram grande variação de volume: de 28 até 70 milímetros, de acordo com a região.


Luana Schweikart

Luana Schweikart

Jornalista formada pela Unisc - Universidade de Santa Cruz do Sul. Repórter do Jornal Folha do Mate e da Rádio Terra FM

Clique Aqui para ver o autor

Oferecido por Taboola

    

Destaques

Últimas

Exclusivo Assinantes

Template being used: /bitnami/wordpress/wp-content/plugins/td-cloud-library/wp_templates/tdb_view_single.php
error: Conteúdo protegido