Após acidentes com balões, setor defende mais controle

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Duas tragédias recentes reacenderam o debate sobre a segurança em voos de balão no Brasil. No sábado anterior, 21, um acidente em Praia Grande (SC) terminou com oito mortos e 13 feridos. Dias antes, no dia 15, outro balão caiu em Capela do Alto (SP), vitimando uma mulher e deixando dez feridos. Ambas estão em investigação. Além deles, registros de pousos forçados também chamaram a atenção do público nas últimas semanas.

Os episódios geraram apreensão entre quem pensa em se aventurar nas alturas e reacenderam debates sobre segurança e aspectos regulatórios. Inclusive, o governo já manifestou a intenção de avançar na regulamentação do balonismo. Segundo o Ministério do Turismo, a proposta é estabelecer uma regulamentação específica e clara para a operação de voos turísticos em balões, com o objetivo de garantir a segurança dos praticantes e impulsionar o desenvolvimento do segmento no Brasil.

Atualmente, a atividade é praticada no Brasil como uma “atividade aerodesportiva”, conforme esclareceu a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Isso significa que os voos de balão são realizados “por conta e risco dos envolvidos”. Hoje, não há exigência de habilitação técnica específica para pilotos de balão de ar quente, tampouco uma certificação obrigatória que ateste a segurança das aeronaves.

*Com informações da Agência Brasil

Regulamentação pode fortalecer balonismo

Profissionais do setor enxergam com bons olhos o debate em torno de uma regulamentação mais robusta, que incentive a profissionalização da atividade. Embora os acidentes recentes tenham tido grande repercussão, são considerados casos isolados. Ainda assim, afirmam que regras mais claras podem não apenas aumentar a segurança, mas também impulsionar o turismo e o crescimento do setor.

O presidente da Federação Gaúcha de Balonismo, Rogério Daitx, acredita que a regulamentação é um passo importante. Para ele, embora os passeios de balão tenham crescido significativamente no país, a legislação não acompanhou essa evolução.

Ele destaca que o Regulamento Brasileiro da Aviação Civil (RBAC) 103, que determina que todo praticante deve portar uma Certidão de Cadastro de Aerodesportista, é insuficiente para garantir a segurança da atividade. Segundo a própria Anac, o documento não equivale a uma habilitação, nem comprova a capacidade técnica do piloto. Trata-se apenas de um atestado de que o praticante tem conhecimento básico sobre normas operacionais e uso do espaço aéreo.

Para Daitx, a verdadeira segurança vem da formação prática. “O que traz segurança ao desporto é o aprendizado com outros desportistas que atuam como instrutores, o treinamento técnico, o respeito às condições meteorológicas e a checagem rigorosa dos equipamentos antes de cada voo”, explica.

20 km/h
é a velocidade máxima do vento recomendada para a decolagem de balões, segundo Rogério Daitx, presidente da Federação Gaúcha de Balonismo.

Para Sérgio Jung, segurança vem da prática e cautela

Referência no balonismo em Venâncio Aires, o piloto Sérgio Jung foi um dos responsáveis por fomentar a prática na cidade e defende que a segurança nos voos está diretamente ligada ao bom senso e à experiência de quem está no comando. Com mais de 900 horas de voo desde que iniciou sua trajetória em 2015, ele alerta para os riscos de decolar em condições climáticas adversas.

“O vento tem que estar calmo, o balão em pé, paradinho. Se não está assim, eu não voo. Além disso, eu reviso tudo pessoalmente antes de cada voo. A equipe ajuda, mas sou eu quem faz a checagem final. Segurança vem em primeiro lugar”, reforça.

Segundo ele, a falta de experiência prática de alguns pilotos, aliada à facilidade atual para obter a carteira de piloto, compromete a segurança da atividade. “Hoje está muito fácil tirar a habilitação. Só que, na hora do aperto, aquela carteirinha não vale nada se o piloto não tiver horas de voo e preparo.”

Para ele, a regulamentação mais rígida seria bem-vinda, desde que traga critérios objetivos para certificar pilotos realmente capacitados.

“Não basta a carteira, tem que contar horas de voo, treinamento prático e avaliação rigorosa. A gente quer que o balonismo cresça com responsabilidade.”

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