A comitiva de deputados e líderes do setor tabagista acabaram impedidos de participar da Conferência das Partes (COP), para implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT). Além disso, se decepcionaram com o posicionamento do embaixador brasileiro, Carlos Henrique Moojen de Abreu e Silva, durante o plenário na Cop-10. Este é o o décimo encontro que acontece de 5 a 10 de fevereiro, na Cidade do Panamá.
Para o deputado estadual Airton Artus (PDT), que participou de quatro edições do evento, a fala do embaixador não chega a ser uma surpresa. Há décadas, o parlamentar defende a economia que envolve a cadeia produtiva, com participações diretas em países como Uruguai, Coreia do Sul, Rússia e Índia. Desde 2010, quando ocorreu a 4ª Conferência das Partes (COP4), em Punta del Leste, no Uruguai, na época prefeito de Venâncio Aires, Artus mostra preocupação em relação à produção, setor primário e o PIB.
Como é um evento da Organização Mundial da Saúde, o deputado explica que os organizadores procuram bloquear os setores que tem um envolvimento direto com o tabaco, o que acaba atingindo o setor produtivo e a indústria. Os políticos e parte da imprensa também sofrem restrições. Artus lembra que no Uruguai, em 2010, e parte da Conferência que ocorreu em Seul, na Coreia do Sul, em 2012, houve participação da comitiva brasileira, entre eles os representantes do Rio Grande do Sul, com menos restrições.
“Todas as vezes tivemos que trabalhar nos bastidores, havendo ganhos na revisão final dos termos, ou seja, pelo embaixador ou por diplomatas do alto escalão, mas principalmente com esclarecimentos sobre a cadeia produtiva do tabaco”, destacou o deputado. Apesar de as Conferências mostrarem dificuldades de acessos para que a classe possa ser ouvida, “é importante a classe política se fazer presente, numa forma de expor a importância desta cadeia produtiva para a economia local e principalmente na defesa dos pequenos agricultores.”
Artus entende que falta uma explicação didática, principalmente um esclarecimento da cadeia produtiva. Segundo ele, nas outras edições, os governantes mostraram certa ignorância em relação ao assunto. “É visível que o embaixador brasileiro não foi muito feliz nas suas manifestações, principalmente quando fala sobre o aumento de impostos, pela reforma tributária, mas também sobre as restrições à produção do tabaco. Ficou claro que o Governo brasileiro não aprendeu muito com isso e não entendeu a questão da diferença entre a produção e consumo, o que nos deixa realmente preocupados”, analisa.
Para concluir, o parlamentar lembrou da sua participação na comitiva de 2010, no Uruguai, quando foi conquistada uma vitória importante, onde na redação final não foram incluídos itens que implicasse na proibição do plantio, diminuição de área plantada e de qualquer restrição quanto aos financiamentos. Na oportunidade, Airton concedeu entrevista à agência britânica de notícias Reuters, explanando sobre a cadeia produtiva. Segundo ele, houve uma boa repercussão, assim como nas edições subsequentes também houve um entendimento entre as partes. “Hoje, a surpresa no Panamá é que nosso embaixador não está a favor e, inclusive, está sendo contra, mas acredito que na redação final vai ser mantida pelo menos essa segurança e tranquilidade entre as empresas e nossos produtores”, finaliza.
Fonte: AI Airton Artus