A ERS-244, rodovia que liga Venâncio Aires a Vale Verde, está na pauta mais uma vez. Isso porque, mesmo com todas as adversidades relacionadas às enchentes na região, a Construtora Pelotense, que detém o contrato para a pavimentação do trecho de pouco mais de 16 quilômetros, executa as obras de base, que antecedem a colocação do asfalto. A expectativa é cada vez maior no que se refere aos trabalhos de asfaltamento, especificamente. A empresa tem autorização para providenciar obras até o quilômetro 6,6 e, no início do ano, ventilou a pavimentação dos primeiros 3,7 quilômetros – até a terceira ponte -, mas esbarrou na necessidade de liberação tanto de licenças quanto de jazidas para obtenção de material.
Mesmo assim, a esperança se renova em relação ao trecho. Coordenador do movimento ‘Destrava-244’, o ex-prefeito Giovane Wickert, que atualmente ocupa o cargo de subsecretário de Infraestrutura e Patrimônio Público da Secretaria Estadual de Obras Públicas, esteve na ERS-244 mais de uma vez nos últimos dias e constatou que a Construtora Pelotense opera no trecho com “nove máquinas, entre trator de esteira, retroescavadeira e rolo compactador, e oito caminhões”. De acordo com Wickert, o ritmo reduziu nos últimos meses, principalmente, em virtude da necessidade da troca da argila por pedra – material que será utilizado onde a rodovia apresenta umidade -, no entanto as equipes retomaram as atividades e a expectativa é de que sigam assim.
Ele acredita que, assim que o tempo firmar bem e for possível transportar o asfalto quente, a ERS-244 deve ganhar seus primeiros quilômetros de pavimentação. “Recentemente, tive uma reunião com o Luís Roberto Ponte, da Construtora Pelotense, e ele me afirmou que a obra nunca parou. A diminuição do ritmo realmente foi constatada, mas na mesma oportunidade ele disse que em maio seria mais efetivo e isso está acontecendo. Está cumprindo o compromisso. É de palavra”, afirmou o coordenador do movimento. Wickert acredita que é possível que o asfalto comece a ser colocado nos primeiros 3,7 quilômetros no mês de junho. “A empresa está em uma frente bem robusta. Com a previsão de que nos próximos 15 a 20 dias tenhamos um pouco mais de normalidade nas rodovias, a expectativa aumenta”, disse.
Saiba mais
• Em abril, o Departamento Autônomo de Estrada e Rodagem (Daer) informou que havia sido executada a sub-base entre os quilômetros 1 e 1,7 da rodovia. Já a base estava concluída entre os quilômetros 1,8 e 2,2. A partir desse ponto, até o quilômetro 5,5, a obra se encontrava na fase de terraplenagem e drenagem.
• Quanto à utilização do material proveniente das jazidas, o Daer informou que “é responsabilidade da empreiteira obter as autorizações necessárias. Além disso, a empresa possui autorização para executar a obra até o quilômetro 6,6. Para as obras além desse trecho, há um processo de desapropriação judicial em andamento.”
Memória
• O asfaltamento dos 16,8 quilômetros que ligam Venâncio e Vale Verde, iniciando no entroncamento com RSC-287, próximo à empresa Tabacos Marasca, é motivo de mobilização política e popular na região desde 1999, quando tudo parou.
• Foram mais de 20 anos de tentativas para levantar novamente o projeto, passando por diferentes governadores e prefeitos. A sinalização mais forte de um possível reinício aconteceu em março de 2022, quando o Diário Oficial do Estado informou que a área de um horto florestal em Charqueadas poderia ser permutada pelo Governo do Estado com a Construtora Pelotense.
• A empresa ficou com o terreno, avaliado em cerca de R$ 25 milhões, em troca da realização de serviços de terraplenagem, drenagem, pavimentação asfáltica e obras complementares. O valor do horto seria suficiente para pavimentar praticamente metade da rodovia, já que o custo total é estimado em R$ 52,5 milhões.
• De acordo com o Estado, a outra parte do recurso sairia do caixa do Daer, vinculado à Secretaria Estadual de Logística e Transportes. A ordem de reinício do trabalho foi assinada pelo Daer em 30 de junho de 2022 e a Construtora Pelotense, conforme divulgado na época, teria 30 meses (dois anos e meio) para concluir a obra. Ou seja, a previsão aponta para o fim de 2024. Algo que, muito provavelmente, não deve se confirmar.