residente da ONG Planeta Vivo, Isolde Musa da Silva, com o presidente e vice da Associação Catadores da Vida de Venâncio Aires, Juliano Santos e Ari de Melo, respectivamente (Foto:Luana Schweikart)
residente da ONG Planeta Vivo, Isolde Musa da Silva, com o presidente e vice da Associação Catadores da Vida de Venâncio Aires, Juliano Santos e Ari de Melo, respectivamente (Foto:Luana Schweikart)

No fim do ano passado, a Associação Catadores da Vida de Venâncio Aires foi retomada e, com a reestruturação do grupo, voltou também a busca por um objetivo: conseguir um espaço físico próprio. O local será usado para acondicionamento de materiais recicláveis dos catadores associados e para realizar a organização para separação, prensa e venda do que é recolhido nas ruas e nos contêineres do município.

A associação, criada em 2012, tem o objetivo de dar suporte e assessorar os catadores para que trabalhem de forma organizada e identificada. O presidente Juliano Cesar dos Santos afirma que a entidade busca o reconhecimento e valorização dos catadores, além de várias melhorias para a categoria.

“O objetivo é legalizar as pessoas de bem que dependem deste trabalho, porque não há como ter controle sobre aqueles que bagunçam e também são catadores. Existem ainda os catadores sazonais, que atuam em períodos que estão fora de empresas”, destaca. No futuro, a entidade busca entregar camisetas e crachás para identificar os catadores ligados à associação. “Não podem proibir as pessoas de serem catadores, mas quando estão identificadas diminui o vandalismo e a baderna”, completa.

O vice-presidente da associação, Ari de Melo, explica que a intenção é uma reunião com o prefeito Jarbas da Rosa para entrega de documentações e apresentação do projeto que comprova os benefícios do trabalho dos catadores. Segundo a entidade, o serviço dos catadores gera economia para a cadeia da destinação de resíduos – atualmente, o valor gasto com o lixo é de cerca de R$ 8 milhões por ano -, por isso, a necessidade do espaço físico. “A intenção é conseguir através de aluguel social. Já foram feitos dois orçamentos e esperamos a agenda, pois assim será possível dar mais assistência para as famílias e ampliar o número de associados. Não tem mais como esperar. Queremos o apoio das autoridades também”, diz Melo.

Os representantes mencionam que a vontade de uma sede própria acompanha a associação desde 2014. A intenção é que neste espaço cada catador tenha o seu box de trabalho com chave e, em um segundo momento, se espera conseguir unir também a organização dos materiais para entrega em carga fechada para a indústria. Para que isso seja possível, após a conquista do pavilhão, os representantes devem buscar recursos para adquirirem uma prensa, moedor e levantador de fardo.

A busca também é por mais assistência aos associados, que em épocas de baixa do recolhimento de materiais e valores, necessitam de cestas básicas para se manter. Hoje, esse trabalho de assistência é feito pela Organização Não Governamental (ONG) Planeta Vivo, fundada em 2005. Cada associado paga uma mensalidade de R$ 10. “Recebem ajuda, mas também é exigido que sejam responsáveis e sigam as regras da associação, senão são retirados”, explica Santos.

Reedução da sociedade

Outra frente defendida pela entidade é uma ação de ensino da separação do lixo, bem como a fiscalização de agentes municipais para que o trabalho seja levado a sério. “As pessoas têm que saber o que é rejeito e o que é material reciclável, mas primeiro se deve ensinar para depois cobrar com notificações e multas”, defende Santos.

Os representantes relatam que é frequente encontrarem resíduos de obras, galhos e móveis em contêineres. “Temos registros, as pessoas acham que depois que o lixo saiu das suas casas não tem mais responsabilidade sobre ele”, observa o vice-presidente. Além disso, a ideia é fazer uma campanha sobre a melhor forma de acondicionar os resíduos fora das casas e estabelecimentos comerciais para facilitar o trabalho dos catadores ou, quando possível, que o material seja pego diretamente nos locais, sem ser colocado nas ruas ou contêineres.

“O material recolhido volta para a cadeia produtiva, e este espaço físico vai ajudar muito. Assim como os catadores ajudam o meio ambiente com um trabalho que é gratuito. São agentes ambientais, que trabalham para si e para o meio ambiente.”

ARI DE MELO

Vice-presidente da Associação Catadores da Vida de Venâncio Aires


Mensalmente, os associados fazem uma coleta de em torno de 20,5 mil quilos de papéis, 22,5 mil quilos de plásticos, 4,6 mil quilos de alumínio e 8,4 mil quilos de materiais ferrosos. O que dá um total de 56 toneladas ao mês de materiais recicláveis.

  • 1 O presidente da Associação Catadores da Vida de Venâncio Aires, Juliano Cesar dos Santos, destaca que com uma melhor organização e uma sede própria, a associação poderá se inscrever para receber recursos federais destinados ao plano de resíduos sólidos.
  • 2 Ele diz que, com a Usina de Triagem parada há mais de um ano, o trabalho dos catadores se mostra ainda mais necessário. “Mesmo os resíduos que vão para o aterro afetam o ambiente. Uma hora ou outra chega até nós de volta, então é preciso um trabalho conjunto”, observa.
  • 3 Ainda no ano passado, a ONG Planeta Vivo recebeu uma emenda impositiva do então vereador Renato Gollmann (Podemos), no valor de R$ 25 mil. Com o montante, foram adquiridos materiais de Equipamento de Proteção Individual (EPIs) e identificação, como camisetas, bonés e carrinhos para o trabalho dos catadores. Em contrapartida, serão realizadas cinco oficinas de capacitação, organização e acondicionamento dos materiais com os catadores.

Retorno do Executivo


• A coordenadora de Comunicação e Marketing da Prefeitura, Daiana Nervo, afirma que o grupo solicitou agenda com o prefeito Jarbas da Rosa e que deve haver retorno em breve marcando o momento. A reunião, segundo ela, deve ocorrer ainda antes do início da 17ª Festa Nacional do Chimarrão (Fenachim). Após isso, o Executivo deve ter um posicionamento sobre o assunto.