Baixa vacinação, ambientes fechados e ‘abandono’ da máscara contribuem para as doenças respiratórias

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Dor de cabeça, tosse, espirros, nariz congestionado, garganta inflamada, cansaço e dor no corpo. Possivelmente, você já teve ou viu alguém próximo com esses sintomas nas últimas semanas. Com a queda das temperaturas, as doenças respiratórias voltaram a ser uma realidade constante no cotidiano.

Segundo o pneumologista André Luiz Rocha Puglia, o início do inverno é uma época na qual os casos de doenças respiratórias aumentam, porém, em 2020 e 2021, os números foram mais baixos em decorrência do uso de máscaras e do isolamento social. “A máscara protege com relação ao vírus da Influenza A, B, C e D (H1N1 e variantes), principalmente. Agora, sem máscara começaram a retornar esses quadros, que são comuns para o período do inverno.”

Puglia informa que, além do vírus da Influenza, para o qual é disponibilizada a vacina, outros vírus gripais de menor intensidade podem se fazer presentes. “Tem uma gama imensa, adenovírus, rinovírus, myxovirus e outros. Muitas pessoas ainda não fizeram a vacina da gripe e, quem fez, não teve tempo para criar os anticorpos. Além disso, ela protege contra a Influenza, que é a mais grave, mas os casos gripais também podem acontecer de vírus mais leves”, detalha.

De acordo com o pneumologista, o vírus da gripe sofre mutações anualmente, por isso a vacina é tão necessária. “São cepas anuais, para as quais são feitas novas vacinas. O vírus se modifica e o organismo não reconhece, por isso, é necessário realizar a vacina todos os anos”, enfatiza.

Da mesma forma, o prefeito de Venâncio Aires, Jarbas da Rosa, que também é médico, reforça a necessidade de a população buscar a vacina contra a gripe e a Covid-19. Além disso, ele destaca a importância do uso de máscara pelas pessoas que estiverem com sintomas respiratórios. “É uma atitude de bom senso, uma ação muito legal. Não precisa ter vergonha de usar a máscara, pois isso ajuda a proteger as outras pessoas”, comenta.

Para Jarbas, o fato de muitas pessoas, especialmente crianças e idosos, terem ficado isoladas ao longo dos últimos dois anos, explica a baixa resistência a vírus mais comuns, fazendo com que casos assim sejam frequentes. “Muitas crianças estão tendo contato com esses vírus pela primeira vez. Além disso, caiu muito a cobertura da vacinação contra a gripe. Precisamos reverter isso”, alerta.

Montanha-russa climática

Durante a última semana, o morador de Venâncio Aires conviveu com temperaturas que variaram de 7º C (na manhã de domingo, 21) até os 29º C (presenciados na tarde de quarta-feira, 25), além do sol de domingo a quarta-feira, e da chuva nos últimos dois dias – é a montanha-russa climática do estado. As mudanças climáticas são apontadas por muitas pessoas como as responsáveis pelos resfriados.

Outro fator que tem sido bastante destacado é uma possível queda da imunidade das pessoas. O pneumologista André Puglia pontua que ela tem relação com o estilo de vida das pessoas. “Alimentação e atividades físicas, por exemplo são importantes. Não acredito que o motivo do aumento de casos seja uma queda de imunidade ocasionada pós-Covid, e sim relacionado à época do ano e o desuso da máscara.”

*Colaborou Juliana Bencke

“É difícil prever o tempo que permaneceremos com essa quantidade de casos. Com o aumento da vacinação, deve reduzir os quadros virais mais severos. As demais gripes continuarão, mas as pessoas não precisarão ir aos serviços de saúde, podendo resolver alguns problemas em casa – mesmo que não seja a melhor das opções. Acredito que, em duas ou três semanas, os casos de Influenza devem reduzir.”

ANDRÉ PUGLIA

Médico pneumologista

Alguns motivos para a proliferação dos vírus nos dias frios

• Tendência de que os ambientes fiquem mais fechados por conta do frio. Assim, caso uma pessoa esteja com o vírus, pode transmitir ao tossir, espirrar e até por meio da fala. No verão, os ambientes estão mais arejados e diminui as chances, que ainda existem, mas em menor quantidade;

• O frio provoca o fechamento de vasos sanguíneos da garganta e da respiração. As células que defendem o organismo estão nesses vasos e, com isso, o vírus pode entrar e se alojar no local.

Dicas de prevenção:

1 O uso de álcool gel é uma medida higiênica essencial para todas as doenças;

2 A máscara se mostrou eficiente, entretanto, o pneumologista André Puglia reconhece que é difícil retornar o uso porque as pessoas estão cansadas, após dois anos utilizando-as. “Mas no mundo perfeito, ela seria importante, com todos usando”, salienta.

3 Não fumar é importante, para não baixar a resistência ou interromper as vias aéreas.

4 A atividade física melhora todo o organismo, e uma alimentação adequada colabora, incluindo frutas e verduras, que aumentam a imunidade.

5 Cuidados em ambientes de aglomeração também são importantes.

Cobertura da vacinação dos grupos prioritários em Venâncio Aires:

2021 (%) 2022 (% até 21 de maio)

Crianças: 59,9 Crianças: 23,3

Gestantes: 83,5 Gestantes: 30

Trabalhadores da saúde: 69,7 Trabalhadores da saúde: 40

Puérperas: 93,4 Puérperas: 27,5

Idosos: 57,3 Idosos: 46,1

Trabalhadores Educação: 35

Total: 59,74% Total: 40%

A vacinação contra o vírus da Influenza segue até a próxima sexta-feira, 3, para os grupos prioritários: trabalhadores da saúde, idosos, crianças de 6 meses a 5 anos, trabalhadores da educação, gestantes e puérperas (mulheres até 45 dias após o parto). Posteriormente, a vacina fica disponível para toda a população.



Leonardo Pereira

Leonardo Pereira

Natural de Vila Mariante, no interior de Venâncio Aires, jornalista formado na Universidade de Santa Cruz do Sul e repórter do jornal Folha do Mate desde 2022.

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