Batalha da Quadrinha busca quebrar estereótipos a partir da arte

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Para quem não conhece, uma aglomeração de jovens comemorando após uma frase rimada pode parecer estranha. Mas essa é a realidade da Batalha da Quadrinha, um grupo que organiza batalhas de rimas – também conhecidas como batalhas de rap, de MCs ou clash – no Parcão, no bairro Bela Vista. São seis jovens, entre 18 e 22 anos, os responsáveis pela Batalha da Quadrinha, que teve seu primeiro evento em 20 de maio e busca mudar a visão da sociedade com relação ao hip-hop.

Wellinton Domingos (Dente), 20 anos, Vitor Gabriel Gomes, 20 anos, Alice de Moraes, 19 anos, Augusto Rehbein, 18 anos, João Vitor Silva, 20 anos, e Ruan Camargo, 19 anos – além de Luiz Oliveira, 22 anos, e Mariana Butzke, de 24 anos, que também são apoiadores. Esses são os responsáveis pela organização das batalhas, que sempre contam com oito ou mais MCs para duelar. “Sempre fazíamos rimas e freestyle quando nos encontrávamos. A ideia sempre tivemos, mas faltava o lugar. Na Quadrinha, tivemos essa conexão e, após a criação do perfil no Instagram, houve enorme apoio”, conta Vitor Gabriel.

Como funciona

As batalhas de rima podem ser divididas em duas categorias – todas com a ‘batida’ ao fundo para dar ritmo às frases. A mais conhecida é a Batalha de Sangue, na qual cada participante tem 45 segundos para rimar, com quatro versos para cada e, na segunda rodada, quatro sequências com duas rimas. A diferença central dela é poder ‘atacar’ o adversário verbalmente.

Já nas batalhas de conhecimento, as rimas são feitas a partir da sugestão de um tema, seja política, economia ou cultura, entre outros. As decisões são feitas, primeiramente, na comemoração da torcida e, em caso de dúvida quanto ao resultado, é realizada votação com a mão para o alto. Em alguns momentos, a decisão é por conta de jurados pré-definidos, em caso de empate.

Grupo busca por apoio para aumentar o projeto

Augusto Rehbein, o Gus, pontua o papel das batalhas como revelador de talentos e liberdade de expressão. “A sensação é única, com a plateia comemorando as suas rimas”, detalha. Segundo ele, a batalha também busca alcançar um público diferente, que, por vezes, tem preconceito com a cultura. “Diversas pessoas vieram me contar que, ao assistir, notaram que é uma arte e merece respeito”, explica.

Recentemente, a Batalha da Quadrinha ganhou o apoio da Organização Não Governamental (ONG) Consciência e Atitude (Coat), contudo, os eventos se mantém com pouco auxílio e os custos são todos arrecadados pelos organizadores – principalmente com vaquinhas. “É preciso ‘botar a cara’ e ter persistência, por que não somos aceitos de primeira. Existe uma resistência da sociedade”, frisa Dente.

Wellington (Dente), Vitor Gabriel, Alice e Augusto são alguns dos organizadores. (Foto: Leonardo Pereira)

De acordo com Alice, as batalhas dependem do tempo para serem realizadas e um dos objetivos é melhorar o ambiente do Parcão para expandir o público. “Seja com lixeiras no local ou brita na entrada – que fica com barro quando chove -, merecemos, pois o evento é organizado, não tem bagunça e nem barulho alto”, detalha.

Divulgação

Até o momento, a maior ferramenta de divulgação da Batalha da Quadrinha é o perfil do Instagram @batalha_da_quadrinha, alcançando o público jovem. Pelo perfil, são divulgadas as edições e, na aba ‘destaques’, encontram-se fotos e vídeos de todas as edições. “Fora do Instagram também pensamos no coletivo, queremos alcançar um público voltado para famílias, pensando nisso, fizemos a mudança de dia e horário das edições (de sextas à noite para domingos à tarde). Pretendemos alcançar esse laço mais familiar”, relata Dente.

De acordo com ele, esse horário é mais acessível para que pais levem seus filhos para o evento, e, com isso, façam parte do movimento. “Assim, percebem que o hip-hop tem espaço para todas as idades e estilos. O importante é se sentir em casa”, comemora.

Vitor Gabriel relata que, nesse momento, ainda falta conhecimento da população com a Batalha da Quadrinha, que, por vezes, até curte o movimento, mas não participa. “Se pesquisar mais, vão nos encontrar e pode chegar, serão muito bem-vindos”, frisa.

‘Rap City’ ocorre neste domingo

  • Neste domingo, 13, o evento beneficente ‘Rap City’ será realizado, a partir das 14h, no Chimarródromo, no Parque Municipal do Chimarrão. O apoio é da ONG Coat;
  • A programação contará com batalhas de rima e show com artistas locais e da região;
  • O ingresso será um quilo de alimento não perecível ou um livro.


Leonardo Pereira

Leonardo Pereira

Natural de Vila Mariante, no interior de Venâncio Aires, jornalista formado na Universidade de Santa Cruz do Sul e repórter do jornal Folha do Mate desde 2022.

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