Cristiane, Patrícia e Dieferson atestam os benefícios de ter o biodigestor instalado na escola (Foto: Taís Fortes/Folha do Mate)
Cristiane, Patrícia e Dieferson atestam os benefícios de ter o biodigestor instalado na escola (Foto: Taís Fortes/Folha do Mate)

É comum ouvir que pequenas ações podem gerar grandes transformações. No caso de Venâncio Aires, um projeto que iniciou de forma tímida tomou grandes proporções e, hoje, já é exemplo nacionalmente. No ano passado, a Prefeitura iniciou a instalação de biodigestores em escolas do município por meio do programa Lixo Zero.

No total, 22 educandários foram contemplados com a instalação dos equipamentos e de fogões apropriados para a utilização do biogás gerado a partir do processo de decomposição dos alimentos. Graças ao sucesso da iniciativa, a Capital do Chimarrão se tornou referência para o programa Escolas +Verdes, desenvolvido pelo Ministério do Meio Ambiente.

Além do destaque nacional, a iniciativa tem gerado benefícios para as instituições de ensino. Segundo a fiscal de Meio Ambiente e coordenadora do programa Biodigestores nas Escolas, Carin Gomes, o uso dos biodigestores reforça a atenção para a conscientização e garante outras vantagens para as escolas.

Benefícios

Como exemplo ela cita a utilização do biogás na cozinha dos estabelecimentos de ensino, o que, mesmo sem suprir toda a demanda, gera economia. “Essa redução nos gastos varia de 20% a 50%”, comenta. O processo feito pelo biodigestor também gera biofertilizante, ou seja, um adubo líquido orgânico, que é usado pelos educandários e doado à comunidade para ser aplicado em pomares e hortas.

“O objetivo de utilizar os biodigestores é a educação ambiental”, ressalta Carin. No biodigestor podem ser colocadas sobras de todos os tipos de alimentos, sendo necessário, apenas, ter mais cuidado com os cítricos.

O agente escolar de cada instituição de ensino é o responsável por esse trabalho. O assunto também vira tema de aprendizado na sala de aula, especialmente sobre temas relacionados à agricultura orgânica e à nutrição. Para a coordenadora do projeto, foi uma surpresa a iniciativa ter alcance nacional.

Ela também salienta o grande envolvimento dos educandários. “Está ultrapassando os limites das escolas. Todos ficam muito animados em se envolver. É algo diferente e estamos aprendendo juntos”, relata.

“O biodigestor é uma ferramenta tecnológica e inovadora que desperta a curiosidade e toda a questão da sustentabilidade dentro da escola.”

CARIN GOMES – Coordenadora do programa Biodigestores nas Escolas

Frutos concretos

Com 116 alunos que frequentam desde o berçário até o Pré B, a Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Pingo de Gente, do bairro Battisti, é um dos estabelecimentos de ensino que recebeu a instalação do biodigestor. Isso aconteceu em junho do ano passado.

Comunidade escolar da Emei Pingo de Gente construiu uma horta na qual utiliza o biofertilizante (Foto: Taís Fortes/Folha do Mate)

Segundo o agente escolar Dieferson Umbelina, todo tipo de alimento que sobra na escola é colocado no biodigestor. O equipamento colocado na Emei Pingo de Gente tem capacidade para 10 quilos e, diariamente, são depositados nele de sete a oito quilos de sobras. Antes, todos esses resíduos eram destinados para a coleta de lixo.

Umbelina ressalta que esse projeto proporciona benefícios em três pontas: diminuição dos custos com o recolhimento de lixo, economia no valor investido para comprar gás de cozinha e geração de adubo orgânico para ser usado na escola e doado à comunidade. Além disso, os temas reciclagem e cuidado com o meio ambiente são trabalhados em sala de aula com as crianças no formato de projetos.

Tanto que as turmas, com o auxílio dos professores, da equipe diretiva e dos agentes escolares, criaram uma horta no pátio do educandário. Conforme um relatório feito pela escola, de maio até novembro deste ano foram produzidos 1.115 litros de biofertilizante. O material, resultante do processo de fermentação feito pelo equipamento, é recolhido a cada 15 dias.

Segundo a diretora da Emei Pingo de Gente, Cristiane Pfaffenseller, e a vice-diretora, Patrícia Cristina Hoffmann Walker, hoje, além da aplicação feita na escola, o adubo orgânico líquido é doado para toda a comunidade do bairro, que aderiu muito bem à ideia. Os recipientes com o material são deixados em frente à escola para que as pessoas possam retirar.

O projeto da horta foi realizado nos paletes e estimula, também, a alimentação saudável entre as crianças, que podem acompanhar o desenvolvimento das plantas que elas trouxeram de casa e plantaram no local.