Acompanhar o crescimento de uma criança até a fase da adolescência e maioridade, é extremamente importante. E todos estes registros, geralmente, são anotados em uma caderneta de saúde, que vem acompanhada de dicas, orientações e índices usados pelos pais e pediatras. No entanto, desde 2020, o material, chamado de Caderneta da Criança, que era distribuído pelo Governo Federal, não chega mais até a população de forma impressa.
A alternativa das equipes de saúde de Venâncio Aires, já que não se tinha previsão de quando a caderneta voltaria a chegar para as famílias, foi primeiramente imprimir um modelo disponibilizado pelo Governo do Estado, por meio da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) e editado pelo município.
Mais tarde, segundo a enfermeira coordenadora do setor de imunizações, Janete Fernandes de Souza, houve a solicitação para que um novo material fosse criado pela Prefeitura, com folhas que aumentassem a durabilidade do material. Desde abril deste ano, o Cartão da Criança, que chega até os papais e mamães, é neste formato. O modelo é único, seja para menina ou menino, e tem espaço para preenchimento de informações mais completas, como a identificação da criança, dados do nascimento, testes feitos e a parte para registro vacinal. A entrega já acontece no hospital, quando a criança nasce.
Sobre o motivo da interrupção da caderneta de saúde por parte do Governo Federal, Janete afirma não ter recebido uma justificativa. “Simplesmente deixou de vir”, constata. O único método que ficou disponível é o acesso ao arquivo de forma digital, em PDF, para impressão independente do material, aos pais que desejavam.
Em contato com a Secretaria da Atenção Primária à Saúde, do Ministério da Saúde, foi informado que as equipes têm conhecimento desta falta de distribuição e que um processo licitatório já foi concluído para que o material volte a chegar até a população. No momento, as edições da caderneta estão sendo impressas em gráfica e ainda não há previsão de quando chegam até os municípios. No entanto, foi afirmado que todas as crianças que não receberam o material, desde 2020, terão direito a receber, caso queiram transcrever as informações das cadernetas mais simples para esta do Governo Federal.
Pais notaram a mudança
Franciele Beatriz da Silva Niedermayer, 27 anos, é mãe de dois filhos: Victória Luíza da Silva Niedermayer, de 3 anos, e Victor Henrique da Silva Niedermayer, de apenas 15 dias. A jovem comenta ter notado que, quando nasceu o segundo filho, recebeu um documento diferente daquele que havia recebido há alguns anos, quando deu à luz à filha. “Logo estranhei, porque me lembrava que era um livro maior”, observa.
A família é moradora do interior do município, da localidade de Linha Rincão de Souza. A avó das crianças e mãe de Franciele, Maria Clarice da Silva, 53 anos, é aposentada e ajuda a cuidar dos netos. Ela também enfatiza que a caderneta maior era mais completa, com orientações e dicas importantes.
Franciele menciona também que o modelo anterior, disponibilizado pelo Governo Federal, era mais organizado e espaçoso. “Assim, ficamos com muitas folhas juntas e soltas. Tenho medo de perder algo ou de estragar as folhas, pois são comuns e finas”, justifica. A mãe reforça que espera que o material antigo volte a ser distribuído, mas, por enquanto, as opções disponibilizadas pela Prefeitura conseguem suprir a falta, principalmente para o registro das vacinas, que são aplicadas nas fases mais importantes do desenvolvimento das crianças.
Histórico da caderneta
1 Até 2018, o material era denominado Caderneta de Saúde da Criança e teve 12 edições. Em 2019, após modificações no conteúdo, o nome foi mudado para Caderneta da Criança. A primeira edição permitiu o registro de informações não só das questões de saúde, mas também pelas demais políticas sociais, especialmente assistência e educação.
2 Em 2020, foi publicada a segunda edição da Caderneta da Criança, mas somente na versão digital, trazendo apenas alguns ajustes de formatação e atualizações. Já em 2021 foi publicada a terceira e mais recente edição.
Fonte: Ministério da Saúde
- Ao digitar em qualquer navegador as palavras ‘Ministério da Saúde Caderneta da Criança’, podem ser encontrados arquivos em PDF com as versões digitais para impressão na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Além de lojas on-line que também comercializam modelos de cadernetas com opções personalizáveis.
Opinião do profissional
• A pediatra Fernanda Sousa de Almeida afirma que a falta da caderneta é uma perda enorme, já que nela constavam diversas informações, como gráficos de peso, altura e medidas. Além de patologias, doenças e alergias que a criança pode ter.
• “É praticamente um documento da criança, com muitos dados pessoais, de nascimento e do acompanhamento nos primeiros 18 meses de vida. Facilita, pois deixa registrado e qualquer médico que vá atender e examinar a criança pode conferir estes dados”, comenta.
• As orientações para as famílias também são importantes, segundo Fernanda, como cuidados, alertas e prevenções. “Não sabemos porque parou de vir e nem quando vamos voltar a ter, mas facilita nossa vida e permite um acompanhamento completo da criança”, conclui.