A 76ª reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco, realizada nesta quarta-feira, 16, de forma híbrida, teve como pautas principais a mobilização para a 11ª Conferência das Partes (COP 11) da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, marcada para ocorrer de 17 a 22 de novembro em Genebra, e a avaliação do atual cenário de exportações, especialmente após o anúncio de novas tarifas pelo governo dos Estados Unidos.
Durante o encontro, representantes das entidades que integram a cadeia produtiva discutiram estratégias para garantir maior participação e transparência na COP 11. A principal preocupação gira em torno da posição oficial que o Brasil, segundo maior produtor de tabaco do mundo e líder em exportações, levará à conferência. A agenda provisória da COP 11, divulgada pelo Secretariado da Convenção-Quadro, contempla temas como medidas futuras de controle do tabaco (Artigo 2.1); responsabilização jurídica do setor por danos causados (Artigo 19); proteção ambiental e da saúde humana frente aos possíveis impactos dos produtos de tabaco (Artigo 18); regulamentação do conteúdo e da divulgação de produtos de tabaco (Artigos 9 e 10); e proteção das políticas públicas dos interesses da indústria (Artigo 5.2 e 5.3).
No país, a Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (Conicq) é quem formata a posição oficial que será levada para as Conferências das Partes, encontros realizados entre os 183 países que aderiram à CQCT. Até o momento, a Conicq não se manifestou sobre os temas e o grupo teme uma postura arbitrária como o ocorrido em outras sessões, em que a cadeia produtiva, representantes eleitos e até mesmo a imprensa regional foi mantida à distância das discussões.
O presidente da Câmara Setorial, Romeu Schneider, lembrou da posição do embaixador Tovar Nunes em recente visita de uma comitiva do setor à Genebra, que se comprometeu em manter o diálogo entre as partes e de promover reuniões de briefing ao fim de cada dia para o setor acompanhar o que está sendo discutido.
Exportações em alta e tarifas dos EUA
O presidente do SindiTabaco, Valmor Thesing, apresentou o desempenho das exportações brasileiras de tabaco no primeiro semestre de 2025. Pesquisa conduzida pela Deloitte estima que, em 2025, os embarques devem ser superiores aos de 2024, na faixa de 10% a 15%, tanto em dólares, quanto em volume. Entre janeiro e junho, o Brasil exportou 206,5 mil toneladas e US$ 1,36 bilhão, +5,77% e +9,5%, respectivamente, em comparação com 2024, segundo dados do ComexStat, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. China, Bélgica, Indonésia, Estados Unidos, Indonésia, Turquia e Emirados Árabes estão entre os principais destinos no primeiro semestre de 2025.
Thesing também contextualizou a preocupação do setor em torno da recente tarifa imposta por Trump aos exportadores brasileiros. “No último ano embarcamos US$ 255 milhões e quase 40 mil toneladas aos EUA. Anualmente, o mercado americano representa, em média 9% de todos os embarques, o que é significativo. Tendo em vista a demanda de tabaco ao redor do mundo, acreditamos que é possível realocar o produto para outros destinos, mas claro que este não é o cenário ideal, considerando a ruptura logística que teremos. Há de se considerar que o tabaco está neste momento comercializado e dentro das empresas sendo processado. Ou seja, uma parte significativa ainda não foi embarcada”. Thesing acredita, no entanto, em uma saída diplomática. “Ambas as nações saem perdendo. Estamos confiantes de que teremos uma negociação em torno do tema”, comenta. Entre janeiro e junho, o Brasil já embarcou 19 mil toneladas de tabaco, o que representou US$ 129 milhões em divisas.