Na expectativa de aliviar o número de procedimentos da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), no bairro Cruzeiro, especialmente ligados aos sintomas e tratamento da dengue, a Secretaria de Saúde de Venâncio Aires instalou, junto à Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro Gressler, o Centro Especializado no Atendimento à Dengue.
O local dispõe de médico, enfermeiro e técnico em enfermagem de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h. O serviço é uma alternativa extra para a demanda de casos de dengue que aumentam a cada novo boletim epidemiológico. No entanto, os atendimentos e diagnósticos também seguem nas demais unidades de saúde e na UPA.
O prefeito Jarbas da Rosa explica que o centro deve funcionar até o fim do mês de abril, quando será feita uma nova avaliação da situação para verificar a necessidade da permanência do serviço. A assessoria de imprensa da Prefeitura informa que nos últimos 15 dias, os casos de dengue tiveram crescimento de 277% em Venâncio Aires.
Em entrevista concedida ao programa Folha 105 – 1ª edição, da Rádio Terra FM, a vice-prefeita Izaura Landim reforçou a preocupação geral no município e a necessidade de realização de ações que possam minimizar os impactos da epidemia de dengue. Ela enfatizou que, mesmo com o novo serviço, as pessoas devem se direcionem para a unidade de saúde mais próxima de suas casas.
“Peço que as pessoas usem repelente, principalmente quem foi infectado. É um momento de cuidado e responsabilidade social. Quem tiver sintomas, é preciso fazer ingestão de líquido e procurar atendimento para receber a medicação adequada”, explicou ela, que é formada em Enfermagem.
Situação grave
A enfermeira coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Venâncio Aires, Carla Lili Müller, e o secretário de Saúde, Alan Flores da Rosa, participaram ontem do programa jornalístico Terra em Uma Hora, da Rádio Terra FM, e esclareceram a situação e os casos de dengue no município. “A situação está grave. As pessoas estão adoecendo ao mesmo tempo e o sistema precisa dar conta, se organizar de melhor forma. Estamos nos mobilizando para tentar combater de todos os lados”, afirmou.
Carla reforçou que, historicamente, comparado a anos anteriores, os casos de dengue começavam a surgir em abril, diferente deste ano, por conta da influência climática. “Acreditamos que as piores semanas são essas e as próximas, para depois vir o declínio de casos”, disse. A enfermeira informou que, pela notificação de laboratórios e através de painel viral, foi detectado que além do vírus da dengue, Venâncio Aires está com a circulação dos vírus da gripe A e B e de Covid-19, mas sem a gravidade que a dengue apresenta no momento.
Rosa reforçou o pedido para que as pessoas continuem procurando a unidade de saúde mais próxima, principalmente as Estratégias de Saúde da Família (ESFs) que dispõe de atendimento médico nos dois turnos. “Foram reagendadas para daqui duas semanas consultas de rotina e pedidos de exames para que a agenda fique, de preferência, para atendimentos de sintomas de dengue”, comentou.
Já no caso das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), que dispõem de médicos apenas em um turno, o indicado é que a população se desloque até a unidade mais próxima e, caso lá não encontre atendimento médico, os profissionais direcionam para o novo centro de atendimento à dengue, no bairro Gressler.
Testes de dengue na UPA
- O secretário de Saúde, Alan Flores da Rosa, disse em participação no programa que foram adquiridos 3 mil testes de dengue, que devem chegar nesta semana e serem disponibilizados na UPA, para uso de pessoas enquadradas nos grupos prioritários.
Eliminação dos criadouros
- Carla Lili Müller reforçou que toda a comunidade precisa contribuir neste momento com a eliminação dos criadouros do mosquito. Ela pediu que sejam revisados os pátios, pelo menos uma vez na semana. O ralos precisam ser tapados com qualquer material, como meia-calça ou TNT, e tampas de vasos de flores precisam ser revisadas também. O tempo para o ovo virar mosquito dura em torno de 7 a 10 dias. “O objetivo é esse, temos que contar com a ajuda de toda comunidade, senão não vamos dar conta”, alertou.
- Alan Flores da Rosa destacou o cuidado coletivo com terrenos baldios e, se preciso, que a população faça contato pelo telefone da Vigilância Sanitária para denúncias, o (51) 2183-0757. “Estamos fazendo o que podemos. Passando fumacê nas ruas, instalando as caixas do Aedes do Bem e mantendo a circulação de agentes de endemias e de saúde”, comentou. O secretário também destacou que a equipe está estudando a contratação de uma empresa que passará em todas as casas aplicando uma solução biológica contra o mosquito.
Sintomas e tratamento
1 Carla explicou que a dengue é uma doença viral e que não é transmitida de pessoa para pessoa. O vetor da transmissão é o mosquito fêmea do Aedes aegypti infectado. A partir da picada, que geralmente não é sentida – pois o mosquito voa baixo e tem menos de um centímetro -, dentro de cinco a 10 dias a pessoa passa por um quadro abrupto de febre, dor no corpo, na cabeça, nas articulações, no fundo dos olhos e cansaço. Além disso, a enfermeira ressaltou que, geralmente, as pessoas não sentem o sabor dos alimentos (fica um gosto amargo) ou não têm apetite para alimentos ou água.
2 Nesta situação, a pessoa precisa passar por uma avaliação médica e atendimento para início do tratamento, que não é específico para a doença e sim contra os sintomas, além de receber hidratação. Cada paciente precisa consumir uma quantidade de água específica: 60 mililitros de líquidos por quilograma. Ou seja, se a pessoa pesa 60 quilos, precisa ingerir 3,6 litros de líquido, sendo um terço em sais de reidratação e, o restante, com água, chás e o que preferir. Em caso de náusea, é preciso tratar o sintoma antes para conseguir ingerir líquidos. É contraindicado o uso de anticoagulantes, anti-inflamatórios e corticoides no tratamento.
3 Ela enfatizou que, geralmente, as pessoas são resistentes a procurar atendimento e chegam tarde, em torno do sexto dia de sintomas, o que já pode ter levado a um quadro agravado da doença, com sangue na urina, nas fezes e ao escovar os dentes, barriga inchada e vômito persistente. Casos que podem exigir internação.
Boletim
No último dado divulgado, na terça-feira, 16, Venâncio Aires contabilizava 605 casos de dengue, mas a enfermeira coordenadora da Vigilância Epidemiológica, Carla Lili Müller, acredita que ontem o número já tenha passado dos 615 positivados. Ela ressaltou que da última quinta-feira 11, até ontem, são em torno de 40 a 50 casos de dengue confirmados por dia no município. O total de notificados está em 808 pessoas. Carla destacou que todos os dias os números aumentam. Em análise são 49 casos.