A safra de tabaco iniciada no ano passado foi marcante para a família Silva e simbolizou um recomeço. A enchente histórica de maio de 2024 atingiu a propriedade da família em Picada Mariante, interior de Venâncio Aires, causando danos significativos às estruturas dos galpões, estufas e canteiros. Além disso, mais de 30 mil mudas, prontas para serem transplantadas para a lavoura, foram comprometidas.
Diante desse cenário, Ademar da Silva, 59 anos, e Márcia Brandão da Silva, 54 anos, buscaram um novo pedaço de terra para recomeçar a safra do zero. Em junho, encontraram uma propriedade em Linha Tangerinas, cerca de 30 quilômetros de distância das terras próprias. A área foi arrendada para o plantio de 38 mil pés de tabaco.

Na próxima semana, o agricultor concluirá a colheita. Silva considera o resultado satisfatório. A história teve um final feliz. Apesar dos desafios enfrentados ao longo do último ano e do fato de ser a primeira safra na nova propriedade, a produção se desenvolveu bem. “Agora, a expectativa é de uma boa venda. Espero que o tabaco seja valorizado, pois a coloração está bonita. Estou curioso para ver como será a comercialização no galpão das propriedades este ano”, comenta.
De volta para casa
O desejo da família Silva é retornar para a propriedade de 12 hectares em Picada Mariante até abril deste ano. “Como minha esposa e eu vamos nos aposentar este ano, vou reduzir a produção na próxima safra. Pretendemos voltar para nossa casa e plantar 25 mil pés de tabaco. Lá é o nosso lugar. Meus filhos, Kelly e Kelvyn, sempre me pedem para voltarmos para Picada Mariante”, conta Silva.
Ele compartilha o receio de enfrentar uma nova enchente, mas destaca os aprendizados trazidos por essa experiência. “A esperança é que, com a duplicação da RSC-287, sejam construídas pontes secas. Sabemos que isso não eliminará completamente as enchentes, mas, ao menos, reduzirá sua proporção. A preocupação permanece em ter que enfrentar outra enchente”, pontua.
Colheita deve se intensificar nos próximos dias
Conforme dados divulgados pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), até a primeira semana de janeiro, 80% da produção de tabaco do tipo Virgínia e 30% do tipo Burley já haviam sido colhidos em Venâncio Aires. No entanto, a colheita deve se intensificar nos próximos dias devido às previsões de tempo seco.
Com isso, a expectativa é que, até meados de fevereiro, a colheita esteja praticamente concluída na maioria das lavouras da Capital do Chimarrão.
A Afubra também divulgou os dados gerais da safra iniciada no ano passado. No Rio Grande do Sul, por exemplo, a safra 2024/25 registrou o plantio de 131.789 hectares, representando um aumento de 4,6% em relação à safra anterior. Já em Venâncio Aires, foram plantados 8.778 hectares na safra 2024/25, um crescimento de 6,2% em comparação com a safra passada.
O número de famílias produtoras no município também apresentou um pequeno acréscimo. Em 2024/25, são 3.695 famílias, 0,5% a mais do que na safra anterior.
A safra de tabaco do Sul do Brasil 2024/25 contabiliza 309.982 hectares de área plantada, um aumento de 9,08% em relação à safra anterior. O número de famílias envolvidas na produção também cresceu, passando de 133.265 em 2023/24 para 138.020 na safra atual — um acréscimo de 3,57%.
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