Como prevenir o câncer de intestino grosso e reto

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Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), no ano passado, o câncer do intestino grosso (cólon e reto) foi o segundo mais diagnosticado em homens e mulheres, com números acima dos 20 mil novos casos em ambos os sexos. Os números assustam e chamam a atenção para o câncer colorretal, a terceira maior responsável por mortes decorrentes de câncer, também com mais de 20 mil óbitos.

O coloproctologista Pedro Henrique Lourenço Borges explica que o reto se caracteriza como a parte final do intestino grosso ou cólon, e se divide em três partes: baixo, médio e alto. O reto baixo é o segmento mais próximo do orifício anal e o alto fica até 15 centímetros acima do ânus. “O câncer que se desenvolve no reto, na imensa maioria das vezes, é o mesmo que surge nas outras porções do intestino grosso, o chamado adenocarcinoma”, explica o médico.

Segundo Borges, o câncer retal compartilha os mesmos fatores de risco do câncer de cólon. Um dos fatores de risco é o histórico familiar, já que a doença tem importante fator genético associado. “Pessoas que tiveram parentes de primeiro grau diagnosticados com câncer colorretal devem procurar orientação médica especializada, pois estão expostas a um maior risco para o desenvolvimento desta doença do que a população em geral”, comenta.

A idade é outro fator. De acordo com o médico, a maioria dos casos são diagnosticados acima dos 50 anos, faixa etária de recomendação para início de rastreio. Obesidade, consumo de álcool e tabaco também são fatores de risco, assim como o consumo de carnes processadas, como bacon, presunto, charque e embutidos de modo geral, são fator de risco comprovado.

Prevenção e tratamento

Como formas de proteção, o médico cita a atividade física regular e a manutenção de uma dieta equilibrada com alto teor de fibras e alimentos naturais. Borges evidencia que, acima de qualquer fator de proteção contra o câncer colorretal, está a atenção às recomendações de rastreio e o diagnóstico com acompanhamento médico.

O principal exame de prevenção é a colonoscopia, indicada para pessoas a partir dos 45 anos, ou até mesmo antes disso, a depender dos antecedentes familiares e pessoais. Infelizmente, segundo o coloproctologista, o câncer de reto não manifesta sintomas em estágio inicial, quando as chances de cura são maiores, por isso a importância de realizar o exame e conseguir tratar as lesões de forma endoscópica, ou seja, sem cortes. “Sim, câncer tem cura e um dos principais responsáveis por isso é o diagnóstico precoce”, reforça.

Quando diagnosticado o câncer retal, Borges destaca que é fundamental a definição com precisão da distância da lesão até a borda anal. “Muitos tumores de reto baixo e médio podem precisar de uma abordagem chamada de neoadjuvante, em que a quimioterapia e radioterapia poderão ser indicadas com o objetivo de aumentar as taxas de cura após a cirurgia”, esclarece.

A retirada cirúrgica do segmento intestinal com a doença ainda é a melhor alternativa para a cura. O médico explica que a cirurgia pode ser realizada pelo método tradicional, com corte, ou por laparoscopia, e ressalta que métodos de cirurgia robótica também já são empregados nesta condição, para maior precisão. De forma geral, é respeitado o estágio da doença e são estudadas as modalidades de tratamento que tenham mais chances de cura, como a quimioterapia e a radioterapia.

  • 3 mil – É a estimativa do Ministério da Saúde para os novos casos de câncer colorretal no Rio Grande do Sul em 2023.

“Alguns fatores de risco não podemos mudar, como a idade e a herança genética, mas manter um padrão de vida saudável e evitar os elementos que têm associação com esta doença é uma opção nossa.”
PEDRO HENRIQUE LOURENÇO BORGES
Coloproctologista

Sintomas

  • Quando raras são as manifestações da doença, a pessoa pode ter sangramento misturado nas fezes, perda de peso não intencional, dor relacionada às evacuações e mudança no hábito intestinal usual.
  • Também pode ocorrer uma situação em que a pessoa sente vontade de evacuar, mas quando vai ao banheiro não consegue. A isso é dado o nome de tenesmo, que é mais comum em tumores mais próximos do ânus.


Luana Schweikart

Luana Schweikart

Jornalista formada pela Unisc - Universidade de Santa Cruz do Sul. Repórter do Jornal Folha do Mate e da Rádio Terra FM

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