O mês de agosto é lembrado no calendário da saúde com a cor verde-claro, em alusão à conscientização e combate ao câncer de linfoma. Para saber um pouco mais sobre esta doença, que é um tipo de tumor maligno, o hematologista e hemoterapeuta Marcelo Ferreira Paiva explica sobre os cuidados e os fatores que levam as pessoas a terem câncer nos linfonodos.
O médico esclarece que este tipo de câncer atinge os órgãos do sistema linfático (tecidos do sistema imunológico), onde são produzidas células específicas, chamadas de linfócitos. Estas células estão por todos os órgãos no corpo do ser humano, e por isso, o linfoma pode aparecer em qualquer local, não necessariamente somente nos linfonodos.
Apesar de a célula doente sempre ser a mesma, o linfócito, cada uma apresenta marcadores diferentes em sua estrutura, que podem ser vistos em exames especializados solicitados pelo médico patologista. Dessa forma, é feita a primeira divisão no diagnóstico de linfoma, separando entre linfoma de Hodgkin, que se espalha de forma ordenada entre um grupo de linfonodos para outro; e linfoma não-Hodgkin, que se espalha de maneira não ordenada e pode começar em qualquer lugar do corpo. “Esta diferenciação é importante pois a agressividade da doença, os tratamentos e a expectativa quanto à resposta do tratamento são muito diferentes”, afirma. O hematologista destaca ainda a ampla variedade do linfoma não-Hodgkin, que pode acometer a pele, o baço, estômago, intestino e ter respostas de tratamento completamente diferentes.
O linfoma de Hodgkin tem dois picos de incidência na população, o primeiro e maior pico é entre jovens de 20 a 25 anos e o segundo pico na população após os 60 anos. Já o linfoma não-Hodgkin é mais comum em adultos em qualquer faixa de idade.
Diagnóstico
Marcelo evidencia que existem condições que predispõem o surgimento de qualquer câncer, quando causam mutações genéticas, que é o caso de exposição a agrotóxicos, pesticidas, radiação e vírus como o HIV e das hepatites, por isso, é indispensável o uso de equipamentos de proteção (EPIs).
No geral, o especialista reforça que quando há o aumento de linfonodos – chamados de ínguas – em alguma região, que não regridem de tamanho e são endurecidos, é preciso passar por avaliação médica. Também há outros sintomas que aumentam a suspeita do linfoma, como perda de peso e febre sem explicações, suor excessivo principalmente durante o período noturno e até mesmo coceira disseminada pelo corpo.
Em qualquer consulta de rotina, é preciso que o médico palpe os linfonodos superficiais no pescoço, axilas e virilhas, procure massas endurecidas no abdômen e questione sintomas. Caso tenha a suspeita de alterações, será feita uma investigação aprofundada com exames de radiologia como ecografias, tomografias ou ressonâncias. “No caso da confirmação de lesões aumentadas, é pedida a biópsia e o material é encaminhado para o patologista que vai confirmar os marcadores alterados nos linfócitos”, observa Marcelo.
Após diagnóstico feito, o hematologista ou oncologista checará a disseminação atual do câncer e vai considerar as opções de tratamento conforme cada paciente. Marcelo ressalta que se for optada pela quimioterapia ou imunoterapia, o tratamento do linfoma deve ser direcionado à célula doente e neste caso os tratamentos são diferentes. Entretanto, em situações com a doença localizada, acometendo somente um órgão, como o baço ou uma única massa tumoral, pode ser realizada cirurgia para retirada da estrutura doente ou radioterapia.
- Íngua é o nome popular para o aumento dos linfonodos de alguma região do corpo. Os linfonodos, também chamados de gânglios linfáticos, podem aumentar por diversos motivos.