Ao lado da família, a secessão rural está garantida na propriedade dos Posselt
Ao lado da família, a secessão rural está garantida na propriedade dos Posselt (Foto: Caco Villanova)

Em Mato Leitão, quando se fala em Astor João Posselt, de Vila Arroio Bonito, logo se comenta que é uma referência na agricultura. Mas, talvez, poucos saibam que ele embalou muitos bailes, kerbs, carnavais e festas comunitárias nos idos de 1980. Filho de agricultores de Linha Santos Filho, em Venâncio Aires, onde se criou, foi um dos fundadores do Musical Solamar, no início daquela década. Hoje, aos 64 anos, mantém uma propriedade de 48 hectares, ao lado da esposa Nair, do filho Diego e da netinha Helena.

Até os 17 anos, Astor ajudava os pais Valdemar e Delci Posselt na lavoura. Foi quando começou a conciliar a agricultura com a música. Com os primos e um tio, aprendeu a tocar guitarra e animava algumas festas. No início dos anos 1980, a atividade ficou séria. Com o conjunto que ajudou a fundar, viajou muito pela região e pelo estado. O Musical Solamar logo ganhou fama, obrigando seu guitarrista a se afastar da lida rural por um tempo. As viagens ao lado dos parceiros Renato Herdina, Ciro Sthöer, Ilberto Bade, Euclides Bencke, Gerson Ludwig e Edo Mahl, o impediam de atuar na agricultura. Mas não por muito tempo, pois logo conheceu a professora Nair Bogorny, casou-se e teve dois filhos (um falecido – Douglas).

Asto, como era chamado, teve oportunidade conhecer o estado ao lado dos parceiros do Musical Solamar (Foto: Caco Villanova)

Asto, como era chamado no grupo, voltou a conciliar as profissões, já que a música ainda lhe garantia uma boa renda. Desta vez, como agricultor, assumiu a propriedade do sogro, em Arroio Bonito. Com o tempo, essa conciliação foi ficando mais difícil, até optar pela agricultura em definitivo, lhe permitindo, também, ficar mais tempo com a família.

De volta

O agricultor Astor Posselt garante que sempre gostou de trabalhar na terra. Cresceu ajudando os pais a tocar a propriedade em Santos Filho, onde a principal cultura era o tabaco. Portanto, não seria diferente retornar para a atividade rural, desta vez nas terras herdadas do pai de Nair, em Arroio Bonito. Ali, com o filho Diego, 37 anos, planta soja, trigo e milho. A esposa cuida dos afazeres domésticos e do maior tesouro da família, a neta Helena, que está com seis anos. A pequena estuda da Escola Municipal de Educação Infantil Vó Olga, onde a avó se aposentou.

Sobre a lida rural, Astor diz que mudou bastante. “No nosso tempo, era tudo mais difícil, mais braçal. Hoje, praticamente, é tudo mecanizado”, diz. O desgaste físico, segundo ele, é menor. Por outro lado, plantar ficou mais caro. “Tem que investir um pouco mais.” Soja e milho são as principais culturas na propriedade rural. O trigo, cultiva para preservar o solo. Sua cobertura evita erosão e ajuda no controle de plantas daninhas e doenças, protegendo a terra. Desta forma, mesmo em épocas de estiagem, consegue colher de 5 a 10 sacas de soja por hectare.

O produtor destaca os programas que a Prefeitura de Mato Leitão oferece para o setor primário, voltados às propriedades rurais, ao rebanho animal e de apoio técnico. Ele e o filho participam do máximo de eventos que podem, oferecidos pela Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente e Emater/Ascar-RS. Diego reforça a necessidade de manter-se atualizado. Com sucessor de Astor, sabe a importância de manter-se na terra.

Do caminhão para o transporte escolar

André Luís Heinen, 40 anos, é motorista da Prefeitura e um dos responsáveis por transportar umas das cargas mais valiosas do município: estudantes. Natural de Venâncio Aires, iniciou a carreira profissional no Posto Vamakito como frentista, sempre com objetivo de tornar-se motorista. O sonho vem de infância. Lembra que o avô Arthur Walker carregava tabaco para Santa Cruz do Sul de carroça e que adorava visitar o padrinho Alcides Walker para ver seus caminhões. Também, uma das brincadeiras favoritas, era imaginar-se motorista de ônibus.

No caminhão, teve oportunidade de conhecer o estado e parte do país (Foto: arquivo pessoal)

O desejo se concretizou em fevereiro de 2006, na Refrimate, em Venâncio. Lá, teve a oportunidade de viajar pelo estado e país, transportando balcões refrigerados. Quase três anos depois, foi contratado pelo Frigorífico Mercosul (empresa que deu origem à Reiter Log), em Mato Leitão, para entregar carnes na Região Metropolitana, em caminhão com câmara fria. Até fazer concurso e, em março de 2010, ser nomeado motorista na prefeitura. Atuou, então, na Secretaria de Obras, operando caminhão caçamba. Um ano depois, foi transferido para a Secretaria de Educação, onde permanece no transporte escolar e no Gabinete, como motorista do prefeito Arly Stöhr.

André é um dos responsáveis pelo transporte escolar do municipio (Foto: Caco Villanova)

Casado com Simone Eliana Ruppenthal Silberschlag, tem um enteado de 14 anos, Mathias. Sobre a atividade, diz que a profissão de caminhoneiro tem muitos desafios, especialmente nas estradas. “Mas é uma oportunidade única de conhecer lugares, pessoas e realidades diferentes”. A mudança para o transporte escolar, veio quando soube que dois novos ônibus seriam repassados ao município por meio do programa federal Caminhos da Escola. “Tenho plena consciência da responsabilidade, afinal, lidamos com o bem mais precioso das famílias: as crianças.” Diz que segurança é prioridade. “Sigo todos os protocolos para reduzir os riscos do trânsito e mantenho o veículo sempre em perfeitas condições.”