A subida nos juros americanos afeta diretamente os investimentos e o câmbio no Brasil, porque tende a levar a uma saída de investidores de países emergentes – levando a uma desvalorização cambial.
A aguardada confirmação do aumento dos juros
A decisão foi unânime: a Reserva Federal estadunidense subiu os juros de referência em 75 pontos base. Embora já esperado pelo mercado, a decisão não deixa de preocupar os forex traders que tentam prever os efeitos no mercado cambial.
A explicação por trás da decisão é simples. O banco central estadunidense liderado por Jerome Powell tem de tomar medidas para travar a escalada da inflação que atingiu os valores máximos de 9,1% em junho.
Contudo, o Fed alerta ainda assim que o ciclo de subida nos juros poderá não estar próximo do fim, sendo que este foi o quarto aumento consecutivo nas taxas de juros. Os decisores de política monetária recordam ainda o impacto da guerra na economia, que continua a ser imprevisível.
O anúncio confirmou as expectativas do mercado e já havia sido prevista por dirigentes do banco central ao longo do mês, depois do Fed ter deixado a opção em aberto após a reunião de junho.
O impacto na economia brasileira
Embora este anúncio não surpreendeu ninguém, a realidade é que ficou um pouco abaixo das expectativas que apontavam para medidas mais duras por parte dos Estados Unidos. As falas de dirigentes do Fed apontavam para medidas mais duras, o que empurrou o Dólar para cima no mundo, mas a perspectiva de uma desaceleração econômica tem estimulado apostas numa amenização de tom por parte do Fed.
A economia brasileira, para além das ainda incertezas presentes na corrida eleitoral, já passa a ter no radar uma provável recessão global, o que traz no curto prazo impactos nos índices de confiança dos agentes econômicos.
Esta incerteza cria ainda mais dúvidas aos investidores pois com o anúncio da subida dos juros, o mercado cambial perde liquidez pois os investidores estrangeiros acabam por sair de países emergentes – que é o caso da economia Brasileira – e procurar outras alternativas.
Por outro lado, as matérias-primas vêm melhorando por expectativa de maior demanda chinesa em meio à seca e à onda de calor que têm afligido lavouras no país. Com isso, países exportadores de commodities, como é o caso do Brasil, veem uma procura maior da sua moeda trazendo a liquidez que se prevê escassear no mercado cambial.
Com esta conjuntura, é estimado que haja uma valorização do Real Brasileiro face ao Dólar Americano em breve criando volatilidade no mercado cambial mas também traz uma subida da inflação na economia brasileira, embora menor do que a esperada inicialmente.
Conclusão
Numa altura em que o mercado antecipa que os Estados Unidos da América entrem em recessão nos próximos meses, após o anúncio do aumento dos juros, o Fed reiterou que as próximas decisões de alta de juros dependerão de informações quanto às “perspectivas econômicas” dos Estados Unidos que serão divulgadas nos próximos meses.
A resposta dos mercados depende da “agressividade” do Fed na resposta a esta recessão. Essa resposta dependerá de vários fatores, sendo o principal a progressão da guerra na Europa entre a Rússia e a Ucrânia.
Se o banco central americano optar por uma resposta muito agressiva, os investidores continuarão a “apostar” nesse mercado pois será sinal que terão capacidade de resposta, por outro lado se a resposta for menos agressiva do que se espera provavelmente irão procurar outros mercados para investir.
Finalmente, no que toca à situação cambial do Real Brasileiro os investidores e especialistas consideram que está numa situação benéfica, apesar de não estar isenta da volatilidade normal do mercado cambial.
Essa posição explica-se por o Brasil ser um dos principais exportadores de matérias-primas, o que leva a um aumento da procura da moeda para garantir o pagamento das operações de exportação.