Polícia Civil prende casal suspeito de torturar os filhos

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Atualizado às 8h

A Polícia Civil de Venâncio Aires prendeu na manhã deste sábado, 12, casal que é suspeito de torturar os próprios filhos: um menino de 5 anos e outro de 1 ano e meio. As crianças vinham sofrendo torturas físicas e psicológicas cometidas pela própria mãe, de 25 anos, natural de Venâncio Aires, e pelo pai da criança mais nova. O homem tem 33 anos e é natural de Venâncio Aires. As prisões foram feitas na casa dos suspeitos, localizada no bairro Morsch. A mulher possui antecedentes de maus tratos e o homem de lesão corporal.

Prisão foi realizada na manhã deste sábado (Foto: Divulgação/Polícia Civil)

Entenda

O delegado Paulo César Schirrmann concluiu e encaminhou na tarde da sexta-feira, 11, ao Poder Judiciário, um caso de tortura, praticado por um casal e que envolve duas crianças, uma de 5 anos e outra de 1 ano e meio. As vítimas foram afastadas dos suspeitos e a mais velha está hospitalizada em uma casa de saúde de Porto Alegre, para onde foi transferida, devido a gravidade dos ferimentos. A outra está na casa de acolhimento, pois também foram constatadas lesões em seu corpo.

O caso chegou ao conhecimento da Polícia Civil (PC) na semana passada. A mãe biológica, de 25 anos, levou a criança de 5 anos até o posto de saúde central, pois ela reclamava de dores. O médico pediatra que a atendeu constatou ferimentos graves na região das nádegas, na cabeça e no braço esquerdo. Por isso, encaminhou a criança para atendimento no Hospital São Sebastião Mártir (HSSM). Assim que ela chegou na casa de saúde, a Brigada Militar foi acionada e, imediatamente, a situação foi repassada ao Conselho Tutelar (CT).

Foi constatado que o menino estava com polifraturas no braço esquerdo, além de apresentar um quadro de desnutrição. Nas nádegas havia uma enorme mancha preta, necrosada, e na cabeça, atrás das orelhas, algumas feridas. As suspeitas são de queimaduras feitas com ferro elétrico e cigarro.

Diante dos fatos, os conselheiros tutelares levaram o caso ao conhecimento da PC. No registro feito na DPPA, a mãe foi questionada sobre o que teria acontecido e, para espanto dos policiais, referiu que não havia notado nada de diferente no filho. Depois, colocou a culpa no pai biológico, de quem está separada.

Como o CT já acompanhava as crianças, devido a episódios anteriores, foi determinado que o menino mais novo fosse encaminhado à casa de acolhimento. “Falei que o menino seria retirado dela e, sem reclamar ou mostrar contrariedade, ela me entregou a criança”, revelou uma conselheira tutelar que acompanhava o registro na DPPA.

Em depoimento, a mulher referiu que não tinha visto os ferimentos, alegando que o filho de 5 anos toma banho e se veste sozinho. “E não reclamava de nada”, declarou. Questionada sobre como poderia ter acontecido a fratura no braço, argumentou que dias atrás ele passou um fim de semana com o pai biológico e ficou sabendo que o filho havia sofrido uma queda.

Baseado nestes relatos, o pai biológico foi citado na ocorrência policial como suspeito das agressões. Intimado, ele compareceu na Delegacia de Polícia e prestou depoimento, comprovando que nada tem a ver com os maus-tratos causados ao seu filho.

Relatos

O caso começou a ser esclarecido através de relatos feitos pelo menino mais velho às cuidadoras, que estavam com ele no HSSM e o acompanham no hospital da Capital. Em um deles, após receber um prato com comida, disse que isso ele não ganhava da mãe, confirmando a magreza e consequente desnutrição. Ele também deixou claro que as agressões, maus tratos e a tortura que sofria foram praticadas pela mãe biológica e pelo padrasto dele, indo ao encontro daquilo que a Polícia Civil apurou no inquérito.

Em resumo, um relatório apresentado pelo Centro Integrado de Especialidades em Saúde (CIES) diz que o menino de 5 anos tem medo do padrasto e a mãe não demonstra afeto por ele.

Outra constatação é que o menino mais velho não frequentava regularmente a escola e não estava comparecendo nos atendimentos agendados pela rede de apoio que acompanha a família. No mês de junho ele foi submetido a uma cirurgia de pâncreas e uma das suspeitas é que ele estava sendo submetido, pela mãe, a doses excessivas de remédios. “Descobrimos que a mãe ministrava medicamento para ele dormir, mas que não era necessário”, observaram as profissionais que acompanham o caso.

E conforme elas, este uso abusivo de remédios é que impedia o menino de frequentar regulamente a escola, “já que ficava sonolento”.

Após se separar do pai biológico do menino, a mulher iniciou um novo relacionamento com um indivíduo de 33 anos, com quem teve o filho que hoje tem 1,6 anos. Esta criança também apresenta ferimentos na cabeça, atrás das orelhas, nas nádegas e nas pernas. Aparentemente, feitos com a brasa de um cigarro.

Depoimento

Intimado para prestar depoimento, o homem de 33 anos alegou que fica pouco tempo em casa e negou qualquer tipo de agressão, maus-tratos ou tortura. Em seu relato, mencionou que sai cedo para trabalhar, antes da 7h, e só volta depois das 19h. Nos sábados, seguiu, costuma fazer horas extras e só nos domingos é que tem mais contato com o enteado e o filho biológico. Neste dias, disse que costuma brincar e passear com as crianças.
Questionado sobre os ferimentos no enteado, declarou que não sabia de nada e negou que faltasse comida em casa. “Sempre tem rancho em casa”, garantiu.

Disque 100 é um serviço de utilidade pública do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, do governo Federal, onde podem ser feitas denúncias de violação dos direitos humanos contra crianças e adolescentes, idosos e pessoas com deficiência, entre tantas outras

“Encontramos indícios suficientes para representar pela prisão preventiva do casal.”

PAULO CÉSAR SCHIRRMANN
Delegado, titular da DP



Alvaro Pegoraro

Alvaro Pegoraro

Atua na redação do jornal Folha do Mate desde 1990, sendo responsável pela editoria de polícia. Participa diariamente no programa Chimarrão com Notícias, com intervenções na área da segurança pública e trânsito.

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