O Tribunal do Júri da Comarca de Venâncio Aires se reúne na quinta-feira, 31, para analisar dois feminicídios e uma tentativa de homicídio, praticados no interior do município, nos anos de 2020 e 2022. No banco dos réus estará Arlei Giovane da Rosa Dornelles, de 45 anos. Ele foi denunciado pela morte da ex-sogra, da ex-companheira e de tentar matar o genro da mulher. Dornelles está preso há 3 anos e na quinta-feira enfrenta o júri popular.
A denúncia do Ministério Público diz que Dornelles é o autor das mortes de Elzira Schneider, na época com 70 anos, praticada no dia 9 de abril de 2020; e de Elisane Schneider Noll, de 55 anos, que aconteceu no dia 25 de julho de 2022. No dia em que praticou o segundo feminicídio, diz a denúncia assinada pelo promotor Pedro Rui da Fontoura Porto, o réu tentou matar o genro dela, Jorge André Franco. Ele foi ferido, mas sobreviveu.
Morta a tiros
Dornelles foi preso logo após atirar e matar a ex-companheira. A denúncia diz que ele foi até a casa onde ela residia, em Linha Sapé, e teve acesso ao interior do imóvel após pular uma cerca e entrar pela janela da lavanderia. Ao se deparar com o ex-companheiro, a mulher gritou, mas foi atingida por tiros. Na tentativa de evitar o crime, o genro dela acabou baleado. Mesmo ferido e com a ajuda de um dos filhos da vítima, Franco conseguiu impedir a fuga de Dornelles, que foi contido, amarrado e entregue à Brigada Militar, que já estava a caminho.
Elisandra foi socorrida por um dos filhos e encaminhada ao Hospital São Sebastião Mártir, onde foi confirmada a sua morte. Assim que os policiais perceberam que Franco estava ferido, o encaminharam à casa de saúde, onde ele permaneceu em observação. A arma usada nos crimes, um revólver Taurus, calibre 38, tinha a numeração raspada e foi apreendida pelos policiais militares.
Em depoimento, um dos filhos de Elisane referiu que eles decidiram instalar câmeras, pois Dornelles não aceitava o rompimento da relação e costuma ‘rondar’ a casa da sua mãe. No começo da madrugada do dia 25 de julho de 2022, ele escutou seus cães latirem e viu, pelas imagens, que Dornelles se aproximava. Então, avisou a mãe, por mensagem, para que se precavesse. “Mas ele conhecia os pontos cegos das câmeras e entrou na casa”, mencionou o filho de Elisane.
Denúncias
Dois dias após este feminicídio, o delegado Paulo César Schirrmann atendeu ao pedido do promotor Pedro Porto e determinou que fossem realizadas novas diligências. A intenção era apurar o envolvimento de Dornelles na morte da ex-sogra. Na época, Schirrmann mencionou que o caso foi encaminhado à Justiça como ‘uma morte sem autoria’, mas devido às evidências, novas diligências se faziam necessárias.
Durante as investigações, os policiais descobriram que havia câmeras de monitoramento dentro e fora da casa onde a idosa vivia com a filha e o ex-genro. “E as imagens mostravam que Dornelles esteve com Elzira”, referiu o delegado, na época dos fatos. Porém, em um determinado momento, ambos foram para uma peça onde não havia imagens e a idosa não reapareceu. Elisane é avisada por Dornelles que sua mãe caiu e ela a encontra morta. Na época, o caso foi tratado como uma morte acidental, levando-se em conta que a idosa teria caído e batido a cabeça.
Porém, a necrópsia mostrou que a idosa foi golpeada na cabeça e sofreu traumatismo craniano, incompatível com uma queda. “O denunciado golpeou a vítima, desferindo-lhe soco e garrafada, em regiões periorbital direita, frontal e parietal, ocasionando-lhe queda e, consequentemente, traumatismo craniano, matando-a”, diz a denúncia do MP.
O réu terá em sua defesa os advogados Ana Paula e Gustavo Bretana. “Vamos demonstrar que a versão sustentada pela defesa não corresponde à realidade dos fatos”, garantem os defensores. A acusação é do promotor Pedro Porto e os trabalhos serão presididos pelo juiz Maurício Frantz. A sessão começa às 9h.
“Vamos demonstrar que a versão sustentada pela acusação não corresponde à realidade dos fatos. A defesa apresentará elementos concretos que revelam a verdade e reafirma sua convicção de que, ao terem contato com todas as provas, os jurados farão um julgamento justo e comprometido com a verdade real, não com suposições.”
ANA PAULA E GUSTAVO BRETANA
Manifestação dos advogados