Uma campanha lançada pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão vinculado ao Ministério da Saúde, vem repercutindo entre as entidades que integram a cadeia produtiva do tabaco e gerou críticas de parlamentares estaduais e federais. A campanha ‘Plante comida, não plante tabaco’ foi lançada em 31 de maio, Dia Mundial sem Tabaco, data criada em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Presidente da Frente Parlamentar da Agricultura Familiar, o deputado federal Heitor Schuch (PSB/RS) se manifestou contrariamente à campanha. Em vídeo publicado nas redes sociais, o parlamentar reforça o apoio aos produtores e argumenta que “quem planta tabaco também planta comida”, pois a diversificação é uma realidade das propriedades. Para Schuch, é lamentável esse tipo de ataque a uma cultura consolidada, que envolve mais de 120 mil famílias de agricultores e é a base da economia de centenas de municípios, entre eles, Venâncio Aires. “Repudiamos essa perseguição e lembramos que hoje os governos são os maiores ‘sócios’ dos produtores já que arrecadam altos valores em impostos sobre a cadeia. Ninguém planta tabaco por esporte e é necessário que, em todos os debates, a importância econômica e social da cultura não seja jamais esquecida”, destaca o deputado.
Quem também se manifestou sobre a campanha foi o deputado estadual Marcus Vinícius de Almeida (PP), que usou a tribuna da Assembleia Legislativa para criticar a notícia divulgada no site do Governo Federal que diz que o tabaco destrói rendas de famílias brasileiras, ocupa áreas de produção de alimentos e agride o Planeta. O parlamentar se disse preocupado pelo fato do principal portal de comunicação do governo publicar uma informação que é inverídica.
Relator e proponente da Subcomissão em Defesa do Setor Produtivo do Tabaco e Acompanhamento da COP 10 na Assembleia, o deputado definiu a campanha como irresponsável. “Ao afirmar que o tabaco destrói a renda das famílias, o governo contou uma mentira. A verdade é que no Brasil existem 128 mil famílias produtoras de tabaco, sendo que quase 30 mil trabalham em terras arrendadas”. Marcus Vinícius mencionou que, segundo a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), há uma média de dois hectares de produção de tabaco por família produtora. O parlamentar também falou da preocupação dos produtores com a Convenção-Quadro da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o Controle do Tabaco (CQCT). O evento internacional que discute a CQCT ocorrerá em novembro, no Panamá. “Nenhum produtor ou entidade é consultado ou ouvido. É como se um de nós aqui fosse julgado e não tivesse direito à defesa”, disse. O deputado afirmou que enviou ofícios ao Ministério da Saúde e ao Ministério das Relações Exteriores, solicitando que tenham cuidado e equilíbrio ao tratar do assunto, além de pedir a retirada da notícia do portal. Além de peças publicitárias, um vídeo da campanha também foi divulgado.
O deputado estadual Edivilson Brum (MDB) também criticou a campanha. Para o parlamentar, a fome no mundo não será vencida com a substituição da cultura do tabaco nas lavouras. Ex-prefeito de Rio Pardo, Brum, é conhecedor da cadeia produtiva e sua importância para a economia do estado. “Embora seja compreensível a busca pela promoção da saúde e segurança alimentar, é importante olharmos com cautela as consequências dessa abordagem, equivocada na minha avaliação. Nós, do Vale do Rio Pardo, somos testemunhas do equilíbrio entre a produção de tabaco e alimentos em nossa região.”
O deputado afirma que nas propriedades onde há cultivo de tabaco, há também outras culturas integradas. “Ao contrário do que a campanha sugere, não é substituindo a cultura do tabaco que será combatido o problema da fome em nosso país. Produzimos tabaco e também produzimos alimentos em quantidade e variedade. Precisamos reconhecer a importância da cadeia produtiva do tabaco,” ressaltou.
Ao ser contatado, o deputado Airton Artus (PDT), ex-prefeito de Venâncio Aires, disse que “é um defensor da cadeia produtiva do tabaco, especialmente para a exportação. Mas me preocupo com a saúde”, resumiu.
*Com informações das assessorias de imprensa dos deputados
**Matéria atualizada às 18h de 7/06/2023