A existência das abelhas está bastante associada à produção do mel, mas nem todos sabem que a importância desses insetos tão pequenos vai muito além, e faz a humanidade depender do processo de polinização feito pelas abelhas. Neste sábado, 20, é comemorado o Dia Mundial das Abelhas, momento mais do que apropriado para conhecermos mais sobre elas.
O biólogo Rudinei Pinheiro Medeiros explica que as abelhas são responsáveis principalmente pela polinização de plantas nativas e frutíferas. “Grande parte do que consumimos na nossa alimentação vem através da polinização delas”, afirma ele, que também é técnico em Pecuária, extensionista rural da Emater/RS-Ascar de Mato Leitão e professor do curso técnico em Agropecuária, da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) campus Venâncio Aires.
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Ele explica que existem mais animais, como borboletas e aves, que contribuem com a polinização, mas não podem ser comparados às abelhas, que são numerosas e têm grandes famílias em colmeias, que polinizam muito mais. O número de abelhas em uma colmeia com fins comerciais é variado, mas as colmeias chamadas nativas, aquelas que ficam em árvores, têm tranquilamente 60 mil abelhas. Quando a colmeia não suporta mais a quantidade, os insetos se dividem, criando novas comunidades. Essa população numerosa não acontece com outros animais.
Medeiros esclarece que a polinização das abelhas funciona da seguinte forma: o inseto vai até a flor em busca de néctar, que é seu alimento e necessário para produção do mel; neste momento, ao encostar, carrega junto consigo parte do pólen que fica no órgão reprodutor masculino da flor, o androceu. A abelha vai até outras flores, e encosta também no órgão reprodutor feminino das plantas, o carpelo, e assim acontece a polinização. “É um processo natural que sempre acontece quando as abelhas vão de flor em flor.”
O biólogo, inclusive, cita que alguns produtores de citrus e maçãs contratam caixas de abelhas para levarem ao seu pomar, para que elas façam esse processo de polinização e assim, se consiga aumentar a produção.
Verdade ou mentira?
• Caso as abelhas sejam extintas, a existência humana só tem duração de mais quatro anos. Verdade! Isso se deve ao fato delas serem as grandes responsáveis pela polinização da maior parte de alimentos que consumimos.
• As abelhas são responsáveis por 73% da polinização de todas as plantas do mundo. Verdade! Elas são os animais que mais contribuem e fazem este processo de polinização, importante para o desenvolvimento das plantas. A importância das abelhas vai além do mel.
Responsabilidade ambiental
A abelha integra a logomarca da bandeira ‘Responsabilidade ambiental – compromisso de todos’, iniciada neste ano pela Folha do Mate e Terra FM. A imagem demonstra a importância das abelhas para que o meio ambiente siga seu fluxo natural. Desenhos de colmeias também fazem parte do fundo verde na palavra ‘ambiental’.
Responsabilidade ambiental é o tema que vai guiar as ações do grupo de comunicação pelos próximos cinco anos. O intuito é pautar, informar e mobilizar toda a comunidade em torno do assunto.
A criação de abelhas
De acordo com o chefe da Emater/RS-Ascar de Venâncio Aires, Vicente Fin, na Capital do Chimarrão, a grande maioria dos apicultores trabalham com as abelhas com ferrão, da espécie Apis mellifera. São quatro agroindústrias de mel no município.
Fin explica que os locais de instalação das caixas se espalham por todo município, não se concentrando em apenas uma região. O mais indicado é observar para que sejam instaladas perto de córregos e arroios. “Quanto mais inclinado for o terreno, com mais vegetação em volta, mais protegida estará a caixa de abelhas”, afirma.
No total, ele acredita que em Venâncio tenha em torno de 7.250 caixas com abelhas, e de mil a 1,1 mil vazias para serem usadas na substituição de outras. A média de produção anual de mel, por caixa, é de 26 quilos, somando as propriedades comerciais e as que não comercializam. A produção total de 2022 de mel em Venâncio ficou em torno de 185 toneladas.
O chefe local da Emater reforça que é preciso evitar o uso de inseticidas nas produções, principalmente de grãos, já que são nocivos às abelhas e prejudicam a polinização e a produção do mel. Com essa prática, são perdidas em torno de 20 a 25 caixas de abelhas por ano, que ficam vazias. “Produtores devem se conscientizar em usar algum produto somente quando a ação está em nível de dano, e mesmo assim, há opções de inseticidas biológicos que não são agressivos às abelhas.”
- 236 – é o número de famílias de Venâncio Aires que possuem caixas de abelhas em suas propriedades, para consumo próprio ou de forma comercial.
“O ambiente que as abelhas escolhem para ficar, é aquele que está o mais próximo possível do natural, que não tem a interferência de outros agentes externos.”
VICENTE FIN
Chefe da Emater/RS-Ascar de Venâncio Aires
Abelhas sem ferrão em destaque na Chácara do Mel
Em Venâncio, um dos locais que se destaca pela criação de abelhas sem ferrão e é um dos pontos turísticos da Rota do Chimarrão é a Chácara do Mel, em Linha Travessa, na Travessa Rudiger. No local são encentrados 137 enxames de 12 espécies diferentes.
Lauro José Rüdiger, proprietário do local, junto com a esposa Ilonia Maria Rüdiger, afirma que eles começaram com a criação de abelhas há 15 anos pois o filho tinha bronquite asmática e o mel contribuía no tratamento dele. Hoje, para a família a importância do mel e das abelhas vai muito além. Ele destaca a polinização das flores, a proximidade maior com a natureza e os benefícios do consumo do mel.
No mês passado, o influenciador rural Rogério Vogt, conhecido por Alemonzito, foi até o local e conheceu um pouco mais sobre a criação das abelhas sem ferrão. A Chácara do Mel foi o tema do primeiro episódio da série Vida Rural, divulgado no canal do YouTube Terra Play e na página do Alemonzito no Facebook.
