Dias chuvosos reanimam agricultores em Venâncio Aires

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Se até o fim de abril Venâncio Aires ainda contava os prejuízos com a estiagem na agricultura (foram mais R$ 82 milhões em cinco meses) e mais de 5 milhões de litros de água potável levada aos agricultores, o mês de maio começou com sentimento de alívio, afinal, a chuva veio. Desde a terça-feira, 2, são acumulados milímetros preciosos que, além da revigorada em lavouras e pastagens, trouxeram novo ânimo para muitos agricultores.

Segundo a Emater, a chuva dessa semana será importante para renovação de pastagens, plantações de cobertura de inverno e para repor, ainda que minimamente, parte da água em açudes que chegaram a secar nas últimas semanas. “Claro que ainda precisaria um bom acumulado para repor tudo, mas, com certeza, vai ajudar bastante no desenvolvimento das culturas de inverno”, comentou o chefe do escritório local da Emater, Vicente Fin.

Entre os agricultores que já percebem diferença na propriedade é André de Oliveira Pereira, de 40 anos, que cria gado em Linha Cerrito. A pastagem onde ele mantém 31 animais (a maioria das raças Angus e Braford), já mudou de cor e tamanho. “A braquiária é um tipo de pastagem que, além de ser mais resistente à seca, responde bem a qualquer chuva. Se chover mais uns dias, já consigo plantar forrageiras de inverno, como azevém e aveia, e ter um pasto mais verde”, comentou Pereira.

No caso dele, a estiagem significou um ‘empate’ na produção. “Tivemos que diminuir o gado para não faltar alimento, já que as pastagens não se desenvolveram bem. Pelas minhas estimativas, o que os animais ganharam de peso, gastaram, então empatou. Não tive prejuízo, mas não tive rendimento. Felizmente a previsão do tempo é mais animadora. Tomara que continuem essas pancadas gradativas no inverno.”

Apesar da chuva, bergamota ponkan, cultivada por Robério Krammes, em Linha Travessa, não vai se desenvolver plenamente (Foto: Arquivo pessoal)

Chuva atrasada, mas ‘abençoada’

Quem também comemorou a chuva dessa semana é o agricultor Robério Krammes, 53 anos, morador de Linha Travessa. “Foi um ano sofrido para todos os tipos de plantas. Deu uma quebra e não foi colheita cheia para ninguém. Então essa chuva ‘abençoada’ para nós é importante para tudo, para a agricultura e para o consumo.”

Krammes cultiva diversas culturas, como milho, aipim (20 mil pés) e frutas. Neste caso, ele apenas lamenta o atraso na precipitação. “Para o milho, que está terminando o desenvolvimento, está sendo muito bom. Mas no caso da bergamota, essa chuva já deveria ter vindo uns dois meses atrás. A plantação de ponkan [tem 500 pés], já não vai dar uma fruta 100%. Em tamanho não vai ter uma boa proporção.”

94 milímetros – é a previsão de chuva para a região entre os dias 2 e 8 de maio, conforme o NIH da Univates.

Previsão do tempo

Segundo o Núcleo de Informações Hidrometeorológicas (NIH) da Univates, maio tem início sob neutralidade das condições oceânicas, ou seja, sem atuação dos fenômenos El Niño e La Niña. “Pelas projeções, maio terá precipitações dentro do padrão na região, com uma distribuição irregular da chuva ao longo do mês, com os maiores volumes nos primeiros 10 dias. A média histórica do mês é de 141,9 milímetros”, explicou Luana Lermen Becchi, responsável pelo NIH.

Ainda conforme Luana, as temperaturas médias tendem a ficar ligeiramente acima do padrão climatológico. “A temperatura média é 17,1 graus. Já a mínima é de 13,2 graus e a média máxima é de 22 graus. Tradicionalmente, maio já começa a ter mais ondas de frio, que são mais intensas e com risco de formação de geada mais ampla na região, principalmente na segunda metade do mês.” Outro fenômeno esperado é a ocorrência de nevoeiros entre a madrugada e amanhecer.

Para o inverno, o NIH ainda não tem maiores dados, mas, de acordo com informações dos demais centros de meteorologia do país, as mudanças na temperatura oceânica devem levar a uma estação com maior umidade no Brasil. Com o fenômeno La Niña perdendo força e as águas do Pacífico ficando mais quentes, a tendência é de maiores volumes de chuva entre maio e junho, principalmente na faixa central do país.

Ao vivo na 105.1

O extensionista rural da Emater e engenheiro agrícola, Diego Barden dos Santos, participa do programa Terra em Uma Hora nesta quinta-feira, 4, às 12h, para falar sobre a importância da chuva para atenuar os efeitos da estiagem. Acompanhe pelo 105.1 FM ou em vídeo, nas plataformas digitais.



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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