A inspiração pode vir de qualquer lugar. Tal qual o personagem Forrest Gump, interpretado por Tom Hanks no clássico filme dos anos 90, que carregou uma multidão de fãs apenas por ‘correr’ os Estados Unidos, a dona Felomena Dörr, de 81 anos, pode servir de inspiração para centenas de pessoas, com a vitalidade para treinar de duas a três vezes por semana, mesmo com a idade avançada.
Dona Filó, como carinhosamente é conhecida, teve uma vida como tantas outras no interior de Venâncio Aires. Moradora da ‘colônia’, como ela mesmo define, passou boa parte da fase adulta em Linha Arroio Grande, com o marido Arnaldo Carlos Dörr, falecido há 27 anos. O casal de agricultores, que plantava de tudo, apostava mais fortemente no tabaco. “Foram muitos anos na roça. Tanto que agora fico nervosa quando não posso ajudar em algo”, acrescenta.
Humilde, Filó relembra que até os 50 anos teve a vida dedicada à produção rural e, após, se tornou faxineira na área urbana da Capital do Chimarrão. “Me aposentei aos 60 anos. Era uma pessoa pobre, mas muito honesta e trabalhadora”, enfatiza. Foi na aposentadoria que conheceu o exercício físico, como uma alternativa para passar o tempo e melhorar a saúde.
Academia
Atualmente, muitos jovens têm como preocupação a saúde física e mental, o que leva diversas pessoas às academias e, também, às sessões de terapia. No entanto, essa é uma realidade recente, como bem lembra dona Filó. “Tomo muitos remédios e tenho muitos problemas, mas é porque na minha época não se tinha esse cuidado com a saúde. Nos alimentávamos bem, mas era só isso”, relembra.
Por conta disso, em 2020, após incentivo da filha Julmara e da neta Deise – que trabalha na Maturidade Ativa do Serviço Social do Comércio (Sesc) de Venâncio Aires -, a idosa decidiu tomar a decisão que mudaria a sua vida: começar a academia no Sesc. “Vou sempre de duas a três vezes por semana. Melhorou muito a minha saúde e me faz bem. No início, tinha algumas dificuldades, não sabia andar de bicicleta, por exemplo”, brinca.
Agora, a bicicleta ergométrica se tornou um dos exercícios preferidos de Filó, assim como o levantamento de pesos (exercícios de roscas com halteres) e pernas (principalmente extensores). Dona Filó não é de pular o ‘leg day’ e nem o ‘cardio’, seguindo à risca as indicações de personal trainers e dos médicos. “Só parei nas últimas semanas porque ‘travei’ a perna [Filó tem discopatia, que afeta os discos intervertebrais] e precisei fazer fisioterapia, mas semana que vem já estou voltando”, comemora a senhora que, ao tirar fotos nos exercícios preferidos, já se mostrava ansiosa pelo retorno às atividades.
Além dos treinos, Filó também gosta de fazer caminhadas – porém, nunca nas primeiras horas da manhã ou ao fim da tarde, em decorrência das variações de temperatura – e ajudar em tarefas domésticas, como cozinhar. “Infelizmente, algumas atividades na rua já não consigo mais, até para varrer me dói um pouco.”
Incentivo da Filó
De 2020 até agora, dona Filó ficou de ‘molho’ apenas em outubro de 2020, quando precisou ser internada por ter contraído Covid-19. A recuperação durou alguns meses e, no fim daquele ano, já estava de volta aos exercícios. A idosa ainda gosta de aconselhar os mais jovens a terem uma vida mais saudável. “Sempre dou conselhos, falo que precisa reagir e ter coragem, nunca é tarde para começar.”
“Se Deus quiser, vou continuar com meus treinos. A atividade me faz muito bem e adoro estar aqui.”
FELOMENA DÖRR
Aposentada