Nesta quarta-feira, 31, encerrando a programação de aniversário de 132 anos de Venâncio Aires, ocorre a inauguração da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Vô Ismael, no bairro Xangrilá, às 19h. A obra, que iniciou em 2015 e teve diversos entraves – como a falta de recursos por parte do Governo Federal -, finalmente será entregue à comunidade. Desde ontem, os alunos já frequentam a fase de adaptação.
O secretário de Educação, Émerson Eloi Henrique, afirma que como gestor da pasta, é importante poder entregar uma obra desta magnitude à comunidade. “Quis o destino que, com muito trabalho, pudéssemos iniciar e inaugurar a obra. Fica o sentimento de dever cumprido da Administração com a comunidade”, comenta Henrique, que se refere à sua gestão na Educação com o prefeito Airton Artus (PDT), em 2014, quando o projeto iniciou, e agora com o prefeito Jarbas da Rosa (PDT), quando a Emei será inaugurada. O secretário destaca a grandiosidade da obra, “que infelizmente teve uma grande demora para ser entregue”.
Henrique ressalta que a escolha pelo bairro Xangrilá foi feita devido à necessidade de vagas nessa região e, também, pela área disponível no bairro. “Temos ainda lista de espera por vagas na Educação Infantil e tenho certeza que esses pais estão ansiosos para ter essa oportunidade de colocar os filhos em uma escolinha, é uma tranquilidade a mais.” Perguntado sobre a possibilidade de ainda serem feitas novas escolas para a rede municipal e Educação, o secretário afirma que será preciso aguardar os resultados oficiais do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para planejar novas unidades.
Demora e atrasos
A inauguração da Emei Vô Ismael foi muito aguardada, já que no andamento da obra foram diversas paralisações devido à falta de recursos e problemas com as empresas responsáveis. O secretário explica que o primeiro projeto para a escola foi pensado com uma metodologia inovadora, mas a empresa que ganhou a licitação federal não entregou dezenas de unidades no Brasil. “Quando assumi, na gestão de 2014, busquei o distrato amigável com a empresa e trouxemos o atual projeto, começando as obras em 2015, após nova licitação, que seguiu em andamento durante o ano de 2016”, ressalta.
Após, houve nova troca de empresa. “Quando reassumi o cargo, em 2021, encontrei a obra parada, com a construtora sem receber recursos desde abril de 2020”, recorda. Assim, a Administração buscou autorização no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para utilizar recursos próprios. Em janeiro de 2022, a Prefeitura pagou R$ 290 mil à empresa e a obra foi retomada e concluída no fim de 2022, com a construtora Pellegrini & Pellegrini, de Lajeado.
Em maio de 2022, o Governo Federal anunciou R$ 530.788,74 referentes aos valores em atraso, mas que não foram suficientes para restituir o que a Prefeitura já gastou do próprio cofre. Isso porque, desde o início da obra, foi necessário mais aporte municipal para reequilibrar o orçamento e pagar multa para a empresa construtora devido aos atrasos da União.
Depois de a obra ser finalizada, foi feita a licitação para mobiliar e equipar o local, bem como um concurso público para a contratação de professores, monitores e agentes escolares. Atualmente, Henrique observa que o FNDE já enviou para a Prefeitura todos os recursos que estavam atrasados. O valor inicial da obra, em 2015, era de cerca de R$ 1,7 milhão, mas com o aumento, ao longo dos anos, dos preços de materiais e equipamentos necessários, o montante final ficou maior. Os valores foram ajustados devido à nova licitação, multas por atraso no pagamento do construtor e reequilíbrios financeiros. Os gastos mensais da escola ainda não foram divulgados.
- R$ 3.140.394,24 – É o valor final da obra da Emei Vô Ismael, sendo que deste valor R$ 1,5 milhão foi de recursos federais e R$ 1,6 milhão de aportes feitos pelo Município de Venâncio Aires.
Emei Vô Ismael em números
- A escola iniciará com quatro turmas, totalizando 68 alunos (N1A, N1B, N II e N III).
- A pré-escola (para alunos de 4 e 5 anos) deve começar somente em 2024, pois é preciso obedecer ao calendário letivo e contratar mais profissionais.
- A capacidade total da Emei é de 193 crianças de 0 a 5 anos em turno integral.
- A escola começa com 10 professoras, 12 monitoras, três agentes escolares e quatro funcionárias de limpeza terceirizadas. A intenção é, em sua capacidade máxima, empregar em torno de 60 profissionais.
- A infraestrutura da escola tem 1.510 metros quadrados de área construída, 10 salas de aula, refeitório, sala de atividades, banheiros com acessibilidade, secretaria, sala de direção, sala de professores, cozinha, lactário e área coberta.
Lista de espera da Central de Vagas
- A expectativa era de que, com a abertura da Emei Vô Ismael, a fila de espera de crianças que precisam frequentar a Educação Infantil fosse zerada, no entanto isso ainda não aconteceu. Na Educação, no total, ainda são 230 crianças na fila, do nível IA até o nível III na lista da Central de Vagas, e 156 alunos frequentam escolas da rede privada através da compra de vagas.
- Nível IA – 67
- Nível IB – 63
- Nível II – 74
- Nível III – 26
- Vagas compradas – 156
O nome
1 De acordo com o secretário de Educação, Émerson Eloi Henrique, o nome da Emei vem de Ismael Pádua Costa de Oliveira, que nasceu em 1919, em Linha Olavo Bilac, foi líder comunitário e ajudou a fundar a Comunidade Católica São José da Bela Vista.
2 Na vida de Ismael, a educação sempre esteve muito presente: sua avó e três filhas foram professoras. Seu avô, Ismael Marques da Costa, foi o ex-prefeito de Venâncio Aires que comprou uma sesmaria de terras, desde o Parque do Chimarrão, fazendo divisa com a Escola Wolfram Metzler, e no bairro Cidade Alta, na antiga Rio Grande.
3 Ismael Oliveira herdou sete hectares destas terras após os falecimentos de seu avô e de sua mãe. Foi feito um loteamento e disto surgiu a área verde, doada então por Ismael. Hoje, nesta área verde está construída a Emei, que recebe o nome de Vô Ismael, em homenagem ao ex-prefeito Ismael Marques da Costa e seu neto Ismael Pádua Costa de Oliveira. Na inauguração da escola, nesta quarta-feira, 31, familiares devem estar presentes.
A ‘segunda casa’ de muitas famílias
A Emei Xangrilá começou a receber estudantes ontem. Muitos deles, com a oportunidade de estarem em uma escola pela primeira vez. É o caso da Aylla Maysa Aires Silva, 2, que frequenta neste ano o nível II da escola. Os pais Jonatan Flores Silva, 34, e Camila Aires dos Santos, 27, comentam sobre a felicidade e a expectativa que estavam de a pequena começar a estudar na nova escola.
“Eu cuidava dela em casa enquanto não tínhamos escola para levar, e agora, consigo sair para trabalhar. Vai ser muito bom para todos e importante para ela, e esperamos que ela goste da escola e da turma”, afirma a mãe, que começou a trabalhar como auxiliar de produção em uma fábrica de calçados.
Como a família mora no bairro Xangrilá, a abertura da escola e a matrícula da filha na Emei Vô Ismael facilita a vida e rotina da família. “Por ser perto de casa ajuda muito, nos inscrevemos para a vaga em novembro de 2021 e agora estamos felizes em sermos chamados”, reforça o pai, que trabalha como auxiliar de depósito.
Equipe diretiva
Desde o começo das atividades da Emei, nesta semana, quem está no comando da escola é a diretora Jerusa Alexandra Alves Fagundes, junto com as vice-diretoras Jennifer Barth e Lisandra Rocha. Segundo Jerusa, para a abertura do educandário, toda a equipe de funcionários da escola e da Secretaria de Educação foram empenhados em cada detalhe. “Nossa equipe sempre fará de tudo para receber os alunos da melhor forma, afinal eles são os protagonistas desta nova história que se inicia em Venâncio Aires.”
Sobre ter sido escolhida como diretora do educandário, ela ressalta que se sentiu honrada com o convite da Educação e da equipe pedagógica. “Significa muito, entendo o convite como um reconhecimento do meu trabalho enquanto profissional da educação. Para minha carreira profissional é um grande desafio, mas quero desempenhar com excelência junto de toda a equipe da Emei Vô Ismael”, afirma Jerusa