Empreiteira: uma alternativa à falta de mão de obra no interior

-

A falta de mão de obra é um desafio enfrentado pelos produtores rurais, principalmente na época da safra do tabaco, quando há dificuldades para encontrar trabalhadores dispostos a atuar na colheita. Uma das alternativas adotadas por agricultores é contratar empreiteiras que realizam a colheita do tabaco na propriedade. O trabalho termina quando o tabaco está todo estocado dentro da estufa, pronto para iniciar a secagem.

“Colhemos o tabaco do agricultor e concluímos o trabalho quando ele está pendurado no forno. Começamos de manhã cedo e terminamos antes da noite. A preferência é do agricultor que agendou com antecedência, mas tudo é adaptável conforme a necessidade da lavoura. Algumas sofrem mais por conta do sol, outras menos. É importante manter diálogo com os agricultores”, destaca o empreiteiro Caio Flamel Ribeiro, 28 anos.

Caio e a esposa Andréia Inês Barcelos, 29 anos, formularam o trabalho da empreiteira na última safra. O casal é filho de produtores de tabaco e conhece a rotina da lavoura desde cedo. A ideia de montar a empreiteira, segundo Ribeiro, surgiu pelo fato de ambos trabalharem como diaristas na colheita em outras safras e desejarem inovar. Além disso, eles também atuam como safreiros na empresa CTA Continental.

Andréia explica que o sistema de trabalho funciona por fornadas, que geralmente levam um dia de serviço.“Até a metade da safra, foi muito difícil encontrar pessoas capacitadas para auxiliar no trabalho. Depois disso, encontramos três rapazes muito competentes, que já garantiram que seguirão conosco neste ano também”, conta Andréia.

Ela é natural do interior de Vale do Sol e o marido do município de Sinimbu. Ambos se mudaram para Venâncio Aires por conta de serviço. Atualmente, residem no bairro Santa Tecla e têm o grande desejo de adquirir uma propriedade no interior. Na safra anterior, eles foram responsáveis pela colheita de tabaco em cinco propriedades. Além do interior da Capital do Chimarrão, também trabalharam em Quarta Linha Nova Baixa, no interior de Santa Cruz do Sul.

“Os agricultores confiam a nós a responsabilidade de colher o tabaco, que é fonte de sustento da sua família. Isso é muito gratificante.”

CAIO FLAMEL RIBEIRO

Empreiteiro


Escassez de mão de obra

Caio Ribeiro avalia que a escassez de mão de obra no interior é consequência de mudanças que se tornaram mais comuns há algum tempo. Ele considera que a saída dos jovens do interior, para morar na área urbana, é um dos motivos. “Antigamente os filhos permaneciam na propriedade da família para seguir o trabalho dos pais. Hoje, é em casos raros que isso acontece”, conta.

No entanto, o principal fator, na opinião de Ribeiro, é a exigência de esforço físico intenso e as longas jornadas de trabalho na lavoura, faça chuva ou sol. “Na lavoura não tem 13º salário e férias. O trabalho é diferente pra quem trabalha no interior, por isso é difícil encontrar mão de obra”, observa.

De acordo com Ribeiro, a própria empreiteira teve dificuldade em encontrar pessoas capacitadas para trabalhar. “Está cada vez mais difícil. Algumas vezes, não há folga nem nos finais de semana. Chegamos a trabalhar 21 dias seguidos”, comenta.



Júlia Brandenburg

Júlia Brandenburg

Acadêmica do curso de Jornalismo na Universidade de Santa Cruz do Sul

Clique Aqui para ver o autor

Oferecido por Taboola

    

Destaques

Últimas

Exclusivo Assinantes

Template being used: /bitnami/wordpress/wp-content/plugins/td-cloud-library/wp_templates/tdb_view_single.php
error: Conteúdo protegido