Na noite desta quinta-feira, 24, foi realizada mais uma audiência pública proposta pela Frente Parlamentar da Crise Hídrica da Câmara Municipal de Vereadores de Venâncio Aires. O encontro foi realizado na Cabana São Judas Tadeu, no bairro Grão-Pará, e reuniu em torno de 60 pessoas.
Na oportunidade, o vereador e presidente da Frente Parlamentar da Crise Hídrica, Benildo Soares (Republicanos) apresentou o projeto de um lago artificial para solucionar o problema da estiagem e contemplar um novo espaço de turismo e lazer no município.
A convite de Soares, o engenheiro Matheus Welter apresentou um projeto que foi desenvolvido pela esposa dele, Juliana Mallmann, como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na área de Arquitetura e Urbanismo. A proposta realizada dava conta do Parque da Orla no Arroio Castelhano, onde além da reservação da água, traria um ponto turístico muito grande para a região, com espaços de esporte e lazer.
Os moradores da região do bairro Grão-Pará prestigiaram o encontro e falaram sobre suas opiniões pessoais sobre as alternativas apresentadas. De comum acordo, aqueles que se pronunciaram elogiaram a ideia de um lago artificial, mas fizeram ponderações quanto a efetividade para resolver os problemas tanto de seca quanto de enchentes na região.
Os moradores também mostraram preocupação sobre a implantação de um lago artificial por modificar o abastecimento para suas residências, que é feito por meio de rede hídrica e funciona muito bem, segundo eles. Porém, Soares afirmou que a ideia não interfere neste sentido.
O vereador Elígio Weschenfelder, o Muchila, reforçou a ideia de que o assunto da água não deve ser lembrado apenas no verão. “É preciso pensar, falar e agir. O projeto é caro, mas dinheiro existe. Precisamos provocar este debate”, complementou.
Pedro Fischer, presidente da Comunidade da Cabana São Judas Tadeu, destacou a importância das universidades da região para que seja feito um estudo sobre as possibilidades e melhores formas de fazer uma reserva de água no município. “Não precisamos ter medo, sim ter coragem de falar sobre um assunto tão importante. Temos que semear para levar um futuro melhor para Venâncio Aires”, disse.
José Agnes, morador da região, sugeriu a criação de estruturas para retenção de água no próprio arroio Castelhano. “Podem ser feitas barragens de um a dois metros de espaço estáticas, para que seja sempre alimentada com água nova. Não gera erosão e não fica assoreado”, falou. Agnes enfatizou que o turismo é necessário, mas antes disso é preciso “dominar a natureza”.
Na oportunidade, o coordenador da Patrulha Agrícola, Rodrigo Garin, explicou o trabalho realizado pelos caminhões-pipa com entrega de água nas regiões mais necessitadas no município. No verão deste ano, 300 famílias em diversas regiões do município foram atendidas por meio do serviço, com quatro caminhões disponíveis. Atualmente, cerca de 15 famílias ainda recebem água por meio do caminhão.
Próximos passos
O prefeito Jarbas da Rosa garantiu que já existe uma empresa contratada para fazer a análise técnica do melhor local para a implantação de uma nova fonte de captação de água no município. A entrega dos resultados deve ser feita até outubro e o desenvolvimento do projeto deve ser feito pela Aegea, empresa que comprou a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan).
O contrato assinado pelo Município em 2010 – com 25 anos de validade – recebeu uma atualização no ano passado na qual a empresa se compromete na implantação de uma nova fonte de captação de água. A prefeitura tem se reunido com frequência com a Aegea para alinhar os trabalhos daqui pra frente. “Dos pedidos que já solicitei a eles foi água de qualidade, extensão de rede novos loteamentos e recursos para que trabalhemos a curto, médio e longo prazo para resolver esses problemas”, declarou o prefeito.
O secretário de Desenvolvimento Social, Ricardo Landim, reforçou a importância da realização deste estudo para que todas as iniciativas sejam realizadas de modo a conseguir melhores resultados. “Precisamos buscar alternativas. É difícil dizer o que é mais certo sem um estudo técnico. Esse debate é necessário”, citou.
O vereador Benildo Soares destacou que novas audiências devem ser realizadas para que o assunto não caia no esquecimento e não tenha ênfase somente nos dias que o município sofre com os impactos da seca e o baixo nível do arroio Castelhano.