Incentivar a valorização da carreira docente, não apenas financeiramente, mas também através de formações, estimular o ensino profissionalizante entre os jovens, aproximar as famílias dos educandários, buscar alternativas para reduzir a evasão escolar e promover a inserção da tecnologia nas instituições de ensino foram alguns dos pontos mencionados durante a quinta edição do encontro do Movimento pela Educação. A atividade, liderada pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, foi realizada na Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul, na manhã desta sexta-feira, 14.
Por meio desses encontros, o parlamento gaúcho tem como objetivo ampliar as discussões sobre a qualidade do sistema estadual de ensino. O tema Educação para o Desenvolvimento foi escolhido para nortear os trabalhos da Assembleia neste ano, período no qual o Legislativo é presidido pelo deputado estadual Vilmar Zanchin (MDB).
O parlamentar avaliou como muito positiva a atividade realizada em Santa Cruz e explicou que a partir das ideias levantadas durante os encontros serão estabelecidas normatizações para que essas sugestões sigam sendo realizadas como uma política de estado e não apenas de Governo. “O que mais prejudica a educação é a interrupção das políticas públicas nessas áreas”, acrescentou.
Os encontros seguirão acontecendo até o fim deste ano e, após o término do ciclo de eventos, as sugestões serão apresentados ao Governo do Estado. “Estamos ouvindo todas as regiões porque entendemos que a educação é a base para o desenvolvimento econômico e social do nosso estado”, salientou.
“São várias sugestões que recebemos e que vamos colocar em legislação e oferecer sugestões ao Governo para que se crie programas nesse sentido. Tenho certeza que todas essas iniciativas darão resultado, algumas no curto e outras no médio e no longo prazo.”
VILMAR ZANCHIN – Presidente da Assembleia Legislativa
Valorização do professor
Durante o painel ‘Educação para o Desenvolvimento’, a secretária de Educação do Rio Grande do Sul, Raquel Teixeira, ressaltou que as instituições de ensino precisam olhar para o futuro, entender ele e se preparar para vivê-lo, além de auxiliar os estudantes nesse processo. Para ela, o mundo que se tem hoje, é híbrido, aberto, flexível e colaborativo. E esses aspectos devem se intensificar com o passar do tempo.
“Cada vez mais a avaliação deixa de medir o que o aluno sabe para medir o que o aluno faz com aquilo que ele sabe. Essa é uma mudança muito importante e que tem que direcionar as nossas escolas”, observou. A secretária também informou que o Governo do Estado deve apresentar, em breve, um programa muito importante na área de formação inicial e continuada dos educadores.
Raquel ainda elencou como um dos principais desafios da educação a atração e a permanência dos professores, o que para ela implica na valorização financeira e social desses profissionais. “Eu já vivo um apagão na Secretaria de Educação. Quando nós criamos o programa de Recomposição de Aprendizagem, implementei duas horas semanais de aula de Língua Portuguesa e três horas semanais de aula de Matemática. Isso implicou na contratação de quatro mil novos professores e tem 300 professores de Matemática que nunca foram encontrados”, relatou.
“A educação é um grande desafio. O professor não é fornecedor de aula, ele é o mediador do processo de aprendizagem. Ele não prepara uma aula, ele se prepara para um convívio de estímulo e de inspiração para o aluno buscar os próprios caminhos.”
RAQUEL TEIXEIRA – Secretária de Educação do RS
O reitor da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e presidente do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung), Rafael Henn, também participou do painel. Entre os pontos destacados por ele estão a importância de uma relação próxima entre as famílias e as escolas e a necessidade de se entender porque os jovens não conseguem mais enxergar o ser professor como uma profissão. “Eu não tenho essa resposta, mas é algo que tem que ser discutido. Devem existir políticas para a valorização do professor em todos os aspectos”, defendeu.
A diretora da escola Municipal de Educação Básica Ezequiel Nunes Filho, de Esteio, Fernanda Brites Luiz, ressaltou a importância de um olhar atendo para as experiências exitosas na área da educação. “Muita coisa dá certo e às vezes a gente não consegue olhar para elas porque estamos atrelados aos desafios e o que é bom passa despercebido.” Ela também compartilhou as vivências do educandário após o processo de municipalização.
De acordo com a secretária de Educação do RS, Raquel Teixeira, o Estado trabalha em um acordo junto à Federação das Associações dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) para que as Prefeituras assumam as atividades dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental e o Estado possa se especializar no atendimento dos estudantes dos Anos Finais e do Ensino Médio. O encontro ainda contou com a palestra do diretor do campus Caldeira, Felipe Amaral.