Erva-mate: herança familiar mantida com o uso de tecnologias

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Histórico e culturalmente, a erva-mate tem uma representatividade muito grande para Mato Leitão e Venâncio Aires. Apesar de as dificuldades para manter a atividade, principalmente por causa da escassez de mão de obra, existem produtores que se dedicam e investem nos ervais.

Esse é o caso de André Hackenhaar, 39 anos, que herdou do pai, Cyro Hackenhaar, 83 anos, o trabalho nesse segmento. “Cresci vendo meu pai fazer mudas de erva-mate em canteiros tradicionais no chão, as chamadas ‘mudas puxadas’. Muitas vezes eu ia junto e ele me mostrava como plantar”, recorda.

Motivado pelo exemplo do pai, o morador de Bento Gonçalves investe na cultura junto às áreas de terra que pertencem à família, em Vila Santo Antônio, no interior da Cidade das Orquídeas. “Apesar de não ser minha atividade principal, procuro manter esse legado e essa fonte de renda”, destaca André Hackenhaar, que é gerente comercial e atua no setor moveleiro na Serra Gaúcha. O pai dele, Cyro, é morador de Linha Travessa, no interior de Venâncio Aires.

Na cultura da erva-mate, André busca inovar a partir do uso de tecnologias. “Hoje temos o gel de plantio, que auxilia na manutenção da umidade do solo na hora de plantar a muda. Destaco também o desenvolvimento do inseticida biológico para combater o cascudo da broca, principal praga da cultura junto com a ampola, também conhecida como orelha de mico”, menciona.

“Como é uma cultura que eu gosto, estou sempre acompanhando o que há de novo para o manejo. Costumo fazer visitas regulares ao polo de Arvorezinha, referência hoje no cultivo, para trocar experiências e ver o que pode ser adaptado para a nossa realidade.”

ANDRÉ HACKENHAAR
Produtor de erva-mate e gerente comercial

Investimentos

Outras ações citadas por ele são a análise de solo, que permite entender as necessidades nutricionais de cada lote, e a adubação verde, para auxiliar na proteção durante os períodos de chuva e sol forte. “A muda de erva feita em tubetes também facilita muito o plantio. Com ela é possível plantar de forma similar ao tabaco, com o auxílio de uma plantadeira manual, sem precisar se abaixar, e ainda com a possibilidade de injetar o gel junto no processo”, relata.

Com relação a máquinas, destaca a compra de trator e implementos adequados às medidas necessárias para o adensamento planejado. “Esses equipamentos auxiliam muito no cultivo. A parte da colheita é terceirizada”, comenta. Apesar de a erva-mate ser uma cultura perene, que atinge o potencial máximo por volta dos 16 anos, Hackenhaar já percebe resultados dos investimentos feitos.

“No primeiro lote de 1,2 hectares implantado em 2016, já com o adensamento, a primeira poda com três anos gerou 380 arrobas e a segunda, com cinco anos, saltou para 863 arrobas. Em setembro de 2023, o erval com sete anos rendeu 850 arrobas e precisamos considerar que tivemos três anos de seca severa na região. A expectativa é que esse lote ultrapasse mil arrobas no próximo corte”, projeta.

Na região, conforme o Instituto Brasileiro da Erva-Mate (Ibramate), a média é de 600 arrobas por hectare. “Como em toda cultura, a gestão de custos de produção precisa ser acompanhada de perto, na ponta do lápis. A aquisição de mudas de qualidade e uma análise de solo para se desenvolver o adubo ideal para cada lote e cada fase do plantio são essências”, acrescenta.

Saiba mais

• 14 hectares é a área de cultivo da família Hackenhaar. O espaço conta com cerca de 30 mil pés de erva-mate. Os ervais são destinados ao mercado nacional para a produção de erva para tereré.

Material originalmente publicado na Revista de Mato Leitão 32 anos



Taís Fortes

Taís Fortes

Repórter da Folha do Mate responsável pela microrregião (Mato Leitão, Passo do Sobrado e Vale Verde) e integrante da bancada do programa jornalístico Terra em Uma Hora, da Terra FM

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