Escola Alfredo Scherer, de Venâncio Aires, tem sucesso na alfabetização das crianças

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Para obter a excelência na alfabetização de crianças não há uma ‘receita’ a ser seguida, mas escolas de Venâncio Aires tiveram destaque e foram premiadas no programa Alfabetiza Tchê, do Governo do Estado. Uma delas é a Escola Municipal de Ensino Fundamental Alfredo Scherer, do bairro Leopoldina. Os números positivos são referentes ao Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar (Saers) de 2023 e ao cálculo do Índice de Qualidade de Alfabetização (IQAe). A escola obteve o índice de 84,27.

A diretora, Ionara Bencke, diz que a equipe busca sempre tornar a escola um ambiente acolhedor, tanto para os professores, quanto para as famílias e alunos. Os conteúdos ensinados consideram a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), mas são os detalhes e as pequenas observações individuais dos alunos que fazem diferença. “É um trabalho conjunto, todos são responsáveis e ajudam. Nem todos aprendem de maneira igual, é ter um diálogo aberto e construir junto”, comenta ela, destacando a atuação da supervisão, orientação e, também, a importância desde o agente escolar até os professores.

Entre os recursos que contribuem e auxiliam na melhora da alfabetização na escola está o Cantinho da Leitura, instalado nas salas das turmas do 1º e 2º anos. O recurso é possível porque as turmas têm salas fixas. Além disso, o turno oposto, com a professora Andreia Müller, atende aqueles alunos com dificuldade, para que recebam reforço no aprendizado e consigam acompanhar a turma. A escola também disponibiliza, desde 2019, um espaço de leitura, com livros de literatura. O ambiente foi especialmente preparado para o momento da leitura, com paredes pintadas com personagens marcantes da literatura.

Isabela Pimentel, de 7 anos, adora treinar a leitura. (Foto: Luana Schweikart)
Espaço de leitura fica disponível para todas as turmas da escola. (Foto: Luana Schweikart)

O supervisor escolar Samuel Hübner destaca os momentos de planejamento que foram implementados na rotina dos profissionais de educação, com um terço de hora atividade. Na semana, os professores têm quatro horas disponíveis para trabalharem em casa e duas horas para trabalho livre na escola, momento em que conversam com a equipe e realizam trocas de experiências.

Além disso, formações pela rede municipal e pelo programa estadual Alfabetiza Tchê são oferecidas aos professores. Pelo programa, também foram entregues kits de leitura e escrita, com materiais específicos para as turmas do 1º e 2º anos. Cada estudante recebe um kit com três livros, sendo dois de leitura e escrita e um caderno literário. “Sou suspeito em falar, mas aqui na escola, nos mínimos detalhes, tornamos a alfabetização mais especial”, considera. Na Emef Alfredo Scherer são 26 professores e, ao todo, 35 pessoas em atuação na escola para atendimento dos alunos.

Kit que é entregue para os alunos do 2º ano. (Foto: Luana Schweikart)

Avaliação de fluência na alfabetização

Dentro do programa Alfabetiza Tchê, um dos métodos de testagem da alfabetização dos alunos é uma avaliação de fluência. Eles são chamados um por um, para lerem palavras existentes e não existentes em um tempo específico. No teste é avaliada a pronúncia e a agilidade de leitura. O teste é feito com uso de um aplicativo chamado Caed Educação. A sigla Caed se refere a Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação.

Na Escola Alfredo Scherer, os testes são aplicados por Hübner, no início e no fim do ano letivo. A voz dos estudantes do 2º ano é gravada e armazenada no aplicativo, para avaliação. Nesta semana quem fez o teste foi o aluno do 2º ano, Caique Luís Almonder Ferreira, de 7 anos. Ele já sabe ler e escrever – aprendeu no ano passado – e achou o teste fácil e tranquilo. Caique adora ler gibis.

Caique realizou o teste de fluência nesta terça-feira, 8. (Foto: Luana Schweikart)

Mudança

  • O Projeto de Lei 4.937/2024, aprovado pelo Senado, institui o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada. Esse compromisso garante que todas as crianças brasileiras sejam alfabetizadas até o final do 2º ano do Ensino Fundamental.
  • A diretora Ionara Bencke afirma que a partir deste ano a aprovação dos alunos, no 2º ano, leva em consideração a alfabetização completa, ou seja, é preciso que saibam ler e escrever, senão, o aluno é retido no mesmo ano.
  • Anteriormente, a aprovação do 2º ano era automática, independente do êxito na alfabetização.

Alfabetização: um desafio constante

A professora da turma do 2º ano, Simone Martins, conta que os desafios são inúmeros e constantes durante a alfabetização. Ela menciona o uso de tecnologias, já comum para as crianças, mas que retém o foco. O ideal, segundo ela, é conseguir usar os aparelhos como instrumento de conhecimento, principalmente em casa.

Além disso, ela organiza atividades lúdicas com a formação de palavras, escrita e exposição de nomes de objetos e itens que compõem a sala de aula, como quadro e cadeira, e com frequência apresenta novos livros para a turma. A sexta-feira também é o dia dedicado para a leitura, quando no início da aula, a turma separa 45 minutos para um momento de concentração e conhecimento de novos livros.

“Eles também gostam muito do Cantinho da Leitura que temos na sala. Quando terminam a atividade, já sabem que podem pegar um livro pra ler.” Na escola do bairro Leopoldina, praticamente todas as 21 crianças do 2º ano já estão alfabetizadas, e a maioria já iniciou o processo de aprendizagem no pré B.

Simone é professora de turma de 2º ano há cinco anos – quatro deles na Escola José Duarte de Macedo e agora o primeiro ano na Escola Alfredo Scherer. “Os desafios são principalmente para reinventar e pensar em formas diferentes de ensinar. A pandemia afetou muito, essas crianças estavam, na época, na Educação Infantil, e acabaram perdendo parte do desenvolvimento”, explica a professora.

Premiação

Com o reconhecimento do Alfabetiza Tchê, a escola deve receber uma premiação que será de R$ 2 mil por aluno matriculado na turma que realizou a prova. Na Alfredo Scherer foram 22 crianças que participaram e hoje estão no 4º ano, então a premiação deve ser de R$ 44 mil. A diretora da escola, Ionara Bencke, afirma que ainda não sabe onde será aplicado o valor ou se virá um regramento específico para destino do montante. “Na premiação foi mencionado que o valor virá ainda neste mês de abril”, completa.

Se a equipe da escola tiver a opção de escolha de onde aplicar os valores, Ionara destaca que pretendem investir ainda mais nas turmas para alfabetização, por exemplo, com a compra de novos livros. “Por isso a equipe diretiva passa e conversa com as turmas, falando sobre a importância de levarem as provas e testes a sério, pois geram resultados. Na época foi feito até um intensivo para que ninguém faltasse no dia. Os pais são bem presentes e contribuem.”

Aluno do 4º ano, que fez parte da turma responsável pelos números de 2023, Théo Back, 9 anos, conta que aprendeu a ler e escrever ainda no pré e na Escola Alfredo Scherer desenvolveu ainda mais rápido o hábito pela leitura. Ele lembra de fazer atividades como ligar letras, palavras e desenhos; e também teve aprendizagens com o projetor. O que Théo mais gosta de ler são gibis de anime e mangás, além disso, gosta da disciplina de História. O supervisor Samuel Hübner consultou a nota de Théo em 2023, e ele foi considerado um dos alunos em nível avançado de alfabetização.

Théo fez parte da turma que apresentou ótimo desempenho na alfabetização e rendeu o reconhecimento para a escola. (Foto: Luana Schweikart)


Luana Schweikart

Luana Schweikart

Jornalista formada pela Unisc - Universidade de Santa Cruz do Sul. Repórter do Jornal Folha do Mate e da Rádio Terra FM

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