Sensitivos e com um faro privilegiado, os cães, cada vez mais, são utilizados nas mais variadas funções. Seja para mudar o ânimo de uma pessoa estressada, como para fazer buscas a desaparecidos ou a contraventores da lei, cães treinados ganham espaço e os resultados são altamente satisfatórios. Mas para se atingir estes resultados é preciso muita dedicação e treinamento.

Foi o que aconteceu na terça-feira, 14, nas dependências do extinto Instituto Penal Mariante (IPM). Integrantes do canil da 8ª Delegacia Penitenciária Regional (8ª DPR), juntamente com membros do grupo de Busca e Salvamentos do Corpo de Bombeiros Militar (CBM) de Santa Cruz e da Companhia Especial de Busca e Salvamentos (CEBS), de Porto Alegre, simularam situações reais, onde os cães mostraram suas habilidades na busca a desaparecidos.
O trabalho iniciou pela manhã, no pátio da Galeria A da Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva). Reunidos, os membros do canil regional e de busca e salvamento traçaram a estratégia a ser adotada no treinamento. A intenção era de aperfeiçoar o trabalho de cães que estão em treinamento, assim como estreitar laços entre as equipes. “Foi um treino institucional, de integração e troca de conhecimento técnico”, comentou Diogo Blaszak, coordenador do canil da 8ª DPR.
Ao lado do colega Luiz Lopes, especialista em cães de faro, eles acompanharam o trabalho desenvolvido pelos integrantes da CEBS, uma equipe formada por especialistas e que é designada para as mais diversas missões de resgate, como, por exemplo, na barragem de Brumadinho (MG).
O acidente aconteceu em 25 de janeiro de 2019 e o grupo de salvamento gaúcho ficaria dez dias em Brumadinho, mas acabou ficando 24 dias. O desastre causou a morte de 314 pessaoas e ainda há três desaparecidos.
Treinamento
Dez instrutores participaram do treinamento feito em Vila Estância Nova. Durante a manhã e a tarde, ambientaram os cães ao terreno – na área externa e nos pavilhões do extinto IPM – e depois simularam situações reais de busca e salvamento.
Usando material apropriado, os chamados ‘cachorreiros’ esconderam objetos que precisavam ser encontrados pelos cães. Um deles foi colocado sob escombros, outro foi enterrado e um boneco foi pendurado em uma árvore, simulando um enforcamento. Todos os objetos foram localizados, comprovando a eficiência do treinamento e a qualidade dos cães.
Do canil da 8ª DPR foi utilizado o pastor alemão Demo, um cão de faro e que também é usado em situações de contenção. Do grupamento de Santa Cruz e do CEBS vieram animais das raças pastor alemão, rastreador brasileiro, labrador, pastor cinza, pastor australiano, weimaraner e pastor belga de malinois.
Canil regional
• A obra do canil regional segue em ritmo acelerado, com mão de obra dos apenados e o aporte financeiro do Conselho da Comunidade. Ele está sendo construído em frente à Peva e terá oito box individuais para cães. “A sede regional é aqui em Venâncio e minha intenção é de usar os cães para auxiliar no que for preciso, seja para busca e salvamentos, contenção e até mesmo em instruções para crianças, como fizemos costumeiramente em cidades da região”, observou Blaszak.
• Afora a construção do canil regional, Blaszak citou o uso de cães de contenção na área externa da penitenciária. Hoje estão sendo usados seis cães e a intenção é de ter 14. Eles permanecem entre as celas e a cerca, controlando toda a movimentação. Uma alternativa que impede fugas e alerta os agentes penitenciários sempre que haja alguma movimentação estranha.