É em Linha Bem Feita, no interior de Venâncio Aires, que está uma das maiores plantações de lúpulo da região. Embora considerada ainda pouco expressiva e em caráter experimental, a área de quase 2 mil metros quadrados na propriedade da família Lenz vai para a terceira colheita desde que começou com o cultivo, em 2022.
Os irmãos Thomás e Arthur Lenz, junto do pai Roderlei (Nini) Lenz, deram início à produção em janeiro de 2022, quando começaram o processo de avaliação do solo e receberam a visita da equipe da Cervejaria Salva, por meio do projeto Salva Hops, empresa que dá o suporte e consultoria, além de comprar a produção. “Estamos aprendendo sobre o manejo e ter esse apoio ajuda muito. Tivemos uma perda grande em função da chuva do ano passado e, por isso, estamos produzindo novas mudas para substituir as que perdemos”, afirma Thomás.
No local, chamado de Sítio Santa Helena, são produzidas quatro variedades da planta: Cascade, Comet, Triumph e Smooth Cone. Já foram feitas duas colheitas, uma em fevereiro e outra em junho de 2023. A segunda colheita foi de aproximadamente 100 quilos. Em 40 postes de 7,5 metros de altura com estruturas transversais de aço, as plantas se destacam por serem do tipo trepadeiras, chegando a um tamanho máximo de 6 metros de altura.
Pela falta de experiência na área e por ser uma cultura relativamente nova no Brasil, muitas adaptações foram realizadas e seguem sendo feitas para melhoria da produção. Entre elas, a colocação de iluminação e sistema de irrigação. “Essa é uma característica do lúpulo, ele precisa de luz para se desenvolver, por isso investimos na iluminação, e com isso, conseguimos fazer duas colheitas no ano, o que não acontece em países como Estados Unidos e Alemanha, por exemplo”, diz. As luzes são ligadas automaticamente das 23h às 5h. Além disso, para a próxima colheita, também foi adquirido um equipamento que auxilia o processo. “A colheita é bem trabalhosa, mas como o investimento para dar início é alto, estamos aprimorando aos poucos”, acrescenta.
A produção da Santa Helena Lúpulo é comercializada por quilo de forma fresca. Fica a cargo da cervejaria Salva o processo de secagem, para posteriormente passar pelo processo de produção da cerveja. Há, ainda, uma terceira etapa, a peletização, que transforma o lúpulo em forma de flor (seca) em pellets, esta é a forma mais utilizada para comercialização em grande escala e adquirida pelas cervejarias.
CERVEJA PRÓPRIA
O empreendimento da família Lenz também produziu cerveja de marca própria com um blend dos lúpulos Triumph, Smooth Cone, Cascade e Comet da primeira safra. A produção foi da Cervejaria Thigas em quantidades limitadas, apenas para marcar a primeira colheita. A bebida recebeu a medalha de bronze no VIII Concurso Sul Brasileiro das Acervas promovido pela Associação dos Cervejeiros Artesanais de Santa Catarina (Acerva SC).
A propriedade onde está instalado o Santa Helena Lúpulo (Sítio Santa Helena) também está sendo estruturada, aos poucos, para possivelmente ser um empreendimento turístico. Próximo ao lupulal foi instalado um palco para a realização de eventos. “Aos poucos vamos estruturando, pensamos também em receber grupos de pessoas que queiram conhecer mais sobre a produção e cultura do lúpulo. Queremos explorar o lúpulo que é nosso diferencial”, comenta.
Por que Santa Helena?
O Sítio foi batizado pela avó de Arthur e Thomás e mãe de Roderlei, Dona Helena. A propriedade onde está instalado o Santa Helena Lúpulo é de Helena e o esposo, Ireneu. Helena inclusive auxiliou nas colheitas, processo que envolve toda a família.
Curiosidades sobre o lúpulo
O lúpulo é responsável pelas substâncias que conferem amargor e aroma à cerveja. Confira algumas curiosidades sobre a planta de acordo com a Associação Nacional dos Produtores de Lúpulo (Aprolúpulo).
– Existem plantas masculinas e femininas de lúpulo, porém apenas as femininas produzem as flores utilizadas na cerveja.
– O lúpulo era utilizado como um ‘conservante’ da cerveja antigamente.
– A planta de Lúpulo sempre sobe no fio em sentido horário e pode crescer até 30 centímetros por dia.
– As primeiras evidências de cultivo de lúpulo são datadas entre 859 e 875, na Abadia de Freisingen na Bavária, sul da Alemanha.
