Toda quarta-feira e sábado, das 6h30min às 12h, moradores dos bairros Gressler, Cidade Nova e Xangrilá, além de outras regiões próximas, têm a possibilidade de adquirir produtos fresquinhos e direto da lavoura, pertinho de casa. Há quase 6 anos, em um ‘quiosque’ na rua Coronel Vila Nova é ponto de venda dos Feirantes Heck. No local, Elma Heck Mahle, 62 anos, e o irmão Marino Heck, 59 anos, comercializam frutas e hortaliças cultivadas na propriedade da família, em Vila Santa Emília, no interior de Venâncio Aires. Em tempos de ‘condições normais’ do clima, são entre 40 e 50 variedades.
Quem é cliente dos irmãos Heck leva para casa, além da diversidade e da qualidade dos produtos, um diálogo carregado de bom humor e da experiência de mais de 40 anos como feirantes. “A conversa que temos com cada um é o mais interessante, esse contato com as pessoas”, afirma Elma.
Quando ela iniciou o trabalho, em julho de 1984, as feiras eram realizadas no Centro da cidade, com o irmão Bruno Heck – eles estão entre os pioneiros entre os feirantes de Venâncio Aires. Tudo começou quando os dois participaram de um curso realizado no então Colégio Agrícola (Escola Estadual Wolfram Metzler). Na época, o cultivo de verduras para comercialização era novidade, assim como algumas hortaliças ‘diferentes’. “Rúcula, por exemplo, a gente não conhecia”, recorda a agricultora.
A família tinha experiência na produção de milho e soja e criação de porcos. O cultivo de verduras surgiu como uma alternativa de renda para os mais novos entre os nove irmãos (Bruno é o 6º, Elma a 7ª e Marino o 9º filho de Léo João e Lúcia Heck).
Foi o primeiro e único emprego de Elma, que reside em Mato Leitão com o marido Ione Mahle e o filho Gabriel, mas sempre trabalhou em Venâncio: na produção agrícola, em Santa Emília, e na venda dos itens, na cidade.
Mais tarde, Marino assumiu o trabalho com a irmã. Sobre essa parceria, eles garantem que sempre deu certo. “É muito bom, nos acertamos bem”, define Elma. “Trabalhamos juntos, mas separado, pois cada um tem as suas atividades na roça”, explica Marino. Enquanto ele é responsável por abrir os canteiros, ela semeia, capina e se dedica ao cultivo das verduras. Já a produção de frutas fica a cargo de Marino, que nos últimos anos tem buscado ampliar as opções, com produção de abacaxi e banana, além das variedades de laranja e bergamota.
Localização
Para os irmãos, a mudança da feira para o Gressler foi positiva. Além de clientes fiéis, que os acompanham há anos, diversos moradores da região conheceram o trabalho da família Heck e se tornaram consumidores. “Aqui é um bairro muito tranquilo e bom de trabalhar”, considera Marino.
Rotina e anotações diárias
- Nos dias de feira, quartas-feiras e sábados, as atividades começam às 5h. Entre manhãs geladas de inverno, quando a geada cobre a paisagem, em dias de chuva intensa ou sol escaldante do verão, a feira é sagrada. “Não falhamos nunca. Fizemos isso há 40 anos, então estamos acostumados com a rotina que começa de madrugada”, afirma Elma. Marino complementa que, com o passar do tempo, a experiência ajudou. “Uma época acordávamos às 4h para colher alface, pois imaginávamos que iria estragar se fosse colhida no dia anterior, mas depois vimos que não era necessário.”
- Desde a década de 1980, quando iniciaram as feiras, uma tradição dos irmãos Heck é registrar, diariamente, as atividades em uma espécie de diário. São dezenas de agendas guardadas, onde estão descritas informações sobre o clima e as tarefas realizadas a cada dia: o que plantaram, quanto choveu, o que foi colhido, a produção de schmier. Além disso, questões referentes à vida comunitária em Santa Emília, como festas, celebrações religiosas, jogos de futebol, compromissos da família, fatos do município e diversos recortes de notícias do jornal Folha do Mate também estão guardados.