A última década do Esporte Clube Guarani foi marcada por dificuldades financeiras e um afastamento da torcida. Com parcerias externas para a montagem dos elencos que disputavam a Divisão de Acesso, a instituição pecou pela falta de planejamento a longo prazo. No entanto, a atual diretoria comandada pelo presidente licenciado Eliomar Marcon e o presidente em exercício Jorge Antônio da Silveira pensa diferente.
O objetivo principal é o equilíbrio financeiro do clube. Para isso, a busca será pela formação de atletas nas categorias de base. Segundo Silveira, o olhar inicial será para prospectos de Venâncio Aires e região e, com os jogadores que integram a categoria Sub-20, formar a base que disputará a Terceirona Gaúcha. “É uma gestão a longo prazo, plantamos agora para colher um legado positivo.” No entanto, a meta ainda é subir para a Divisão de Acesso nesta temporada.
O grupo de gestão do Guarani é formado por nove pessoas, que se reúnem para tomar as decisões do clube – ainda conta com conselho deliberativo atuante. Ao assumir, estes precisaram resolver pendências, como as contas bloqueadas por conta de questões trabalhistas atrasadas. “Não ficamos devendo nada em 2024. Pagamos mais de R$ 77 mil apenas em questões trabalhistas e ainda temos mais de R$ 140 mil até 2027. Por isso, precisamos buscar parcerias para dar continuidade no projeto”, explica Marcon.
Categorias de base do Guarani
Neste momento, o time disputa a Copa Lajeado na categoria Sub-18 e a equipe disputará a Liga Serrana Sub-19, em julho deste ano. Também há a prospecção de jogadores em competições regionais e, também, a participação em jogos amistosos em outros países, como o caso da excursão recente ao Uruguai. A partir da categoria Sub-20 e da escolinha da Fiel Tribo Guarani, também devem ser expandidas as demais categorias.
Desta primeira excursão, um jogador do Guarani, Matheus, fará parte do elenco do Defensor, de Montevidéu. Os amistosos são essenciais para a vitrine desses atletas, que estão vinculados ao Índio. “O Eliomar [Marcon] tem influência no Uruguai, pois jogou lá. Então, temos essa oportunidade para mostrar nossos jogadores”, acrescenta Silveira.
Segundo a diretoria, a falta de jogadores vinculados em contrato impediu, nos últimos anos, a venda que gerasse renda para o clube. Por conta disso, todos os atletas que atuarem pela instituição terão uma porcentagem do seu passe com o clube. “O último jogador que foi vendido e rendeu valores foi o Edenilson. Depois revelamos o Felipe Gedoz, mas não recebemos nada na venda”, explica Marcon.
São, também, quatro jogadores disponibilizados para o Cruzeiro Santiago, na disputa da Copa Santiago, entre eles o goleiro Tiago Kirch e o zagueiro Léo Ruschel, naturais de Venâncio Aires. “Futebol paga o futebol”, conclui o presidente.
Sócios e rifas
Em julho do último ano, o Índio alcançou a marca de 100 sócios, após a campanha especial “Rumo ao Centenário”. Conforme Milton Klafke, um dos responsáveis pela gestão dos sócios, os pagamentos são realizados diretamente para a conta Pix do clube, na chave CNPJ 89691679000116.
R$ 300 mil é a dívida passiva do Guarani por ano. O valor mensal é de, aproximadamente, R$ 25 mil.
No último ano, foram vendidos 180 números da rifa do Guarani, que teve como grande vencedor o treinador Mano Menezes, que repassou os R$ 10 mil de volta para o clube. Para este ano, a rifa será lançada em fevereiro e seguirá até novembro.
Recursos
Atualmente, para além do plano de sócios e das rifas, o Guarani também consegue recursos a partir de repasses da Prefeitura com a Lei de Patrocínio e, principalmente, com parceiros, que estampam os uniformes, os banners no estádio e demais atividades do clube. “Eles foram essenciais para o fechamento do caixa em 2024”, acrescenta o diretor de Patrimônio, Marcos Moraes.
Com os “negativos” em dia, o clube também busca outros aportes, como programas estaduais de auxílio ao esporte.

Reformas no estádio do Guarani
Além da participação em competições de base e a formação do time profissional, a instituição também pretende promover reformas no estádio Edmundo Feix. Segundo o diretor de Patrimônio, Marcos Moraes, já foram realizadas a troca do telhado e calhas, reconstrução de uma parede na arquibancada, pintura e limpeza em diversos setores.
O cuidado com o gramado também é um dos principais focos. Além disso, consta no planejamento a mudança da sala da diretoria e dos banheiros para uma área mais aos fundos do estádio. Outra meta é a criação de um memorial para resgatar a história do clube. “Não podemos afastar os personagens importantes da nossa trajetória, eles precisam estar aqui, próximos e ajudando o clube”, afirma Silveira.
O Guarani buscou a habilitação para o programa estadual Pró-Esporte. No entanto, após ser negado na primeira tentativa, com um recurso espera conseguir a aprovação. Com isso, o clube deve receber valores importantes para a montagem de elenco para a temporada. “Um trabalho de credibilidade e transparência é o que tentamos fazer”, destaca o presidente Eliomar Marcon.
“Hoje, o Guarani está administrável. Graças a muitas mãos, pois temos as pessoas certas, nas funções certas.”
JORGE ANTÔNIO DA SILVEIRA
Presidente em exercício
Relembre
• Após o rebaixamento para a Terceirona Gaúcha, o 2024 do Guarani começou com a eleição do presidente Eliomar Marcon e da nova diretoria. Durante a solenidade de posse, em fevereiro, também foi confirmada a parceria com um grupo de investidores polonês, encabeçados por Michael Wrzos e o representante local, Márcio Rosiak, o Márcio Polonês.
• A parceria durou até meados de maio, quando os parceiros estrangeiros abandonaram o clube e a diretoria precisou iniciar o planejamento praticamente do zero. “Eles queriam total controle financeiro, encerramos o acordo, de forma mutua, para proteger a instituição”, destaca Marcon.
• Em julho, Alexandre Bindé assumiu o comando da equipe que disputou a Terceirona Gaúcha. Por um gol marcado, o Índio foi eliminado na primeira fase da competição.
• Foram movimentados R$ 584 mil no caixa do Guarani em 2024. Para os gastos com o futebol, foram R$ 277 mil.