Ocorreu na quarta-feira, 16, no ginásio da Comunidade São Martinho de Vila Palanque, o 5º Fórum Municipal de Segurança e Soberania Alimentar na Agricultura, promovido pela Emater/RS-Ascar. O evento, que teve início com a abertura oficial pela manhã, contou com atrações relacionadas à educação alimentar, além de sete oficinas, exposição e comercialização de sementes crioulas, artesanato rural e agroindústrias.
Durante o fórum, que contou com a presença de mais de 300 pessoas, foram discutidos temas que promovem a autonomia dos participantes para conhecerem sobre plantas medicinais, além de aprenderem como e quando utilizá-las, bem como os seus benefícios para a saúde.
Conforme a extensionista rural social da Emater de Venâncio Aires, Viviane Röhrs, o evento superou as expectativas, pois mais de 300 pessoas estiveram presentes no fórum. “É muito importante quando a comunidade adere à ideia, e isso aconteceu. Eles abraçaram a temática proposta, por isso também foi um sucesso. O assunto é de interesse de muitas pessoas, pois trata de vivências e cultura transmitidas por gerações no interior”, comentou.
A primeira palestra da manhã foi conduzida pela assistente técnica regional da Emater/RS-Ascar de Passo Fundo, Doriana Gozzi Miotto, que abordou o tema: ‘As Plantas Medicinais no Cuidado com a Vida’. “As plantas medicinais podem ser utilizadas de diversas formas em preparações caseiras, como chás, xaropes, tinturas, pomadas, compressas e inalações. Além disso, os fitoterápicos podem ser encontrados em várias formas farmacêuticas: xaropes, cremes, pomadas, cápsulas e comprimidos”, comentou.
À tarde, foram realizadas oficinas que tiveram como objetivo a troca de experiências entre os profissionais e o público, incentivando um estilo de vida mais saudável. Entre os temas abordados estavam o relógio do corpo humano, a produção de mudas de plantas medicinais, produção de sabonetes esfoliantes de erva-mate e o uso de plantas medicinais no paisagismo, entre outros.
Uma das participantes do evento foi Luciana Althaus, de 61 anos, agricultora aposentada, representante do Clube de Mães Primavera de Vila Palanque e presidente do grupo da 3ª idade Sementeiras de Amor, da localidade. Luciana avaliou o evento de forma positiva e destacou a importância de compartilhar o conhecimento sobre plantas medicinais nas comunidades. “Falar sobre plantas medicinais é sempre importante, pois é um assunto de interesse para todos em termos de saúde. Na nossa comunidade, por exemplo, temos um horto medicinal ao lado da igreja. Práticas como essas são necessárias e muitas vezes esclarecem dúvidas das pessoas”, explicou.
O presidente da Comunidade São Martinho, Gleno Konzen, ressaltou a importância da realização do evento, tanto para o grande número de pessoas e também pelo assunto tratado durante o dia. “A nossa comunidade já trabalha assuntos com chás e plantas medicinais com o nosso horto e isso é interessante. É um assunto que tem potencial para ser explorado por outras pessoas também no município”, afirmou.
O 5º Fórum Municipal de Segurança e Soberania Alimentar na Agricultura teve o apoio das secretarias de Desenvolvimento Rural e de Saúde, Sicredi, Associação dos Produtores de Erva-mate do Polo Ervateiro dos Vales (Aspemva), Clube de Mães Primavera e Comunidade São Martinho de Vila Palanque e contou com a presença de autoridades como a vice-prefeita Izaura Landim, a presidente da Câmara Municipal dos Vereadores, Claidir Kerkhoff, secretário do Desenvolvimento Rural, Ricardo Landim, a gerente do Sicredi, Mara Frey, o representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), Luciano Walker, presidente do Sindicato Rural, Ornélio Sausen, além de representantes da comunidade e do Clube de Mães anfitrião. Além das autoridades, participaram da abertura o coral da localidade e o padre Cláudio José Kirch.
Ações principais de plantas medicinais
• Alcachofra: Digestiva, hepática, depurativa e diurética
Parte utilizada: Folhas, flores e raízes
Toxidade: Pode reduzir a lactação e dar sabor amargo ao leite
• Alecrim: Digestiva, hepática, estimulante, antisséptica e adstringente
Parte utilizada: Folhas
Toxidade: Pode causar gastroenterite e/ou nefrite em altas doses
• Tansagem: Anti-inflamatória, bactericida, antidiarreica e expectorante. As sementes são laxativas
Parte utilizada: Folhas e sementes
• Bardana: Emoliente, cicatrizante, diurética e depurativa
Parte utilizada: Folhas e raízes
• Carqueja: Diurética, digestiva, antisséptica e hepatoprotetora
Parte utilizada: Ramos
Toxidade: Não usar no período de floração, pois pode conter fungos
• Cavalinha: Cicatrizante, diurética, remineralizante e adstringente
Parte utilizada: Hastes e brotos verdes
Toxidade: Pode causar carência de Vit. B1 e depósito de silício no fígado
• Hortelã: Digestiva, vermifuga, antisséptica, analgésica
Parte utilizada: Folhas e flores
Toxidade: Em lactantes e crianças, o mentol dificulta a respiração
• Manjericão: Aperiente, digestivo, vermífugo, conservante natural, antisséptica e condimentar
Parte utilizada: Folhas e flores
• Melissa: Sedativa, digestiva, bactericida, problemas respiratórios
Parte utilizada: Folhas
Toxidade: Pode baixar demasiadamente a pressão
• Mil em Rama: Imunoestimulante, analgésica, anti-inflamatória, cicatrizante e digestiva
Parte utilizada: Folhas e flores
• Pariparoba: Cicatrizante, digestiva, depurativa, emoliente e analgésica
Parte utilizada: Raíz e folhas
Toxidade: É abortiva
• Pulmonária: Auxilia nos problemas respiratórios e expectorante
Parte utilizada: Folhas
• Pfaffia: Imunoestimulante
Parte utilizada: Raíz
Toxidade: Cautela na utilização, não combinando com medicamentos que contenham sais de ferro
• Sálvia: Digestiva, vermifuga, analgésica, antisséptica e condimentar
Parte utilizada: Folhas
• Linhaça: Laxativa suave
Parte utilizada: Sementes
Curiosidades das plantas medicinais em evidência nas oficinas
Ao longo da tarde de quarta-feira, o público do Fórum de Segurança e Soberania Alimentar na Agricultura foi dividido em sete grupos para oficinas sobre diferentes temas. O momento foi de troca de experiências e ensinamentos técnicos. As atividades incluíram assuntos como o Relógio do Corpo Humano, produção de mudas de plantas medicinais, sabonete esfoliante de erva-mate, espaço do cuidado, Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (Pics) no SUS, plantas medicinais no paisagismo e homeopatia na agricultura.
Uma das oficinas que integrou a programação foi sobre homeopatia na agricultura, conduzida pela extensionista rural da Emater de Boqueirão do Leão, Celita Peterson. A profissional demonstrou a produção do medicamento homeopático de calêndula, que pode ser utilizado para tratar feridas, queimaduras, cansaço e cicatrização. Esse medicamento pode ser usado tanto em humanos quanto em animais e vegetais.
Conforme Celita, o tratamento homeopático busca restaurar o equilíbrio e a energia vital do ser vivo, utilizando doses mínimas do medicamento para estimular diretamente o sistema imunológico. Dessa forma, o restabelecimento da saúde se inicia a partir do equilíbrio da energia vital, que reage aos sintomas e fortalece as defesas naturais.
Na atividade conduzida pela assistente técnica regional da Emater de Passo Fundo, Doriana Gozzi Miotto, foram tratados os assuntos da fitoterapia e o Relógio do Corpo Humano. “Os remédios caseiros, como chás, xaropes, compressas e tinturas, são elaborados com base no uso e no conhecimento tradicional sobre as propriedades benéficas das plantas medicinais. Esses conhecimentos, transmitidos de geração em geração, são muito importantes e hoje estão sendo resgatados por meio de estudos”, comentou. A profissional também comentou sobre a importância do uso correto das plantas medicinais, pois cada espécie tem uma ação diferente no corpo humano.