Em meio à rotina agitada, marcada por desafios pessoais e coletivos, há quem encontre na espiritualidade um caminho de alívio, força e esperança. São pessoas que procuram mais do que apenas encontros religiosos em cultos ou missas, pois as reuniões de grupos de oração e células espalhadas por Venâncio Aires se tornam espaços de acolhimento, partilha e fortalecimento da fé. Ali, pessoas se reúnem não só para rezar, cantar ou refletir sobre a palavra de Deus, mas também para construir vínculos e estender a mão ao próximo.
Para a jovem integrante da Igreja Batista da Paz, Adriele Bittencourt do Amaral, de 22 anos, a célula que frequenta serve não somente como um local de oração, mas também para fazer novas amizades e conhecer pessoas. A célula, denominada de Eleitos, recebe cerca de 12 jovens, que se reúnem uma vez na semana, nas terças-feiras, sem lugar fixo, mas na maioria das vezes na residência de um dos participantes.
Eles se reúnem para um momento de reflexão, que segundo Adriele, normalmente tem ligação com a mensagem que foi tratada nos cultos dos domingos. Além disso, é o momento de conversar sobre as respostas das orações e refletir sobre as ações pessoais.
Crescimento e amadurecimento
Também integrante da Igreja Batista da Paz no município, o morador do bairro Aviação, Roserlei Luis Porto, de 46 anos, atualmente coordena um grupo com 18 células de adultos e 14 células de crianças. Ele frequenta os cultos há 16 anos e, junto da esposa, Graziane Cristina Porto, exerce a função de pastor auxiliar.
Porto explica que, na maioria das vezes, o trabalho com as células acontece nas casas dos membros ou no próprio prédio da igreja. No entanto, segundo ele, a célula pode ser realizada em qualquer lugar: no ambiente social, no intervalo da empresa, na escola ou até mesmo em praças públicas. “Onde houver uma pessoa disposta a expressar a vida de Deus, ajudar outras pessoas a serem transformadas, crescerem na fé e viverem em comunidade, ali pode sim ser realizada uma célula”, ressalta.
Ao falar sobre o que este momento representa para ele, Porto resume em duas palavras: crescimento e amadurecimento.“Conheci a célula por meio de um ambiente de trabalho e, depois, fui gradativamente crescendo e amadurecendo na vida da igreja e na sociedade na qual estamos inseridos. Na minha família, isso deu muito certo”, compartilha.
Entre os pontos que destaca, estão os conhecimentos adquiridos ao longo dos anos de participação, bem como as experiências vividas com pessoas mais maduras, mais jovens e mais idosas. “São aprendizados que conseguimos transmitir também dentro da paternidade, de uma maneira muito mais efetiva”, afirma.
Ele também avalia de forma muito positiva os efeitos desses encontros como prática para a educação dos filhos, Davy Luis Porto e Yasmin Vitória Porto, ambos com 14 anos. Como forma de crescimento para eles, de direção, educação e um ensino mais claro e mais efetivo para a vida dos filhos.
“Grupo de oração é lugar onde nos abastecemos com o amor de Jesus”
Os encontros de grupos de oração ou células não ocorrem somente nas casas dessas pessoas religiosas. A Igreja Matriz São Sebastião Mártir recebe, todas as terças-feiras, a partir das 19h30min, o grupo de oração Jesus é o Senhor, da Renovação Carismática Católica (RCC), que conta com cerca de 100 pessoas.
Conforme o coordenador do grupo, Saul Zart, de 61 anos, a RCC é um movimento católico que busca uma experiência mais profunda da fé, especialmente por meio da vivência do Espírito Santo e dos dons carismáticos. Surgida nos Estados Unidos, na década de 1960, se espalhou pelo mundo, integrando elementos do pentecostalismo à tradição católica. Em Venâncio Aires, os momentos de fé e oração começaram nas casas dos fiéis, há mais de 30 anos e, posteriormente, passaram a ocorrer na igreja.
Há 26 anos, Zart participa dos encontros, nos quais é responsável pela parte musical. Para ele, esse momento é essencial para acalmar o coração e buscar a salvação. “Durante todos esses anos, é gratificante perceber que a oração faz a diferença na vida das pessoas. Seja na vida daqueles que nos procuram por estarem passando por dificuldades, seja na vida dos que frequentam semanalmente os encontros, simplesmente por se sentirem acolhidos”, observa.
Zart explica que, durante a celebração do grupo de oração, acontece a efusão do Espírito Santo, momento em que se busca uma renovação e um fortalecimento da vida espiritual, assim como no Pentecostes, relatado na Bíblia. “É frequentemente associada a um pedido específico a Deus, para que o Espírito Santo derrame seus dons e carismas sobre a pessoa, aprofundando sua fé e sua conexão com o divino”, detalha.
Ele acrescenta que, para quem participa, esse é um momento de transformação, no qual a pessoa pode experimentar uma maior sensibilidade à presença de Deus, aprofundar sua relação com Ele e receber dons para servir e evangelizar. O coordenador também lembra que todas as pessoas são bem-vindas para participar, todas aquelas que se sentirem confortáveis de conhecer a atividade.
Além de Saul, quem também frequenta o grupo de oração é Yolanda Diehl, de 74 anos, que participa há pelo menos 25 anos. Ela conta que, por meio do grupo, teve um encontro pessoal com Jesus. “Dele recebi água viva, o Espírito Santo, que transformou a minha vida, assim como aconteceu com a Samaritana, que foi buscar água no poço e teve um encontro pessoal com Jesus. Minha vida hoje é viver com Ele e para Ele. Sou católica praticante, frequento as missas semanais e, todas as semanas, também estou no grupo de oração. É o lugar onde nos abastecemos com o amor de Jesus”, ressalta.
A moradora do bairro Xangrilá, Beatriz Marli Weiland, de 43 anos, conta que sentia a necessidade de buscar ajuda espiritual de uma forma mais intensa. Foi então que, em julho do ano passado, decidiu conhecer o grupo. “A partir desse momento, minha vida entrou em um processo de transformação. Através do Espírito Santo, me tornei uma pessoa com mais coragem e disposta a encarar os problemas e desafios da vida com mais confiança”, compartilha