Presidente liquidante, Paulo Birck, e o superintendente administrativo e financeiro, Gustavo Marques, participaram da programação da Rádio Terra nesta sexta  (Foto: Marcos Jacobi/Terra FM)
Presidente liquidante, Paulo Birck, e o superintendente administrativo e financeiro, Gustavo Marques, participaram da programação da Rádio Terra nesta sexta (Foto: Marcos Jacobi/Terra FM)

Transparência e seriedade foram palavras de ordem para o grupo que liderou o trabalho de recuperação da Cooperativa Languiru, que está em liquidação extrajudicial desde julho de 2023. No sábado, 15, a entidade realizou uma assembleia geral ordinária e extraordinária na qual foi divulgado que 2024 encerrou com um resultado positivo de R$ 15,22 milhões e um faturamento de R$ 421 milhões no período.

“Hoje, a gente pode dizer que a Languiru está nos trilhos e, agora, gradativamente vamos colocar mais carvão e mais lenha, para ela tomar cada vez mais velocidade”, avaliou o presidente liquidante da cooperativa, Paulo Birck. Ele participou de entrevista nesta sexta-feira, 21, no programa jornalístico Terra em Uma Hora, da Terra FM 105.1.

Na oportunidade, ele também relembrou momentos de tensão vividos logo que assumiu a função, como a demissão de 2,5 mil colaboradores e o encerramento de alguns segmentos de negócios, e falou sobre a preocupação com o impacto social que essas decisões causaram na região. Birck considera os resultados alcançados no ano passado como uma “virada de chave” e salientou que a partir deles é possível concentrar as energias em outras demandas.

“Esse é o processo que estamos fazendo, sempre com humildade e com o pé no chão. Não nos aventurando, mas levando em conta o impacto social que isso pode gerar, e tendo transparência. Acho que esse é o principal marco da gestão até aqui. Prefiro pecar por excesso de transparência do que por omissão”, ressaltou. Ele também destacou a importância do associado voltar a confiar na cooperativa e das parcerias firmadas desde o início do processo de recuperação, que são tratadas como fundamentais para viabilizar os resultados atuais.

Credibilidade e planejamento

O superintendente administrativo e financeiro da Languiru, Gustavo Marques, também enfatizou durante a entrevista o papel crucial do planejamento estratégico para recuperar a confiança junto aos cooperados e aos credores. “Credibilidade foi um movimento e uma necessidade que desde o momento que assumimos recebeu atenção.”

Ele ainda informou que desde o início se buscou cumprir o que estava previsto no cronograma traçado. “A partir do momento que se apresenta qual vai ser o planejamento e se cumpre ele, se ganha força diante dos parceiros comerciais e dos associados. Precisamos demonstrar para o associado que a nossa cooperativa é viável e que precisamos que ele retorne para ela”, salientou.

Um exemplo dessa retomada de confiança citado por Marques diz respeito à última safra de milho, que foi comprada dos produtores e está paga. De acordo com Marques, um número significativo de agricultores de Venâncio Aires e da região comercializaram o grão à entidade. A expectativa dos dois é que isso se repita com a soja.

Hoje, a Cooperativa Languiru tem 5.221 associados. Entretanto, desse total, apenas de 1,5 mil a 1,6 mil estão ativos, ou seja, vendem a produção para a entidade. A intenção é direcionar esforços para recuperar os cooperados. Outra demanda importante e tratada como prioridade é a conclusão da negociação da planta do frigorífico de suínos, pois o valor será um aporte financeiro disponível para o fundo de liquidação e para o pagamento de credores que aderirem ao plano.

Na assembleia, também foi anunciada a negociação da Sede Administrativa da cooperativa, em Teutônia. “Provavelmente vai ser em novembro, quando a cooperativa completa 70 anos, que vamos deixar a Sede Administrativa e passar a operar em um prédio em frente, onde hoje funciona o Agrocenter Insumos”, explicou Marques.

Metas para 2025

  • Renovação do contrato com a JBS até 2028 (já realizada).
  • Aumento do abate de aves próprias, passando de 27 mil/dia para 40 mil/dia.
  • Elevação da captação de leite em 10% em relação a 2024.
  • Expansão da linha de produtos lácteos.
  • Ampliação das parcerias na fábrica de rações.
  • Prorrogação da proteção patrimonial durante a Liquidação Extrajudicial.
  • A partir de abril, também está previsto um novo edital de leilão reverso para credores, permitindo novas adesões ao plano de pagamento.
    (Fonte: AI Languiru)

Dívidas

  • De acordo com o presidente liquidante, Paulo Birck, a cooperativa conseguiu diminuir em 2024 cerca de R$ 110 milhões da dívida. “Lá atrás noticiamos que essa dívida passava um pouco de R$ 1,1 bilhão. Então, conseguimos fazer uma redução significativa neste primeiro ano. Saindo, também, de um prejuízo no exercício de 2023 de quase R$ 450 milhões para um resultado de R$ 15 milhões. Isso mostra essa virada de chave”, definiu.
  • “Em outubro de 2024, os principais negócios da cooperativa passaram a dar resultado. Nós conseguimos apresentar esse resultado de R$ 15 milhões, que é um resultado contábil, mas também de exercício. Abrimos 2025 com as plantas operando otimizadas e melhorando e ampliando os negócios, o que nos dá uma expectativa muito boa para o exercício de 2025”, projetou Marques.

Auditoria independente

  • Conforme a assessoria de imprensa da Cooperativa Languiru, a assembleia realizada no último sábado também contou com a apresentação do Conselho Fiscal sobre o Relatório Especial apresentado pela auditoria independente, que analisou os anos de 2018 a 2022. O relatório também foi encaminhado ao Ministério Público.
  • Até o momento, a análise realizada pelo conselho demonstra que não houve favorecimento dos associados cujos os nomes foram mencionados pela auditoria. A partir desta segunda-feira, 24, o associado pode fazer o agendamento para analisar o relatório completo e o complementar do Conselho Fiscal, junto à Sede Administrativa.

Confira a entrevista na íntegra: