Inclusão de novos serviços é a alternativa para ampliar HSSM

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Ainda que seja um cenário pouco incomum para os meses de abril e maio, o Rio Grande do Sul tem visto hospitais sempre lotados nas últimas semanas, com pacientes doentes por vários motivos. Em Venâncio Aires não é diferente, tanto que na última semana o Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) extrapolou sua capacidade de leitos e registrou superlotação.
Mesmo com esse cenário de demanda muito além do normal, qualquer pessoa que procure pelo serviço de saúde vai sempre cobrar agilidade e, por isso, cresceram as queixas sobre a demora na porta de entrada do pronto atendimento público, seja do HSSM ou da Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

Na tentativa de dar maior fluidez ao atendimento, um novo consultório com médico, técnico em Enfermagem e enfermeiro está funcionando desde ontem na UPA. O local é considerado ideal para situações que não requerem urgência, mas reforçar a estrutura da unidade do bairro Cruzeiro também passa por outro motivo: o Pronto Atendimento (PA) do HSSM não tem mais espaço, o que levantou novo debate sobre a necessidade de ampliação do hospital.

Mas, quando se fala em ampliação, o administrador do HSSM, Luís Fernando Siqueira, pondera que não se trata simplesmente de construir mais área ou comportar mais leitos. “Não se fala sobre ampliar PA ou leitos. Até porque precisaria de mais médicos, mais funcionários, mais adequações físicas, mais receita.”

Siqueira explica que as discussões sobre ampliação tratam da necessidade de o hospital explorar atividades que agreguem novos serviços e tragam receita, como a reestruturação do Centro de Diagnóstico de Imagem (CDI) para a implementar a ressonância magnética. A parceria foi acordada para 10 anos e estipula que o hospital terá um percentual sobre o faturamento dos exames, o que, inicialmente, será usado como reembolso para a empresa que faz a obra. A estimativa é que em quatro anos esse percentual vire receita para as finanças da instituição.

Outro exemplo é o espaço onde funciona a hemodiálise. A ampliação vai dobrar a área atual, com estrutura para o segundo andar do hospital. A Cuidare, empresa que mantém o serviço em Venâncio, vai se responsabilizar pelos custos, além de contar com uma emenda de R$ 300 mil indicada pelo deputado federal Pompeo de Mattos (PDT). Como é outra obra que ficará como patrimônio, o hospital ‘devolverá’ parte do valor descontando do aluguel.

A atual área construída do HSSM é 11,3 mil metros quadrados. São 114 leitos, entre SUS e particulares, mas nem todos estão disponíveis para a população em geral, porque há aqueles que são para situações específicas, como berçário e maternidade.

Ambulatório

Ainda no ‘campo da ideia’ está a construção de um ambulatório do Sistema Único de Saúde (SUS), onde hoje estão as capelas mortuárias Paul Harris. O local está interditado desde janeiro e, conforme Luís Fernando Siqueira, a estrutura piorou desde então e o prédio deve ser derrubado. “Não seria exatamente uma extensão do PA, porque no ambulatório seriam consultas agendadas. Se tivesse uma parceria com Prefeitura para construir e a Univates trazer médicos, seria um sonho”, projeta o administrador.

Capelas mortuárias, interditadas devido a problemas estruturais, devem ser demolidas e o objetivo é construir um ambulatório no local (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Terreno na quadra dos fundos deve ser vendido ou alugado

Em 2015, o presidente do hospital na época, Oly Schwingel, apresentou um projeto de ampliação, explorando mais de 3 mil metros quadrados de terreno entre as ruas Visconde do Rio Branco e 1º de Março, doados pela Prefeitura. A ideia incluía novos prédios que seriam unidos à atual estrutura através de uma passarela suspensa, mas naquele momento já se considerava um projeto arrojado, que demandaria muito investimento e algo para 15 ou 20 anos. Nesse meio tempo, o agravamento da crise financeira do HSSM e a pandemia esfriaram qualquer mobilização para tocar o projeto.
Hoje, a diretoria do hospital estuda outras alternativas de utilização. “Vender por vender para iniciativa privada não é a ideia. Porque esse recurso aliviaria momentaneamente o déficit, mas acabaria logo. Então o ideal seria que essa venda ou aluguel gere serviços para o hospital. Que uma Unimed ou uma universidade usem com atividades que podem ser absorvidas pelo hospital”, destaca Luís Fernando Siqueira.

Alta complexidade

O prefeito Jarbas da Rosa também destaca a importância de agregar serviços. “Esse espaço deve ser usado em parceria, com alguma empresa ou universidade. Talvez até num edifício-garagem, devido à dificuldade de estacionamento no entorno do hospital. Mas que seja um negócio que agregue serviços rentáveis e de qualidade para a população.”

O prefeito cita que as atividades que podem contribuir para isso são as consideradas de alta complexidade. “Temos que trabalhar para trazer serviços de alta complexidade, de referência para a região. Isso já acontece com a nefrologia, vai acontecer com a ressonância magnética, com a UTI Pediátrica e com um ambulatório para procedimentos eletivos e de ginecologia.”

Jarbas comenta ainda que outros investimentos serão necessários. “A hemodiálise está com a capacidade esgotada e será aumentada. Temos apenas um leito pediátrico clínico e com a UTI isso deverá ser revisto. Temos uma demanda no PA, mas com a limitação do espaço, a alternativa foi a UPA. Então tem muita coisa de planejamento a médio e longo prazo, para dar conta também de futuras internações que podem vir com esses novos serviços.”

Ampliação de leitos

O HSSM tem 114 leitos, entre SUS e particulares, mas desse total nem todos estão disponíveis para a população em geral, porque há aqueles que são para situações específicas, como é o caso do berçário e da maternidade. Do que se pode usar, são considerados os leitos de internação clínica, cirúrgica e da unidade mental. Os 10 leitos de UTI também estão sempre ocupados, já que a unidade é regulada pelo Estado.

Ampliar o número de leitos foi outro ponto levantado pela comunidade nos últimos dias. Mas, segundo o administrador do HSSM, vários fatores precisam ser considerados. Um deles é a real necessidade, já que a maior parte do ano a ocupação está em torno de 60%. “A literatura médica diz que um hospital com menos de 80% de ocupação não paga sua estrutura e acima de 85% já oferece risco na qualidade de atendimento.”

Conforme Luís Fernando Siqueira, o HSSM oferece um espaço para comportar mais leitos (antiga pediatria), mas o local requer muito investimento em infraestrutura. “Todo quarto hoje precisa ter banheiro e fora uma série de exigências sanitárias. Então espaço para mais leitos tem, mas precisaria de adequações e ver se essa estrutura realmente seria necessária para outros momentos do ano além dos meses frios.”

A ideia inicial para a antiga pediatria, aliás, seria usá-la como novo setor da Saúde Mental. No entanto, a Vigilância Sanitária negou a proposta do hospital porque ela não atende às exigências, como ter um refeitório próprio, por exemplo. Assim, numa pequena parte dessa ala está sendo construída uma área para o corpo clínico.

O administrador explica que a ‘mesma regra’ vale para o setor administrativo, no 1º andar pela rua Tiradentes. Com a futura mudança desse setor para o quarto andar da UTI, a ideia é utilizar o espaço de outra forma. “São salas que não têm banheiro e não têm saída para oxigênio, então transformar em quarto simplesmente não dá. A ideia é também trazer algum serviço, alguma clínica médica para alugar o espaço.”



Débora Kist

Débora Kist

Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) em 2013. Trabalhou como produtora executiva e jornalista na Rádio Terra FM entre 2008 e 2017. Jornalista no jornal Folha do Mate desde 2018 e atualmente também integra a equipe do programa jornalístico Terra em Uma Hora, veiculado de segunda a sexta, das 12h às 13h, na Terra FM.

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